No dia 20 de março de 1990, Carlina Arellano, uma fanática torcedora do River Plate, e Faustino Marcos Rojo, um fanático torcedor do Boca Juniors, comemoraram o nascimento de seu segundo filho homem. Poucas horas depois, o Boca Juniors jogava em casa contra o Unión no La Bombonera e o River Plate visitava o Chaco For Ever em um jogo chave pelo título. Carlina e Titi consideraram a possibilidade de Faustino Marcos Jr., o novo integrante da família, adotar as cores do time vencedor. Apesar da derrota do Boca em casa e da vitória por 1 a 0 do River, a disputa entre pai e mãe continuou por vários anos. Ela, admiradora de Enzo Francescoli, sonhava em ver seu filho com o número 9 do River Plate. O craque da liga platense, onde jogava com a camisa 10 nas costas, levou Marcos ao clube Malvinas de San Carlos para que desse seus primeiros passos com a bola e se familiarizasse com a camisa azul e ouro. Duas décadas depois, a disputa por Marcos Rojo teria como protagonistas Juan Román Riquelme e Marcelo Gallardo, que buscaram convencer o ex-jogador do Estudiantes e Manchester United a defender o escudo de seus clubes. Este sábado, com Riquelme no camarote e Gallardo de volta ao banco de visitantes, o zagueiro de 34 anos jogará seu décimo superclássico e estenderá sua série de vitórias contra o rival de toda a vida.
Rojo estreou no Boca em um jogo contra o River e disputou mais nove jogos contra a equipe de Núñez, com um saldo de três vitórias, três empates e apenas uma derrota, em que permaneceu em campo apenas nos primeiros 16 minutos. Além disso, acumula dois cartões vermelhos e uma terceira expulsão no último clássico disputado na Bombonera, após reclamar de um suposto cotovelo de Paulo Díaz a Marcelo Weigandt na jogada anterior ao 2-0 do River. Mas o histórico de Rojo contra o River inclui também dois gols em sua passagem pelo Estudiantes, uma briga “até a morte” com Enzo Pérez e declarações bombásticas contra a torcida riverplatense. Um conjunto de ingredientes que o tornam, sem dúvida, um dos grandes personagens deste novo superclássico.
No início de 2021, Rojo encerrou sua passagem pela Premier League e fez seu retorno ao futebol argentino após sua passagem frustrada pelo Estudiantes de La Plata. Após acertar sua saída, Juan Sebastián Verón, Juan Román Riquelme e Marcelo Gallardo foram os primeiros a contatar o jogador. No entanto, Rojo privilegiou o interesse do Boca sobre o do River e Estudiantes e seu primeiro jogo foi exatamente contra a equipe de Gallardo (entrou aos 17 minutos). Aquela decisão causou, além do descontentamento de La Bruja, a irritação de seu amigo Enzo Pérez, que também o havia seduzido para se juntar ao River Plate.
“Uma pessoa me ligou e me disse para ir para o River, porque ia ganhar tudo, mas não ganhou tudo porque aqui nós ganhamos”, disse Rojo em agosto de 2021, quando o Boca eliminou o River de Gallardo nas oitavas de final da Copa da Argentina. Nunca se soube se a referência era para o Muñeco ou para o próprio Enzo Pérez, com quem Rojo teve vários atritos ao longo do jogo. O defensor, que deveria ter sido expulso por uma entrada por trás em Julián Álvarez, converteu o primeiro pênalti da série e o Boca avançou nos pênaltis. Antes disso, Rojo havia jogado seu primeiro Superclássico como titular na vitória do Boca na Copa da Liga naquele ano, também nos pênaltis, diante de um River enfraquecido pelas baixas por Covid que teve o estreante Alan Leonardo Díaz no gol.
Rojo ainda não conseguiu marcar contra o River com a camisa do Boca, embora tenha marcado com a do Estudiantes. De fato, seu primeiro gol como profissional foi marcado no Monumental, em uma vitória do Estudiantes por 2 a 1 no Clausura de 2009, e depois repetiu na temporada seguinte na vitória por 4 a 2 dos platenses no Antonio Vespucio Liberti. Neste sábado, talvez ele consiga quebrar a maldição.