O superclássico não é jogado apenas no campo de futebol: a partida das negociações está se inclinando para o lado de Núñez

  • Tempo de leitura:7 minutos de leitura

Ativou-se um alarme. Em Boca, mas principalmente para Fernando Gago. O técnico teve que pegar o lápis e riscar dois sobrenomes que estavam entre suas escolhas para chegar, mas o Conselho de Futebol não os levou em consideração para este mercado. Os destinos, é claro, podem ser muitos e esse não é o problema: as possibilidades frustradas tomaram notoriedade e a irritação dos torcedores já é evidente porque é o River que se intrometeu e acabou com esses desejos de “Pintita”.

Sem rodeios, a diretoria de Jorge Brito e o gerente Enzo Francescoli agitaram na quinta-feira com os acordos por Giuliano Galoppo e Matías Rojas. Dois meias que, mesmo antes da chegada de Gago à direção técnica do Boca, já haviam conversado com Riquelme e cia. Para o treinador atual era importante contar com o paraguaio, que se mostrou vital quando o treinou no Racing até meados de 2023. A gravidade? Ele tinha ficado sem contrato após passagem pelo Inter Miami.

No caso do ex-meio-campista do Banfield, sempre foi evidente que a dificuldade para o Boca não foi o São Paulo, mas sim as barreiras impostas pelo jogador meses atrás e agora, quando o diálogo foi retomado: com outro desejo – e maior facilidade do River nas negociações com os paulistas, ele aceitou as condições e chega emprestado ao time de Marcelo Gallardo. O ex-volante central o projetava como substituto de “Pol” Fernández.

Não é a primeira vez que o clube millonário rouba do seu maior rival a oportunidade de contratar determinados nomes. Nos últimos anos aconteceu muitas vezes. É uma questão de carteira? Ambos ganharam milhões, mas o River leva vantagem. É uma questão de tendência na Libertadores? O Boca chegou à final em 2023, mas não se classificou em 2024 e terá que começar o caminho da edição 2025 da repescagem. É uma questão de afinidade com os responsáveis pelo futebol? Muitos foram os conflitos do Conselho, enquanto os riverplatenses começam a recuperar o hermetismo da primeira era Gallardo: sua figura como treinador pode ter um impacto maior.

Para que Galoppo chegue, é muito importante Enzo Díaz (que fará parte da negociação). O lateral esquerdo foi pretendido em 2021 pelo Boca, que achou absurdo negociar com o Talleres e desistiu: um ano e meio depois, Francescoli deu o gostinho a Martín Demichelis, na época novo treinador.

Elías Gómez, na época millonária.

Rodrigo Valle – Getty Images América do Sul

Elías Gómez (atual campeão pelo Vélez) foi outro que o Boca quis naquela época: ambos eram os melhores N°3 do futebol local. O Argentinos Juniors pediu um valor muito alto para o que o Conselho oferecia e a transferência não se concretizou. Em contrapartida, quando o River apareceu como interessado (seis meses depois), as condições foram reduzidas e a saída facilitada. Aí também está outra questão respondida: o Gallardo potencializou jogadores e os clubes preferiram, evidentemente, mirar em ganhar dinheiro no futuro com a transferência.

O Boca tinha quase fechado com Adam Bareiro, mas o atacante e o San Lorenzo preferiram fechar tudo com o clube millonário para que o torcedor não se chateasse ao vê-lo de azul e amarelo. Por Maximiliano Meza, Riquelme insistiu várias vezes, mas o meio-campista o rejeitou por conta do compromisso com o Monterrey e o dinheiro envolvido. Em agosto, Gallardo o chamou e logo o levou por apenas U$S 2.000.000.

