Boca solta amarras após o primeiro amistoso e adiciona tripulantes, enquanto seus torcedores se mobilizam para embarcar no navio.

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A fervura e a efervescência que são inerentes à existência do Boca são potencializadas por um início de ano que traz consigo muitas novidades e o impulso futebolístico que Juan Román Riquelme busca com sua incursão mais agressiva no mercado de transferências. O objetivo é dar uma guinada no cinzento 2024, sem títulos e com vaias em mais de um jogo devido às atuações pobres. Era necessário causar impacto. A mudança deve resultar em uma versão mais estimulante. Para isso, conta com o capital da fidelidade de seus torcedores, que lotaram o estádio de San Nicolás para assistir a um amistoso, o primeiro de 2025, do qual já se sabia que pouco diria sobre o futuro da equipe, tanto em sua composição quanto em seu nível de jogo. Os milhares de torcedores que fizeram fila sob o sol nos dias anteriores para comprar ingressos se aglomeraram nas arquibancadas em uma noite de 33 graus para acompanhar a vitória por 2-0 sobre o Juventude, equipe do Rio Grande do Sul que subiu em 2013 e terminou em 15º lugar no Brasileirão do ano passado. Paixão e calor cercavam o ambiente. A temperatura das contratações já havia subido nas horas anteriores, com a chegada de Ander Herrera, o basco que já encantou os ouvidos dos torcedores com sua “bocamanía”, que não é nova nem soa falsa. Crédito aberto para um meio-campista de controle sutil, daqueles que jogam com o mapa do campo na cabeça. À tarde foi anunciada a contratação do chileno Williams Alarcón, que no Huracán mostrou habilidade e um bom chute. Brian Aguirre, que fez o passe para o primeiro gol, sofrido por um defensor do Juventude, foi um dos destaques. Se juntam a eles Ayrton Costa, Alan Velasco, Rodrigo Battaglia e Carlos Palacios, o primeiro a chegar, que o Boca vinha procurando há algum tempo, convencido de que a potência e o chute do chileno ampliarão o potencial de um ataque com Edinson Cavani, Miguel Merentiel e Milton Giménez para o interior, com Brian Aguirre e Exequiel Zeballos abrindo as jogadas. E a nova cara prestes a se juntar é a do goleiro Agustín Marchesín, que além de cobrir a ausência de Sergio Romero – três meses de recuperação -, tem grandes chances de garantir a titularidade que Leandro Brey teve no último trimestre de 2024. O elenco se tornaria ainda mais completo se a diretoria convencesse Leandro Paredes, que acabou de recusar uma proposta milionária do futebol árabe, enquanto decide seu futuro em Roma. O Boca de Gago ainda é um esboço do que pode vir a ser, com poucas evidências claras neste primeiro teste. Do último jogo oficial de 2024 (0-0 contra o Independiente), apenas três titulares se repetiram: Brey, Luciano Di Lollo e Merentiel. Gago fez experiências: uma linha de três na defesa, com Tomás Belmonte como líbero, Lucas Blondel – que voltou após uma ruptura dos ligamentos jogando contra o San Lorenzo em março – e a estreia não oficial do volante central Camilo Rey Domenech (18 anos, de Pilar, com passagem pelo Sub-17 argentino de Diego Placente). O Boca demorou para se ajustar. Na verdade, as duas primeiras oportunidades de gol foram do Juventude: um chute de média distância do Énio que acertou a trave e uma aproximação perigosa de Eric Farías, que finalizou para fora. A equipe xeneize não estava preenchendo bem os espaços entre os meio-campistas e a linha de três. Havia brechas pela qual a equipe brasileira se movimentava com facilidade. Boca encontrou o gol antes de encontrar o jogo. Contou com algumas jogadas individuais destacadas e a sorte de um gol contra. Martegani se livrou de duas marcações para assistir Brian Aguirre, que fez o que sabe fazer melhor: dribles até cruzar um bola para o gol. Gago, em San Nicolás, com o desafio de aproveitar um elenco que conta com vários reforços e pode ter ainda mais. Não foi um bom primeiro tempo para o Boca, que teve dificuldades em tomar a iniciativa. Lucas Janson não teve impacto pelo lado direito, os laterais Juan Barinaga e Lautaro Blanco não avançavam e o gol brasileiro parecia estar longe. Brey teve que se esforçar novamente e sofreu um golpe no rosto em uma disputa de bola. Com sete substituições permitidas em três janelas, as mudanças começaram a ocorrer no intervalo. Palacios estreou, atuando atrás de Merentiel. Boca foi eficaz novamente com um lançamento longo de Javier García, uma jogada de Barinaga e um chute cruzado de Merentiel para fazer 2-0. Jogo direto e eficaz. O uruguaio marcou 17 gols em 2024, mas nos últimos meses foi perdendo espaço. Belmonte se destacou com algumas interceptações oportunas contra um Juventude que não desistia de atacar. Palacios recebeu os primeiros aplausos ao acelerar em uma jogada na área e combinar com Frank Fabra em uma triangulação que foi afastada pela defesa brasileira. Boca precisava mais desse entendimento coletivo para que sua iniciativa não fosse em vão. Kevin Zenón, Milton Giménez, Ignacio Miramón e o jovem Santiago Dalmasso entraram em campo. Cavani e Marcos Rojo não foram convocados. O amistoso teve todas as características do primeiro jogo de uma pré-temporada: imprecisões – o campo estava irregular -, ritmo lento e pedidos controlados. Boca não mostrou quase nada do que tem e promete. Na próxima quarta-feira fará sua estreia oficial, contra o Argentino, de Monte Maíz, pela primeira rodada da Copa Argentina. Gago terá a disposição mais jogadores e mais horas de treinamento acumuladas. Ele terá que ajustar a equipe e dar a ela um estilo. Os torcedores, sempre fiéis e ansiosos, são os primeiros a embarcar nessa jornada.

Alex Barsa

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