Marcelo Gallardo no River, da “sensação de sangue quente” para outro golpe de mudanças em 2025.

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Na noite de quinta-feira em Mendoza foi uma daquelas que deixam sequelas, que machucam profundamente. River perdeu por 2-1 para o Independiente Rivadavia, se despediu da disputa da Liga Profissional, teve um segundo tempo catastrófico, protagonizou um fiasco no final e saiu com feridas dolorosas que terão que cicatrizar o mais rápido possível. Porque a temporada ainda não acabou e nos próximos quatro jogos terá que garantir sua vaga na Copa Libertadores de 2025. Em um ano desastroso, com mais golpes do que alegrias, começa a chegar o momento de reconstrução que merece uma profunda autocrítica e uma análise detalhada de todos os setores: diretoria, comissão técnica e elenco. O segundo ciclo de Gallardo soma 20 jogos, com oito vitórias, nove empates e três derrotas. No total, marcou 23 gols e sofreu 15, com nove jogos sem sofrer gols. Dentro desses números está a impossibilidade de brigar pela Liga Profissional, torneio em que River só conseguiu vencer nove dos 23 jogos disputados, além do contundente 0-3 no Brasil contra o Atlético Mineiro, que o eliminou nas semifinais da Copa Libertadores. Quando em setembro tudo parecia ser ilusão e favorável, com o acréscimo da vitória no superclássico como visitante com a maioria dos reservas, outubro apagou tudo. Gallardo tenta acalmar Kranevitter, um dos mais exaltados no River após a derrota para o Independiente Rivadavia. E novembro, apesar da virada com três vitórias consecutivas que lhe apresentaram uma chance inesperada de brigar pela Liga, encerrou com a noite do escândalo mendocino. Esse surto, essa confusão, essa loucura em que os jogadores do River se mergulharam com a briga final não parece estar relacionado apenas com a comemoração desmedida e questionável de Sebastián Villa diante dos torcedores do River. Em parte, é reflexo da raiva e impotência de uma equipe que nunca conseguiu dar o salto de qualidade. Sempre que teve a obrigação de ser sólido e convincente, falhou. Mais uma vez, o Millonario não esteve à altura e começa a encerrar um 2024 ruim que teve apenas o título da Supercopa Argentina conquistado em março contra o Estudiantes. “A análise tenho que fazer para dentro. E eu particularmente tenho que ser muito cauteloso com o que expresso porque se tenho que fazer uma crítica é para dentro, comigo, para conosco. Tentarei resolver no futuro, não há possibilidade de expressar uma opinião neste momento”, sentenciou Gallardo após o 1-2. E acrescentou: “Principalmente após um resultado ruim, não posso fazer uma análise da minha chegada até hoje porque não é o momento. Farei no final, quando terminarmos esses quatro jogos que restam. Aí avaliaremos e tomaremos decisões sobre como queremos prosseguir, de que forma e com o quê. Pensaremos sobre o que está por vir. Agora é preciso ficar calmo. Há uma sensação de sangue muito quente.” Essa “sangue quente” não é recente. É antiga. E não se limita apenas a esse segundo ciclo de Gallardo. No primeiro semestre, com a liderança de Martín Demichelis e grande parte do elenco atual, conquistou a Supercopa, mas nunca conseguiu ser consistente futebolisticamente e perdeu para o Boca nas quartas de final da Copa da Liga e para o Temperley nos 16avos da Copa Argentina. Além disso, aquela derrota memorável por 0-2 para o Riestra como visitante parecia marcar o fim de um ciclo agonizante. Esta segunda parte do ano, renovada pela chegada de Gallardo e uma série de reforços de peso (Pezzella, Bustos, Meza e Acuña), também não foi o que se esperava. Em 2024, a esperança continental foi mantida, mas mais no plano energético do que fático: mudou 10 jogadores entre as janelas de transferências, mudou o treinador no reinício da temporada, mudou de esquemas e de ideias, não teve uma forma coletiva e os jogadores tiveram performances baixas. Nunca conseguiu estar à altura. Marcelo Gallardo não quis fazer avaliações públicas, mas já tirou conclusões para o ano de 2025. Estudiantes em La Plata na sexta-feira, 29, e San Lorenzo no Monumental na quarta-feira, 4, são os próximos dois compromissos. O torneio será encerrado com o Rosario Central em Núñez e o Racing em Avellaneda para garantir vaga na Libertadores de 2025. E então, em menos de um mês, começará o processo de renovação de um elenco com nomes sob análise (Funes Mori, Gattoni, Enzo Díaz, Casco, Fonseca, Villagra, Nacho Fernández e Borja, entre outros) que terá que passar por uma análise minuciosa de Gallardo. “Ainda é muito cedo, temos quatro jogos para disputar. Estes jogos marcam questões relacionadas ao futuro, mas agora temos que conquistar pontos para a Libertadores. Depois veremos que conclusões tiraremos”, disse Gallardo. Ganhar, embaralhar e começar de novo.

Alex Barsa

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