O rosto latino de Anya Taylor-Joy.

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Em 2021, Anya Taylor-Joy teve a honra de se juntar à lista de personalidades que foram anfitriãs do icônico programa de comédia Saturday Night Live, e aproveitou a oportunidade para lembrar ao público que é orgulhosamente hispanófona. Ao finalizar seu monólogo, a atriz – que na época estava ganhando reconhecimento por seu trabalho na aclamada série The Queen’s Gambit – pediu para concluir em seu idioma nativo, e mostrou um impecável sotaque argentino que emocionou a comunidade latina.

Anya-Josephine Marie Taylor-Joy, que acabou de estrear o novo filme de George Miller, Furiosa, tem um pai argentino de ascendência americana e escocesa, e uma mãe nascida na Zâmbia com ascendência inglesa e espanhola. Embora tenha nascido em Miami devido ao fato de seus pais estarem de férias na cidade, ela viveu toda sua infância até os seis anos em Buenos Aires, Argentina, e frequentou uma escola bilíngue, antes de sua família se mudar para Londres, na Inglaterra. A experiência, ela conta, não foi agradável e até evitou aprender inglês para convencer seus pais a voltarem para a Argentina.

Em uma entrevista ao jornal Standard, ela refletiu sobre seu processo de adaptação: “Quando era mais jovem, eu não me encaixava em lugar nenhum. Era muito inglesa para ser argentina, muito argentina para ser inglesa, muito americana para ser qualquer coisa”. Ela afirmou ter sofrido bullying por ser estrangeira e por sua aparência física, o que agora a tornou uma das atrizes mais reconhecíveis da indústria.

Ela mesma atribui a esses problemas da infância o fato de que seu sotaque pode se adaptar facilmente ao local em que ela se encontra. Ela afirma que na Inglaterra soa mais inglesa e que na Irlanda ajusta a forma como fala: “É realmente difícil para minha vida pessoal, mas para atuar é incrível”.

Apesar de sua origem latina, a atriz não costuma interpretar papéis de personagens latinos em Hollywood. Seu primeiro papel – e o que a colocou imediatamente em evidência – foi no filme de Robert Eggers, The Witch, onde interpretou a filha adolescente de um casal inglês. Em uma entrevista para a revista Vulture, Taylor-Joy afirmou que se identifica como latina (particularmente latina branca), mas é “cuidadosa” ao se candidatar para papéis de latinos. “Eu sou consciente de que não pareço com uma pessoa latina típica e isso não é justo. Eu não quero ser alguém que só possa ser usada para esse papel, quando na verdade sou branca e loira”.

Em 2021, quando a revista Variety fez um perfil sobre a atriz, destacou que ela era a “primeira pessoa de cor a vencer o Globo de Ouro de melhor atriz em minissérie desde Queen Latifah em 2008”, o que imediatamente gerou reações negativas por parte de usuários na internet que ressaltaram que a atriz não era uma pessoa “de cor”. Isso lembra que o espanhol Antonio Banderas também foi apontado por alguns meios de comunicação como um “ator de cor” após ser indicado ao Oscar por seu trabalho no filme Dor e Glória de Pedro Almodóvar. Banderas não se identifica como pessoa de cor, no entanto, em uma entrevista com Jorge Ramos, afirmou: “Quando fui aos Estados Unidos, me identifiquei como latino, porque eram as pessoas com quem me conectava”. Ele também explicou que durante um registro oficial nos Estados Unidos indicou ser “branco”, mas que lhe disseram que na realidade era “hispano”, ao que ele respondeu “hispano não é uma raça”.

Isso evidencia como o tema da identidade pode ser complexo para os hispanófonos nos Estados Unidos. Enquanto muitas pessoas na América Latina têm ascendência indígena ou mestiça, outras são predominantemente brancas. Na Argentina, de onde é originário o pai de Taylor-Joy, 97% da população tem ascendência europeia, dos quais 56% também têm ascendência indígena ou mestiça. Na Espanha, de onde é sua mãe, a maior parte da população é branca. No entanto, em Hollywood, é comum classificar como latino qualquer pessoa de língua espanhola.

O fato de Taylor-Joy poder falar espanhol chama a atenção dos fãs latinos. Um de seus vídeos mais virais é aquele em que ela admite que seus alimentos favoritos são “churros com doce de leite, pão de provolone e empanadas, que não são tão comuns nos Estados Unidos”. Sobre seu vínculo com seu país e o amor que os argentinos têm por ela, a atriz afirma: “A ideia de que as pessoas na Argentina me amam dessa forma e querem que eu as represente me faz chorar”.

Alex Barsa

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