Com a detecção de quatro casos de sarampo em menos de um mês na cidade de Buenos Aires, as autoridades desse distrito reforçaram a vigilância sanitária e, com o início das aulas, a atualização da vacinação. “A detecção desses casos ativou uma série de medidas sanitárias com o objetivo de conter a propagação do vírus e reforçar a vacinação na comunidade”, afirmou o Ministério da Saúde portenho.
O sarampo é uma infecção transmitida por via respiratória, quando uma pessoa doente tosse, espirra ou fala. Para mantê-lo sob controle, é necessária uma alta cobertura de vacinação (95%). Caso contrário, é difícil interromper a transmissão viral. Estimativas feitas hoje apontam que na cidade a cobertura de vacinação está cerca de 15 pontos abaixo da meta recomendada.
O primeiro caso na cidade foi confirmado em 31 de janeiro, com testes realizados pelo Hospital de Niños Ricardo Gutiérrez e pelo Instituto Malbrán. Tratava-se de uma criança de seis anos, que teria nascido na Argentina e viajado para a Rússia com seus pais e uma irmã de um ano e meio. Em 22 de janeiro, a família retornou com escalas no Vietnã, Dubai e Brasil. Cinco dias depois, a infecção foi confirmada na irmã mais nova. Os pais não puderam comprovar a vacinação das crianças quando solicitado. A irmã mais nova precisou ser internada. Atualmente, a família está em quarentena em casa, com acompanhamento do Ministério da Saúde da cidade.
O terceiro caso foi confirmado há 10 dias, em um professor de 40 anos que estava vacinado e teria tido contato com a família, da qual é vizinho na Comuna 14. O quarto caso confirmado, por sua vez, é de um menino que vive no mesmo prédio que a família russa.
Há outros casos em estudo que tiveram contato com os dois primeiros confirmados, de acordo com o Ministério da Saúde portenho. “Os quatro casos identificados e os que estão em estudo pertencem ao mesmo grupo”, afirmaram.
Com o início das aulas na cidade nesta segunda-feira, a secretaria de Fernán Quirós e o Ministério da Educação local revisarão a vacinação dos alunos de cinco e seis anos. “Nas duas primeiras semanas de aula, vamos verificar todos os cartões [de vacinação] e incentivar a vacinação. Todas as professoras vão pedir aos pais que levem os cartões das crianças e, para quem não o fizer, o Ministério da Saúde enviará uma carta aos pais para verificar as informações e oferecer um horário para que possam vacinar suas crianças contra o sarampo”, explicaram. “Será uma campanha bem focada nas escolas. A primeira dose é administrada aos um ano e, dos cinco anos em diante, a segunda dose”, acrescentaram.
Outras quatro medidas adotadas na cidade incluem a ampliação do horário de atendimento nos postos de vacinação de segunda a sexta-feira e, nos hospitais Santojanni e Durand, também aos finais de semana para atualização e reforço da vacinação.
Em relação à prevenção e detecção rápida, intensificou-se a identificação de contatos e locais de transmissão, juntamente com “rondas em áreas de maior risco” para conscientizar a população sobre a importância da vacinação em dia. Uma unidade móvel de saúde também percorrerá “pontos estratégicos” para facilitar o acesso às doses.
No país, a taxa de cobertura com a primeira dose da tríplice viral aos um ano de idade foi de 81,6% nos dados de dezembro passado. Com a dose de reforço aos cinco anos, caiu para 54,8% na última atualização nacional do uso das vacinas do calendário.
“A vacinação é a ferramenta mais eficaz para prevenir o sarampo e evitar surtos na comunidade. A vacina tríplice viral não protege apenas quem a recebe, mas também ajuda a reduzir a circulação do vírus, protegendo os grupos mais vulneráveis, como lactentes menores de um ano e pessoas imunocomprometidas”, destacou o Ministério da Saúde da cidade.
Considera-se que a proteção é adequada quando maiores de cinco anos, adolescentes e adultos podem comprovar duas doses de vacina contra o sarampo e a rubéola (dupla ou tríplice viral). A exceção é a população nascida antes de 1965, porque teve contato com o vírus nas epidemias que ocorriam antes do surgimento da vacina.