Atualmente, aos 73 anos, ele é um símbolo dos crimes cometidos durante a última ditadura militar na Argentina (1976-1983). Alfredo Astiz cumpre pena de prisão perpétua por sequestros, torturas e assassinatos. Suas vítimas incluem três Mães da Praça de Maio que, em 1977, buscavam por seus filhos desaparecidos; além das freiras francesas Alice Domon e Léonie Duquet. Sua estadia na prisão federal de Ezeiza, juntamente com a de outros criminosos de lesa-humanidade, foi marcada na última semana pela visita de deputados nacionais do partido La Libertad Avanza, liderado pelo presidente Javier Milei. O encontro foi repudiado pela oposição política e por organizações de direitos humanos. Inclusive gerou tensão dentro do governo.
No Dia da Independência argentina, em 9 de julho passado, Milei e a vice-presidente, Victoria Villarruel, desfilaram com as forças armadas e se mostraram a bordo de um tanque de guerra. Ambos são porta-vozes de um discurso negacionista do terrorismo de Estado perpetrado pela ditadura, do qual Villarruel, filha e neta de militares, é uma militante ativa.
Dois dias depois, seis legisladores “libertários” viajaram até o presídio de Ezeiza, na região metropolitana de Buenos Aires. A delegação foi liderada, segundo revelou um portal de notícias, por Beltrán Benedit e contou com a participação de Lourdes Arrieta, Alida Ferreyra, María Fernanda Araujo Guillermo Montenegro e Rocío Bonacci, deputados do partido no governo. Além de Astiz, o encontro teria incluído outros criminosos que atuaram no centro clandestino da Escola de Mecânica da Armada, como Adolfo Donda, Antonio Pernías e Carlos Suárez Mason.
A visita à prisão provocou divergências internas dentro do partido La Libertad Avanza. Em uma mensagem para se defender das críticas, o deputado Benedit justificou o que chamou de “visita humanitária” e negou ter se encontrado com repressores. Afirmou que o propósito é divulgar um documento apontando que “não são respeitados os direitos humanos, pois aqueles que eram parte (terroristas) hoje se tornam juízes e julgam com base na vingança, na ideologia e nos negócios”. Ressaltou que existem “heróis da [guerra das] Malvinas” detidos e que “há presos há mais de 20 anos sem uma sentença firme”.
Um clamor constante dos setores que se opõem ao julgamento dos crimes do terrorismo de Estado é que os presos possam sair da prisão e cumprir a pena em suas casas. Os últimos dados oficiais mostram que, desde o início dos julgamentos há 17 anos, foram investigadas 3.746 pessoas e julgadas 1.359. Desses, 1.176 foram condenados e 183 absolvidos. Atualmente, há 661 detidos, 1.491 em liberdade e 36 foragidos. Entre os detidos, 508 obtiveram prisão domiciliar, enquanto 91 estão em estabelecimentos penitenciários e 62 em outras dependências.
“Historias que Inspiran” – Visite nossas redes sociais para mais conteúdos como esse. Assine nossa newsletter para ficar atualizado semanalmente.