O anúncio da candidatura de Horacio Rodríguez Larreta para a Legislatura parece ter convencido o peronismo portenho de que o Pro perdeu a Cidade. Assim entendem dentro do espaço opositor, onde estão mais animados em fazer uma boa eleição na Capital e – quem sabe – conquistar o bastião amarelo há anos. Não o dizem em voz alta, mas sonham com isso. Seria um golpe de efeito e de esperança em meio ao domínio libertário nacional que ainda não consegue unificá-los completamente.
Nesta campanha, que, ao contrário de outras, cortou com a hegemonia camporista e foi traçada de maneira precisa por Juan Manuel Olmos, de alcance a todos os setores, algo já está claro: não usarão a marca União pela Pátria (UP) em solo portenho. “Será um nome que não defina muito, como é uma campanha curta, a marca é o sobrenome”, explicam sobre a decisão de deixar para trás esse selo ligado às eleições presidenciais de 2023. E à derrota.
Tudo está encaminhado para que, entre esta tarde e, no mais tardar, no final de semana, Leandro Santoro anuncie sua candidatura para encabeçar a lista de legisladores portenhos pelo peronismo e que, em seguida, Mariano Recalde (testa de ferro de Cristina Kirchner na Capital) seja o número um para o Senado, em outubro, para renovar o mandato que está para vencer. O kirchnerismo concorda com essa distribuição de papéis.
Porém, nos últimos minutos surgiu outra linha. Por que não usar o candidato mais forte, ou seja, Santoro, para a eleição ao Senado nacional, assim não colocam em risco o mandato? Isso implicaria uma troca. Está em discussão, talvez como uma forma de enganar as outras forças e não mostrar todas as cartas. A maioria diz que não é o mais provável de acontecer, mas uma minoria (de peso) não descarta uma jogada surpreendente de última hora. Também influenciará no momento de finalizar as listas o que os adversários estão fazendo, que no acampamento peronista estão avaliando detalhadamente. Ofelia Fernández, sem cargo agora, é outro nome que está sendo cogitado para integrar.
Fala-se dentro do PJ e entre seus aliados que a decisão de Larreta foi mais fácil porque agora é um autônomo. Aqui, os seguidores de Olmos estão convencidos de que todo o peronismo precisa estar dentro do guarda-chuva, inclusive Juan Manuel Abal Medina, ao qual alguns suspeitam que, com a publicidade que espalhou pela cidade de Buenos Aires, tenha buscado aumentar o preço para a negociação final. Estão debatendo um plano abrangente para aproximar todas as vertentes não só para as candidaturas às legislativas portenhas – que serão em 18 de maio e poderiam ser um grande golpe se encerrar a hegemonia do Pro – mas também para as eleições nacionais de outubro.
Com uma campanha à Uruguaia, Santoro está pronto para ser o rosto visível da proposta portenha. “À Uruguaia” porque o atual deputado nacional, de origem radical mas próximo do kirchnerismo, desde o ano passado tem percorrido as ruas inspirado por declarações que ouviu do ex-presidente José “Pepe” Mujica na Rádio 10, quando contou que com o Frente Amplio saíram para percorrer o país após perder para Luis Lacalle Pou, para voltar a ser governo. Santoro visitou os 48 bairros da Capital e dizem que viu cerca de 18.000 pessoas nesses encontros. Enquanto isso, no bunker peronista estão convencidos de que a batalha portenha será travada não apenas no terreno, mas também nas redes sociais.
No final de semana, a um passo de ser candidato, ele recebeu um apoio: o de Sergio Massa. Quando pediu para abandonar o derrotismo interno, o ex-candidato à Presidência assinalou: “O primeiro triunfo importante que teremos é de Leandro Santoro na Cidade daqui a dois meses”. Além da parceria Massa-Olmos, dentro do Frente Renovador uma das líderes mais importantes é Cecilia Moreau, radical como Santoro e também sua ex-parceira. A frase foi uma bênção de Massa. Foi também um desejo de que a capacidade peronista de ganhar eleições ressurja para mostrar o rosto aos Milei.
