LA NACION>Revista Lugares 20 de enero de 2503
Machu Picchu e os doze patrimônios mundiais do território, o delicioso ceviche, o pisco (embora a paternidade também seja atribuída ao Chile), uma gastronomia premiada e prestigiada e o poderoso conteúdo cultural são alguns dos ingredientes da fama global do Peru. E outro dos temas que serve para posicionamento… é o ursinho Paddington! Sim, o querido e emblemático ursinho da Grã-Bretanha é peruano e agora sua origem será divulgada de forma clara com a estreia do filme Paddington no Peru, que mostra sua viagem com sua família londrina Brown para sua terra natal para descobrir diretamente o que está acontecendo com sua Tia Lucy, de sua mesma raça. É uma comédia baseada em uma história de fantasia com o acréscimo de questões como união familiar e o retorno às origens.
Porque é importante deixar claro – além disso – que não é apenas um personagem literário abstrato, fantasioso, o urso-de-óculos ou antifaz existe! É um mamífero onívoro originário dos Andes da América do Sul, que pode pesar entre 35 e 170 quilos e medir até 2 metros de altura. Muito valorizado e amado, é ideal para esta saga que neste novo episódio tem em seu idioma original o título Paddington no Peru: Perdido na Selva.
O perfil e a personalidade de Paddington são mérito de seu autor inglês Michael Bond, que já escreveu várias histórias e o cinema já mostrou outras aventuras. O ponto de partida foi a chegada do filhote de urso à Estação Paddington. Foi aqui que a bondosa família Brown o acolheu, dando-lhe um lar, uma vida confortável e amorosa.
E lhe deram o nome da estação ferroviária, localizada dentro do município da Cidade de Westminster e histórica por fazer parte da lendária companhia Great Western Railway e suas sucessoras desde 1838, embora o que vemos atualmente date de 1854. Além disso, foi uma das primeiras a ter um serviço de metrô anexo, em 1863. Desde então, teve algumas mudanças estéticas, mas poucas.
Por essas razões, o complexo de transporte tem ao lado de uma de suas escadas rolantes uma estátua de bronze do bichinho, com seu adorável chapéu e sua maleta; obra criada pelo escultor Marcus Cornish e inaugurada em 2000. Os transeuntes e principalmente as crianças, acariciam (e esfregam) sua figura fazendo com que o metal adquira um brilho permanente, principalmente em seu focinho e no icônico chapéu.
Como era de se esperar, dentro da estação britânica há uma loja do Paddington Bear decorada com objetos do personagem, brinquedos e outras peças para crianças e bebês. Da mesma forma que atualmente dedicam um espaço para promover o novo filme.
Atualmente, ao lançamento cinematográfico se somou uma campanha de marketing. Sua imagem foi multiplicada em 23 locais do Reino Unido por meio de esculturas coloridas, mostrando-o sentado em um banco de praça e devorando seu prato preferido: sanduíche de geléia. As pessoas sentam seus filhos ao lado ou seus animais de estimação, tiram fotos, selfies e o resto é por conta das redes sociais.
A estação Paddington em Westminster.
Assim como existe um espaço londrino para Sherlock Holmes, Harry Potter ou James Bond, também existe para este personagem, uma vez que parte do enredo acontece em Londres. Foi gravado nos trilhos de Paddington, algumas cenas nos arredores da estação de metrô de Marylebone e na casa da família Brown, que fica no número 30 de Chalcot Crescent, em Primrose Hill.
Uma das peças-chave da nacionalidade do protagonista é seu passaporte britânico, onde consta que nasceu no Peru e ele exibe às autoridades migratórias. A propósito do tema, uma das divulgações mais massivas em escala internacional é o personagem exaltado pelo genial artista (de identidade desconhecida) Banksy, que aproveitou o amor dos cidadãos do Reino Unido por um ursinho peruano para retratar a crise migratória mundial. “A migração não é crime”, proclama a peça de arte de rua.
A partir de uma carta do Peru, o ursinho – juntamente com sua família – viaja para esse destino em busca da Tia Lucy desaparecida, que deixou a “Casa de Descanso dos Ursos Aposentados” com destino desconhecido, adentrando em um lugar onde dizem que está o mítico El Dorado, tão imaginado pelos conquistadores ultramarinos de outrora.
A Praça de Armas do centro de Lima, um dos sets de filmagem de Paddington.
Com base nessa motivação, eles passam por Lima, onde o principal ponto turístico é a Praça de Armas ou Praça Maior, cenário da fundação do colonizador espanhol (estremenho) Francisco Pizarro e que se caracterizou por ser o centro dos acontecimentos desde que não passava de um retângulo seco com lojas e comércios ao redor.
Em algum momento foi uma praça de touros e até um cadafalso para os condenados pelo terrível e fatídico Tribunal do Santo Ofício. Posteriormente, por volta de 1651, a fonte de bronze que ainda brilha foi colocada, precisamente ao lado da qual o general San Martín proclamou a Independência da Espanha em 1821. Ao redor, algumas construções magníficas, como o Palácio do Governo (ou Casa Pizarro), de estilo barroco construído em 1937 e que ocupa um quarteirão de comprimento.
Outra estrutura destacada adjacente é a Catedral, que começou a ser construída em 1535 sobre o terreno onde antes havia um santuário inca e o palácio de um príncipe cuxeno. Até mesmo Pizarro colocou a primeira pedra e contam que – como ato de fé e humildade – carregou um toro para edificar o templo.
Outra estrutura notável adjacente é o Palácio Arquiepiscopal, primeiro exemplo do estilo arquitetônico neocolonial com portal neoplateresco e sacadas de estilo neobarroco. Para o seu design, o Palácio de Torre Tagle foi tomado como referência, onde está localizada a Chancelaria.
E a outra locação do filme, a primordial, é Cusco, mais especificamente: a majestosa Machu Picchu. A mais poderosa fortaleza do Império Inca foi construída perto das nuvens (a 2.430 metros acima do nível do mar), de onde se avista sinuosamente o rio Urubamba.
A engenhosa engenharia de pedras empilhadas maravilha na cidadela transitada por vicunhas, lhamas e alpacas… e, agora, por Paddington, em uma perseguição entre portais, terraços, escadas, muros e janelas misturadas entre o verde e as vistas panorâmicas.
Precisamente, para promover o país como localização para a indústria cinematográfica, a agência estatal Promperú contribuiu coordenando com entidades públicas e privadas licenças de filmagem e uso de drones tanto em Lima quanto em Cusco.
O querido e protegido urso-de-óculos peruano.
Paddington in Peru, dirigido por Dougal Wilson, é estrelado por renomados atores como Antonio Banderas, Olivia Colman e Hugh Bonneville, entre outros. Jamais o descobridor destas ruínas incaicas em 1911, Hiram Bingham, teria imaginado as andanças de um urso-de-óculos, cidadão inglês, filmado por uma equipe de cineastas, produtores, utilitários, maquiadores, cenógrafos, microfonistas, etc., etc., por esse espaço berço de uma civilização.
O importante: contribui para a divulgação das riquezas turísticas peruanas e deste Patrimônio Mundial que na última edição dos World Travel Awards foi reconhecido pela sexta vez como “Melhor atração turística do mundo”.
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