Milei evita Lula em sua primeira visita ao Brasil e diz que Bolsonaro é vítima de perseguição – NEP

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O presidente argentino, Javier Milei, fez sua primeira visita ao Brasil no domingo e ignorou completamente seu homólogo, Luiz Inácio Lula da Silva. Não apenas não se encontrou com ele, nem sequer o mencionou em seu discurso esperado na CPAC, a convenção da extrema direita que aconteceu no fim de semana em Balneário Camboriú, onde foi recebido como uma estrela. Milei abraçou calorosamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e não escondeu sua afinidade pessoal, mas teve o cuidado de não aumentar a tensão em sua relação com Lula, a quem atacou várias vezes nas últimas semanas. Seus admiradores brasileiros receberam o argentino com gritos de “Lula ladrão, seu lugar é na prisão” e Milei respondeu com um sorriso cúmplice. Nada mais.

Milei preferiu apresentar um discurso teórico tranquilo sobre os males do socialismo do século XXI e suas fórmulas para reconstruir a Argentina, mas os presentes esperavam mais. Uma das poucas concessões que fez à plateia foi dizer que o “amigo Jair Bolsonaro” sofre uma “perseguição judicial”. Ele mencionou isso de passagem enquanto discutia a “farsa” do golpe na Bolívia ou a “ditadura sanguinária” da Venezuela.

Também não houve menções aos dezenas de bolsonaristas envolvidos na tentativa de golpe em Brasília em 8 de janeiro de 2023 e que fugiram para a Argentina para escapar da justiça brasileira. Para a extrema direita brasileira, eles são “exilados políticos”. Minutos antes de Milei subir ao palco, os apresentadores do evento pediram para não esquecê-los, mantê-los sempre em mente. O presidente argentino os ignorou solenemente. Quando o governo brasileiro pediu a lista dos fugitivos alguns dias atrás, a Argentina a entregou sem problemas. Ninguém na convenção parecia se lembrar desse detalhe.

Milei subiu ao palco no momento em que já se sabia que a extrema direita havia fracassado nas eleições na França, mas também preferiu evitar o assunto. “Ventos de mudança estão soprando pelo mundo. As ideias do socialismo empobrecedor falharam e as pessoas sabem disso (…) estão desaparecendo, e vamos tirá-los de todos os lugares aonde estiverem”, afirmou em um dos poucos momentos em que elevou o tom.

Brasil e Argentina são os dois motores do Mercosul, que está celebrando sua cúpula de chefes de Estado na segunda-feira, mas Milei não comparecerá alegando ter uma agenda lotada. No domingo, ele passou o tempo em seu hotel na orla de Balneário Camboriú com Bolsonaro e amigos. Ele estava acompanhado pelo porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni; pelo ministro da Defesa, Luis Petri; e por sua irmã inseparável, Karina, secretária geral da Presidência.

Das mãos de Bolsonaro, Milei recebeu um presente muito especial, a medalha das três ‘i’: “imbrochavél, imorrível, incomível”. Embora seja difícil de traduzir, seria algo como “aquele que não falha, o que não morre, o que não pode ser enganado”. É uma piada que diverte muito a Bolsonaro. Milei também teve tempo para se encontrar com o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, um destacado bolsonarista, e com empresários da federação de indústrias regional. Na noite de sábado, ele assistiu junto com Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à eliminação do Brasil da Copa América nos pênaltis contra o Uruguai.

O discurso do líder argentino marcou o encerramento de uma CPAC marcada pelo clima eleitoral. O Brasil terá eleições municipais em outubro e muitos dos presentes eram candidatos ultradireitistas de pequenas cidades em busca de contatos, novas ideias e visibilidade nas redes sociais. Entre os palestrantes estrangeiros do domingo, destacou-se o ministro da Justiça e Segurança Pública de El Salvador, Gustavo Villatoro, o arquiteto da política de mão dura de Nayib Bukele. Ele orgulhosamente comentou que não para de receber emissários do Peru, Argentina, Honduras ou Guatemala que desejam replicar sua fórmula para acabar com a insegurança. “Dissemos a todos os nossos amigos da América Latina que nossa experiência está disponível para todos”, afirmou. Apesar das filas e da organização caótica, a edição brasileira da convenção ultradireitista se despede após esgotar os 3.500 ingressos à venda, com uma legião de fiéis dispostos a voltar.

Alex Barsa

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