No horário do almoço na redação do jornal EL PAÍS, Mateo Palacios Corazzina, conhecido artisticamente como Trueno (Buenos Aires, 22 anos), decide entrar na fila. Enquanto aguarda juntamente com seu grupo, composto por quatro jovens de sua idade e Pedro Peligro, ativista argentino de hip hop e pai do cantor, todos se preparam para esperar um bom tempo. Apesar disso, Trueno toma a decisão de não sair para um restaurante, optando por permanecer no local. Sentados à mesa do refeitório, o rapper passa despercebido em meio ao movimento, ligado ao bairro de La Boca, mas reconhecido como uma das vozes mais influentes da música urbana latino-americana.

Em maio, Trueno lançou um novo álbum intitulado “El último baile”, em que mostra sua evolução artística mantendo sua identidade de jovem do bairro. Com raízes profundas em La Boca, Trueno relata como sua família compartilhou com ele o gosto pela música, especialmente o hip hop. Sua ligação com o bairro o inspirou a expressar seu ponto de vista sobre questões sociais e políticas em suas letras, como o tema polêmico abordado na música “Fuck El Police”.

Mesmo diante de críticas e questionamentos políticos, Trueno mantém seu foco em representar a voz das ruas e da juventude latino-americana em suas músicas. Sua postura combativa é evidente na maneira como aborda temas como a desigualdade social e a injustiça, sem receio de consequências legais. Enquanto reforça sua identidade e origens, o rapper busca unir através da música, promovendo a consciência e a solidariedade na América Latina.

Trueno é mais do que um rapper de sucesso, ele é um porta-voz das realidades e desafios enfrentados pelas comunidades em seu país e em toda a América Latina. Sua música reflete suas crenças, lutas e esperanças em um mundo que ele deseja transformar através da arte e da expressão.