Ayuso condecorará Milei, que insulta novamente Sánchez antes de viajar a Madrid chamando-o de “covarde”

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Isabel Díaz Ayuso, presidenta da Comunidade de Madri, receberá na sexta-feira o presidente da Argentina, Javier Milei, a quem concederá a Medalha Internacional da comunidade autônoma, conforme anunciado pelo porta-voz do mandatário, Manuel Adorni. A presidenta madrilenha já se alinhou com o presidente argentino na recente crise diplomática entre os dois países, ao justificar seus excessos contra o chefe do governo com o argumento de que o ministro dos Transportes, Óscar Puente, que sugeriu que Milei consumia drogas, o havia “difamado primeiro”.

O governo decidiu manter as deferências protocolares em relação ao chefe de Estado argentino durante a visita que iniciará na sexta-feira, apesar de seus repetidos insultos a Pedro Sánchez, segundo fontes governamentais. Assim como fez em sua visita anterior, em 17 de maio, Milei solicitou permissão para que seu avião oficial pudesse pousar na base aérea de Torrejón de Ardoz (Madri) na sexta-feira e sua equipe de segurança estivesse autorizada a portar armas. O governo, segundo as fontes consultadas, concordou com ambas as solicitações e o Ministério do Interior será responsável pela segurança.

Embora o ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares, tenha avisado que seriam revisadas as facilidades concedidas ao presidente argentino em sua visita anterior, depois que ele se manifestou em um comício do Vox rotulando de “corrupta” a esposa de Sánchez, Begoña Gómez, e de “gente de má qualidade grudada no poder” ao próprio presidente, o governo optou por não escalar a crise diplomática ao dificultar a visita de Milei. Após os insultos deste, o governo convocou a embaixadora espanhola em Buenos Aires para consultas e depois a retirou definitivamente.

Apesar desse gesto de hospitalidade, Milei não parou em seus ataques ao governo espanhol. Em entrevista ao canal argentino Tele Noticias, menos de 72 horas antes de pousar em Madri, Milei declarou na terça-feira: “O covarde mandou todos os ministros me insultarem”. “Quem é o covarde?”, perguntou-lhe o entrevistador. “Sánchez”, respondeu.

“Começou com esse do Transporte”, continuou Milei, referindo-se ao ministro Óscar Puente, “e, como eu não respondia, mandou as mulheres me agredirem, para depois me chamar de misógino, como não respondi, ele mesmo se juntou”. “O que ele está avançando em relação à liberdade de expressão está claro que é o modelo de Maduro que ele está aplicando. O que aconteceria se eu fizesse isso aqui? O que toda a turma progressista faria?”, acrescentou.

O presidente argentino se referia aos insultos do ministro Puente a Vito Quiles, candidato da organização de extrema direita Se Acabó la Fiesta nas últimas eleições europeias. “Minha solidariedade ao jornalista espanhol Vito Quiles, que está sendo perseguido pelo governo de Pedro Sánchez”, escreveu Milei nas redes sociais. Suas palavras de solidariedade a este ativista ultra visavam, na verdade, minimizar seus próprios ataques aos jornalistas argentinos críticos a ele, dos quais disse serem “muito sujos”.

Os novos insultos de Milei a Sánchez ocorreram depois que a porta-voz do governo, Pilar Alegría, o alertou na terça-feira. “Desconhecemos a agenda do presidente da Argentina, mas se a viagem se concretizar, espero que durante suas declarações mantenha respeito ao povo da Espanha e suas instituições”, disse.

A medalha da Comunidade de Madri não é a única condecoração com a qual o presidente argentino será distinguido, pois sua visita a Madri tem o objetivo de receber o prêmio anual do Instituto Juan de Mariana “por sua defesa das ideias de liberdade”.

Por sua vez, a Medalha Internacional da Comunidade de Madri é concedida, por iniciativa pessoal da presidente da comunidade e por decreto, “como gesto de cortesia e reconhecimento […] aos representantes de outros países e aos máximos dignitários de organismos internacionais e da União Europeia, em visita oficial à Região por sua atuação institucional”. Antes de Milei, essa medalha foi concedida a Daniel Noboa, presidente do Equador; Volodímir Zelenski, presidente da Ucrânia; ou ao presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. Este prêmio não será o único com o qual Milei será distinguido em Madri.

Embora esteja há apenas seis meses no cargo, a nova turnê europeia do presidente argentino, que no último fim de semana participou da cúpula do G-7 em Bari (Itália), será uma sucessão de prêmios e reconhecimentos. De Madri, ele viajará para Hamburgo, onde será reconhecido pela Associação Hayek; e depois para Praga, para receber um prêmio do Instituto Liberal Checo. Estava previsto que Milei tivesse uma reunião bilateral com o chanceler alemão, Olaf Scholz, que acabou não ocorrendo.

Alex Barsa

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