A seleção argentina já conhece seu adversário nas quartas de final da Copa América: o Equador, que neste domingo eliminou o México com o empate 0-0 e terminou em segundo no Grupo B. O jogo será na quinta-feira, às 22h, em Houston. Assim que a chave foi definida, começaram as análises e projeções. O que o time comandado por Lionel Scaloni terá pela frente? Algo que já está no caderno do treinador da Argentina, que enfrentou recentemente os equatorianos: 1-0 nas eliminatórias, em setembro passado, e há três semanas, em um amistoso de preparação (1-0), em Chicago.
O Equador está passando por muitos altos e baixos na competição. As dúvidas surgiram com a derrota para a Venezuela por 2-1 na primeira partida. Não havia margem para erro para a equipe comandada pelo espanhol Félix Sánchez Bas, que soube reagir. A vitória contra a Jamaica por 3-1 reposicionou o time, e no domingo à noite concluíram o trabalho com um jogo árduo contra os mexicanos. Os equatorianos resistiram, sofreram e atacaram quando puderam. O México teve oportunidades, mas não conseguiu finalizar o jogo. No final, vieram as reclamações por um pênalti – bem anulado – através do VAR.
Félix Torres cortou uma oportunidade clara de gol de Guillermo Martínez, que sofreu um golpe e caiu na área. O árbitro guatemalteco Mario Escobar não hesitou e marcou pênalti. No entanto, o juiz recebeu a ligação do VAR do argentino Silvio Trucco e, ao observar que não houve falta e que o defensor afastou a bola sem tocar na perna do adversário, anulou a penalidade.
O Equador tem jogadores com boa técnica e experiência internacional, mas com certa desordem tática que costuma prejudicá-los. Sánchez Bas, na coletiva de imprensa, falou sobre o jogo contra a Argentina. “Vamos jogar contra o atual campeão do mundo e da Copa América; então, sabemos que não há adversário melhor do que este hoje em dia. Sabemos da dificuldade que terá esse jogo”, disse o treinador.
Apesar da classificação, Sánchez Bas sabe que está contra a parede. “Soubemos sofrer para conseguir a classificação. Meus jogadores vão dar tudo contra a Argentina”, afirmou.
No outro jogo do Grupo B, a Venezuela terminou em primeiro lugar após a vitória por 3-0 sobre a Jamaica, assim como o México, eliminado do torneio. A equipe dirigida pelo argentino Fernando Batista é a surpresa do torneio. Com pontuação ideal, eles enfrentarão o Canadá na próxima fase.
Mas o foco para a Argentina daqui para frente será o Equador. O impacto contra a Venezuela doeu muito para a equipe equatoriana. Assim como a expulsão de sua estrela, Enner Valencia. O elenco suportou duras críticas. O treinador deixou claro. “As pessoas podem falar o que quiserem e é respeitável. Eu me concentro no meu trabalho. Acho que a seleção está sendo tratada de forma injusta. Estes jogadores estão dando uma lição, se envolvem e querem fazer as coisas bem. Não perco minha energia com isso. Vivemos a polêmica dos meios de comunicação. O jogador também merece respeito. Realmente sentimos que não temos o apoio das pessoas”, disse Sánchez Bas.
São tempos em que o Equador busca estabilidade na seleção, que está em quinto lugar, com oito pontos (também foram subtraídos 3 pontos devido à má inclusão de um jogador), nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Por isso, em março de 2023, arriscou a contratação de Sánchez Bas, formado na escola de futebol do Barcelona, na Espanha, e com experiência na seleção nacional do Catar.
A chegada de Sánchez Bas revolucionou o mundo do futebol no Equador. Não foi do agrado de muitos. Principalmente daqueles historicamente ligados à seleção. Por enquanto, ele é observado com desconfiança. O jogo não decola, apesar da angustiante classificação nos Estados Unidos.
“Tentamos ganhar o jogo, mas bem… Às vezes é preciso sofrer para obter o resultado. Sabíamos que o empate nos servia. Fizemos isso. Acredito que podemos melhorar”, foram as primeiras palavras de Enner Valencia, um dos mais questionados nas redes sociais.
O Equador precisava da classificação. Tanto que, assim que conseguiu, o presidente da nação, Daniel Noboa, saudou a equipe por meio de X. “O país, em meio ao conflito em que se encontra, precisava dessa grande alegria”, foram algumas de suas palavras.
A Copa América sempre foi um campeonato complicado para o Equador. De fato, em suas 29 participações anteriores, em apenas quatro passaram da primeira fase. A melhor campanha foi em 1993, como anfitrião, quando chegaram às semifinais, vencendo o México.
“Estou muito feliz e quero parabenizar meus colegas, porque sabemos que sofremos muito. Como se viu em muitas partes do jogo, fomos buscar os três pontos, mas também sabíamos que com o empate nos classificaríamos e é o que merecemos”, concluiu Valencia.
O Equador aparece no caminho argentino e outra estatística preocupa o Tricolor: eles não vencem uma equipe sul-americana no torneio desde 2001 (4-0 contra a Venezuela); desde então, todas as vitórias da seleção foram contra adversários da Concacaf. Ao todo, são 21 jogos contra equipes da Conmebol sem vitórias na Copa América, com seis empates e 15 derrotas.