A situação de Facundo Colidio foi uma surpresa. Criado em La Candela, não chegou a estrear quando Daniel Angelici o vendeu em 2017 para a Inter, da Itália, por cerca de 8.000.000 de euros. Em meados de 2023, depois de ser fundamental no Tigre, o retorno parecia certo, mas o River apareceu e o jogador prometeu que – se igualassem a oferta – os escolheria. E foi isso que aconteceu. Além disso, um rumor indica que um jovem do Boca o aconselhou a ficar longe do Conselho…

Facundo Colidio, com a Bombonera ao fundo

Marcos Brindicci

Um ano antes, aconteceu o mesmo com Rodrigo Aliendro. Na época em que era um grande destaque do Colón, Boca e River fizeram a mesma oferta. Gallardo ligou para ele e o convenceu a se vestir de branco e vermelho. Miguel Borja foi um jogador constantemente procurado pelo Boca. Na época de Angelici; na de Riquelme vice-presidente segundo. Nenhum dos dois conseguiu contratá-lo, pois estava bem no Palmeiras ou queria permanecer no Junior. Em meados de 2022, o River desembolsou quase 7 milhões de dólares e conseguiu tirá-lo de seu conforto em Barranquilla. Também é uma questão de ter decisão da diretoria, sem hesitações.

Ou de desejos dos jogadores, como ocorreu em 2021 com Alex Vigo. Ambos os clubes o procuraram ao mesmo tempo por seu grande desempenho como lateral direito do Colón, mas o entrerriano se manteve firme publicamente. “Meu desejo é ir para o River”, disse e assim foi.

Marcos Rojo optou pelo Boca

LUIS ROBAYO – AFP

As disputas vencidas recentemente pelo Boca são escassas. A mais emblemática é a de Marcos Rojo, época em que Enzo Pérez o ligou insistentemente. No entanto, neste caso, as ligações feitas por Riquelme foram suficientes para não mudar sua opinião: durante um curto período, o meio-campista – irritado – cortou relações com o zagueiro. Outra é a de Fernando Zuqui, em 2016: o meio-campista se destacou no Godoy Cruz e protagonizou uma novela, principalmente porque seu agente não aceitava certos números oferecidos por ambos. Quando o Boca ameaçou desistir, ele finalmente aceitou.

Julio Buffarini foi cogitado pelos dois clubes para a Libertadores 2018, por sua experiência em vencê-la em 2014 com o San Lorenzo e porque no São Paulo não estava satisfeito. Ele escolheu o Boca, onde perdeu a final em Madri para quem também o pretendia.

O Boca pode vencer com Alan Velasco. O presidente do Boca é o que mais fez contatos com o Dallas, da MLS. Uma prioridade, o ex-atacante do Independiente teria optado, de fato, por vir para o time de Gago: estão acertando os números com seu clube.

Facundo Farías, no Inter Miami; esteve prestes a jogar no Boca

MICHAEL ZARRILLI – GETTY IMAGES NORTH AMERICA

Outros não acabaram em nenhum dos dois. O mais lembrado é Walter Montoya, que oito anos atrás, por seu desempenho destacado no Rosario Central, acirrou o superclássico no mercado de transferências. Um dia perto do River; no outro, do Boca. Evidentemente, no Sevilla souberam da agitação, aceleraram e, é claro, o jogador optou por viajar. Outra situação aconteceu com Facundo Farías, quando era a jóia do Colón. “Gostaria de jogar no Boca”, ousou dizer no meio dessa novela, em 2021. No entanto, tudo acabou em nada. Ele permaneceu no Colón e, em seguida, partiu para o Inter Miami. O exemplo mais recente é Valentín Gómez, o zagueiro campeão do futebol argentino. Riquelme ofereceu por sua ficha e o Vélez recusou; o River o quis, mas um problema físico impediu tudo há meses. No entanto, o Cruzeiro já colocou na mesa vários milhões de dólares (cerca de dez) e seria seu novo destino.

Boca-River, o superclássico que se joga no campo, atualmente pode ser visto nas negociações e, na maioria das vezes, são ganhas em Núñez.

Alex Barsa

Apaixonado por tecnologia, inovações e viagens. Compartilho minhas experiências, dicas e roteiros para ajudar na sua viagem. Junte-se a mim e prepare-se para se encantar com paisagens deslumbrantes, cultura vibrante e culinária deliciosa!