ASUNCIÓN (Enviado especial).– Após repetir tantas vezes o número, 32 anos sem jogar uma final internacional, pode começar a soar como uma frase vazia. Por isso, vale a pena contextualizá-la. Desde que o Racing perdeu por 4 a 1 no placar agregado para o Cruzeiro na final da Supercopa de 1992, passaram-se 11.686 dias. Nesse intervalo, o clube passou por uma falência, seus torcedores criaram o Predio Tita, foi gerenciado por uma empresa chamada Blanquiceleste, foi campeão após 35 anos em um país onde vigorava o Estádio de Sítio, foi o primeiro grande time a jogar (e vencer) uma Promoción, restabeleceu a ordem institucional e a vida democrática, flertou com os promedios, deu cinco voltas olímpicas (Transição 2014, Superliga 2018/19, o Troféu dos Campeões 2019 contra o Tigre e as duas Copas consecutivas contra o Boca em 2022 e 2023) e competiu por dez anos seguidos em âmbito continental. Mas não conseguia chegar às fases decisivas da competição internacional. E é isso que acontecerá neste sábado, às 17h, no estádio La Nueva Olla, em Assunção. Assim se explica a mobilização racinguista que se gerou desde 31 de outubro passado, quando com dois gols de Juanfer Quintero reverteu o placar contra o Corinthians e chegou à final. Cerca de 40 mil torcedores invadiram esta cidade com a esperança de gritar campeão internacional, como o Racing fez apenas três vezes em sua história: Libertadores 1967, Intercontinental 1967 e Supercopa 1988. Como um viajante do tempo, de certa forma, em todas essas ocasiões, Costas estava presente. Como mascote da equipe de José ou como o grande líder da defesa de Alfio “Coco” Basile em 1988. Além de se sentir em casa pela invasão de torcedores maior do que a do Cruzeiro, que também pintou Assunção de azul, o Racing jogará com a vantagem da simpatia do público local. O treinador definiu o Paraguai como sua segunda casa. Diante da pergunta sobre por quem torcerão, os locais respondem em uníssono: “Racing, por Gustavo, nós o queremos muito”. Como se a localia em Assunção, no estádio do Cerro Porteño, não fosse coincidência suficiente, o destino colocou o Cruzeiro como adversário, o mesmo que Costas enfrentou como jogador na Supercopa de 1988 e 1992. Como se sabe: em 1988 foi com festa (2 a 1 no Cilindro, 1 a 1 no Mineirão) e em 1992 com lágrimas (0-4 em Belo Horizonte, 1 a 0 em Avellaneda). Agora chegou o capítulo III. O técnico também confessou que “chora a cada dez minutos”, mas está tranquilo porque sabe que seus jogadores têm tudo claro. E porque eles estão calmos. Isso, além da união do grupo que se consolidou após alguns atritos após uma derrota por 1 a 0 para o Atlético Tucumán, é o que se percebe durante o treino aberto realizado no Defensores del Chaco na sexta-feira. Em termos de futebol, os 11 jogadores estão definidos há três semanas pelo Costas. É o time que entra em campo de forma memorável: Arias; Di Cesare, Sosa e García Basso; Martirena, Almendra, Nardoni e Gabriel Rojas; Quintero; Adrián Martínez e Maxi Salas. Além do aspecto emocional, a comissão técnica tem claro que o Cruzeiro é um adversário a ser levado em consideração: já eliminou duas equipes argentinas (Boca, nas oitavas; Lanús, nas semis). Além de contar com dois ex-jogadores do Independiente (o meio-campista Lucas Romero e o defensor Lucas Villalba), o outro conhecido pelos argentinos é Fernando Diniz, seu treinador, que foi o arquiteto do Fluminense campeão da Libertadores 2023 contra o Boca. Como costumam ser suas equipes, as de Belo Horizonte arriscam na saída de bola e buscam recuperá-la rapidamente em caso de perda. Mas o Racing tem um grande poder de gol, pela quantidade e pela variedade de alternativas pelas quais pode consegui-lo. Enquanto os torcedores aquecem o clima de Assunção com suas chegadas, a temperatura real também começou a subir. Para as 17h deste sábado, quando o uruguaio Esteban Ostojich apitar o início da partida, espera-se uma sensação térmica próxima a 40°. É a febre racinguista que busca acalmar sua sede de conquistar a Grande Conquista, como indica o slogan da Conmebol para vender a Copa Sul-Americana.
Corrida vs. Cruzeiro, pela Copa Sul-Americana: com a equipe confirmada e a “localização” a favor de Gustavo Costas
- Post publicado:23 de novembro de 2024
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Alex Barsa
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