Depois de várias semanas de incerteza, o legislador portenho Ramiro Marra lançou sua candidatura visando as eleições do 18 de maio fora da La Libertad Avanza (LLA) e alterou o mapa eleitoral da Capital. A decisão de Marra complica o governo nacional, que confirmou hoje que o porta-voz presidencial Manuel Adorni estará à frente da chapa dos libertários, o que implica um desafio aberto a Karina Milei, líder da LLA. Marra foi expulso do partido do oficialismo nacional por desobedecer as diretrizes da irmã do presidente e apoiar o Pro em votações cruciais para Jorge Macri na legislatura portenha. Depois que o Executivo oficializou Adorni como o principal candidato a legislador para a disputa decisiva com o Pro na Capital, Marra optou por mostrar suas cartas: confirmou que participará das eleições da Capital na tentativa de renovar seu mandato e lutar pelo voto libertário no bastião do macrismo. Ele o fará com o selo da Ucedé de Buenos Aires, liderada por Andrés Passamonti. “Ladrões em toda parte, lixo nas calçadas, ratos nas escolas, flanelinhas extorsionários, favelas escondendo traficantes, fissurados dormindo na rua. Chega disso. O kirchnerismo não é uma opção, é hora de recuperar a liberdade e a ordem em nossa cidade”, ressaltou Marra. O movimento de Marra é uma má notícia para o governo de Milei, pois os operadores da LLA em Buenos Aires aspiravam concentrar a oferta libertária e mostrar a força de sua chapa no território dos Macri. Ao se inscrever na corrida eleitoral, o desterrado por Karina Milei causa um efeito semelhante ao que a candidatura de Horacio Rodríguez Larreta no Pro gera. No bunker do macrismo e na Casa Rosada, faz-se um cálculo semelhante: Marra poderia roubar votos da chapa de Adorni e Larreta poderia conquistar adesões no partido amarelo. O corretor vinha jogando às escondidas. No entanto, nos últimos dias, acelerou os esforços para obter um selo que lhe permitisse registrar sua candidatura. Quando Karina Milei o expulsou da LLA, Marra ficou sem um veículo eleitoral para concorrer na Capital. Por isso, ele manteve conversas com Daniel Amoroso, sindicalista do sindicato de trabalhadores de jogos de azar (Aleara) e líder do partido Integrar. As negociações não deram certo e Marra conseguiu outro instrumento: a Ucedé. Na sede do governo portenho de Uspallata, aguardaram ansiosos que Marra desse o passo. Consideram que a presença do corretor no ringue poderia ser crucial em uma disputa com final aberto. A Unión Porteña Libertaria, de Yamil Santoro, também sairá em busca de votos na base de Milei. Enquanto isso, Amoroso, que negociou com Larreta até o último minuto da formação das alianças, considera a possibilidade de concorrer sozinho. Sua chapa seria liderada pelo advogado Mauricio D’Alessandro. Apesar de manterem um vínculo pessoal, Marra e Eugenio Casielles, outro dos desterrados da LLA por Karina Milei, apostam em construções diferentes. Casielles, por exemplo, expressou abertamente suas divergências com a gestão de Milei. Enquanto isso, o corretor evita o confronto. Nem mesmo critica publicamente Karina Milei. Atento ao cenário portenho, Marra pretende se posicionar como um representante “anti-establishment” e concentrar suas críticas na gestão do Pro. Ou seja, caso decida concorrer, municipalizaria sua campanha e evitaria questionar Milei. Ele optou por diminuir seu perfil público e focar em questões pessoais. Ele está confiante em suas chances, pois se orgulha de ser uma figura competitiva, de acordo com suas pesquisas. Em sua equipe, veem um cenário de três terços: Santoro, Pro e LLA. Na filial da LLA na Capital, presidida por Pilar Ramírez, fiel seguidora de Karina Milei, esperam aumentar a colheita de votos da proposta libertária em relação às eleições de 2021 e 2023. Eles enfatizam que o modelo de Milei pode ser replicado na Capital. Insistirão, por exemplo, na necessidade de reduzir os impostos, promover uma lei fundamental para a cidade, ordenar o espaço público e reduzir as estruturas do Estado. “Vamos vencer”, se animam. Nas últimas eleições, o distrito portenho foi esquivo à opção de Milei. Há dois anos, ficaram em terceiro lugar, com 13,8% dos votos, na competição para prefeito. O candidato foi Marra. De acordo com os critérios de.