A importância da economia espanhola para o capital latino-americano não parou de crescer nos últimos anos. Espanha se consolidou como o segundo destino mundial para o capital proveniente da América Latina, após os Estados Unidos. O investimento aumentou em mais de 20.000 milhões de euros durante a última década, de acordo com os dados do relatório Global Latam 2024, realizado pelo Instituto Espanhol de Comércio Exterior (Icex) e pela Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), apresentado nesta quarta-feira em Madrid. Seguindo essa tendência, apesar do clima de incerteza não apenas regional, mas também global, as empresas aumentaram seus gastos para 2.835 milhões de euros em 2023, um aumento de 138% em relação ao ano anterior.
O relatório do Icex destaca que, em conjunto, a região da América Latina é a quarta maior investidora na Espanha, com um volume acumulado desde 1993 de 66.883 milhões de euros. Apenas os Estados Unidos, Reino Unido e França investiram mais na Espanha durante esse período, enquanto importantes parceiros econômicos europeus, como Alemanha ou Itália, ficaram para trás. A diretora executiva do Icex, Elisa Carbonell, enfatizou o posicionamento da Espanha como base estratégica para a expansão das empresas ibero-americanas a outros mercados europeus ou do norte da África: “A colaboração e a troca de conhecimento podem gerar sinergias e fortalecer as relações econômicas entre ambas as regiões”, comemorou.
Essa afirmação é evidenciada no relatório, uma vez que 70% dos investidores latino-americanos destacam a localização geográfica como um dos pontos-chave para se estabelecer no país, atrás apenas do idioma e da proximidade cultural (78% das empresas pesquisadas).
Andrés Allamand, secretário-geral da Segib, destacou que os dados econômicos de 2023 superaram as expectativas do início do ano, graças a números econômicos que apontam para um ano de consolidação do Investimento Estrangeiro Direto da América Latina para o exterior, com 47.743 milhões de dólares (cerca de 44.000 milhões de euros). Isso se soma ao aumento dos fluxos de investimento em fusões e à evolução positiva dos investimentos latino-americanos em projetos greenfield (o anglicismo com o qual se referem aos investimentos em novas plantas), que são os mais interessantes em termos de criação de emprego, riqueza e alto valor agregado.
Quanto aos países de origem do capital, o relatório destaca que o investimento latino-americano na Espanha está principalmente concentrado no México, que detém 33.096 milhões de euros em investimentos desde 1993, 49,5% do total. No ano passado, essa cota foi até ultrapassada, pois 58% do dinheiro proveniente da América Latina era mexicano (1.645 milhões, em termos absolutos). Isso o torna o principal país de renda média por investimento na Espanha, muito à frente de qualquer outro país emergente ou de renda média, incluindo a China, que é a segunda maior economia do mundo.
Em segundo lugar, em termos de investimento acumulado, está a Argentina, com 10.337 milhões (15,5% do total). Em seguida, Brasil, com 6.904 milhões (10,3%), e Colômbia, com 4.492 milhões (6,8%). O documento destaca que um total de 20 países da região latino-americana possuem investimentos na Espanha, constituindo uma importante comunidade empresarial com mais de 600 empresas e 47.000 empregos diretos gerados.
Em termos de número de projetos, não de volume de investimento, o principal investidor latino-americano na Espanha é a Argentina, com 71 projetos, embora o México esteja muito perto, com 70 projetos. No entanto, este último possui investimentos de maior porte, com a implantação de multinacionais como Cemex ou Bimbo. Enquanto a Argentina possui uma base de empresas na Espanha composta por PME e empresas emergentes.
