Ouvir falar em Fernando Gago é ser informado de que Juan Román Riquelme o escolheu como próximo treinador do Boca. Porém, a empolgação dos últimos dias foi contida por um banho de realidade: não é tão simples rescindir o contrato do treinador com o Chivas, de Guadalajara. No meio de toda essa negociação, surgem várias perguntas, enquanto tudo avança com cautela e sem que o Boca tenha opções à vista.
Este jornal pode confirmar que houve, e ainda há, conversas entre a direção do Boca e as pessoas que gerenciam a carreira profissional de Fernando Gago. Na verdade, seu agente, Diego Merino, também representa (entre outros) Exequiel Zeballos e Aaron Anselmino, dois jogadores da equipe azul e dourada, e a relação deles com Juan Román Riquelme é boa e fluída. Esses diálogos continuam e ambas as partes irão definir como proceder. No entanto, nunca esteve nos planos de Gago se despedir do Chivas após o clássico de sábado contra o Atlas pela Liga MX (derrota por 3 a 2) e nem viajar para Buenos Aires nesta segunda-feira.
Por duas razões. Primeiramente, porque ele possui um contrato vigente com o Chivas até maio de 2025 e reconhecer que está negociando com outro clube seria inconveniente. Além disso, antes de um clássico, ele sentiu a necessidade de falar e negar tudo o que estava sendo dito desde a semana passada. No México, os torcedores do Chivas o insultaram quando chegou ao estádio no sábado. De qualquer forma, o decorrer dos dias colocará as coisas em seus devidos lugares.
As ações de Gago foram interpretadas como algo normal em meio a essa situação de indefinição. Desde o clube, entenderam que os tempos de ambas as partes não são os mesmos. A urgência do Boca em iniciar o ciclo do novo treinador o mais rápido possível entra em conflito com os processos que devem ser seguidos em situações deste tipo, quando alguém pretende executar uma cláusula de rescisão. Apesar de tudo o que Gago disse, a chave está em uma única frase relacionada ao seu futuro no clube de Guadalajara: “No futebol, tudo pode acontecer, isso está muito claro. Hoje perdemos, perdemos cinco jogos e eu posso não estar mais aqui. Posso estar aqui por sete anos. É o hoje, eu sempre vivo o hoje.”
Desde que iniciou sua carreira como treinador em janeiro de 2021 no Aldosivi, Gago sempre teve em mente que para ser treinador do Boca, deveria ter pelo menos quatro ou cinco anos de experiência. Ele considera que o clube de seu coração, que o formou como jogador, está no mesmo nível de uma seleção nacional e não é para qualquer um. E também sabe que essa oportunidade chegará, agora ou mais adiante: ele tem 38 anos. Ao mesmo tempo, sempre foi muito cuidadoso com as formas. O caso mais evidente foi no jogo em homenagem a Juan Román Riquelme, quando optou por vestir a camisa da seleção argentina e não a do Boca, justamente porque naquela época era treinador do Racing.
Amaury Vergara, dono do Chivas, está muito satisfeito com o trabalho do ex-treinador do Aldosivi e Racing. Na verdade, ele pretende renovar seu contrato, que inicialmente termina em maio de 2025. Fica claro: o Chivas não se move pelo fator econômico do possível pagamento de US$ 2.000.000 que o Boca poderia fazer pela cláusula de rescisão presente no contrato do treinador. Na verdade, isso complica muito os planos deles, porque teriam que sair à procura de outro treinador no meio da competição. No entanto, ao existir essa opção no contrato, também não poderiam se recusar a liberar o treinador.
Se o Boca pudesse, anunciaria hoje mesmo Gago como treinador. Para o clube presidido por Juan Román Riquelme, cada dia que passa é um dia perdido, pois o cenário ideal seria que nesta segunda-feira o novo treinador começasse seu ciclo e pudesse aproveitar as duas semanas de pausa devido à rodada dupla das Eliminatórias. Isso serviria para chegar ao jogo contra o Gimnasia pelas quartas de final da Copa Argentina (programado para quarta-feira, dia 23 deste mês) com vários treinos realizados. No entanto, nove dias após a renúncia de Diego Martínez, o treinador atual da equipe é Mariano Herrón.
No Boca, evitam mencionar um cenário no qual Fernando Gago não seja o próximo treinador da equipe. No entanto, isso está dentro das possibilidades. Se os prazos se estenderem além desta semana, não seria absurdo que Mariano Herrón continue como treinador interino até o final do ano e apenas em janeiro o ciclo do novo treinador se inicie.
