Boca não teve argumentos perante a voracidade do Flamengo de Sergio Hernández e perdeu a final da América

  • Tempo de leitura:5 minutos de leitura

O Boca Juniors ficou às portas de ser campeão da América, de conquistar a Basketball Champions League (BCLA), e o carrasco foi dirigido por um treinador que lhe deu cinco títulos de campeão no passado: Sergio Hernández. “Oveja” imprimiu sua marca no Flamengo em pouco mais de um mês no comando técnico e o clube se vingou das definições perdidas um ano atrás contra o Quimsa em Santiago del Estero e duas contra o Franca, também como visitante. Desta vez, o Mengão, jogando em casa no estádio Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, devorou o Franca por 91 a 67 em uma semifinal do Final Four e neste sábado golpeou o clube xeneize com 83 a 57, e chegou ao topo do continente pela segunda vez.

Na metade de março, logo após a equipe azul e ouro impor a única derrota na BCLA em 10 jogos, o ex-técnico da seleção argentina substituiu o histórico Gustavo de Conti, que havia deixado o cargo após seis temporadas. A instituição carioca sentiu que a seus times, repletos de estrelas, faltava algo para conquistar o continente, e encontrou isso com o medalhista de bronze em Pequim 2008 e finalista da Copa do Mundo China 2019: voracidade para defender (incomum em equipes brasileiras), sede de atacar e fome de glória para vencer. Sergio Hernández novamente comemorou no pódio e levou o Flamengo à glória da América, em um mês transformou a equipe em uma autêntica criação sua.

Os comandados por Hernández encaminharam a vitória no primeiro quarto com essa receita. Não houve equivalências. O repertório incluiu pressão no portador da bola, jogo físico na defesa, velocidade de execução e eficácia no ataque. Com um soberbo Alexey Borges, premiado como MVP do torneio, o anfitrião saiu na frente por 8 a 0, ampliou a diferença para 21 pontos (25-4), impediu seu adversário de marcar quase nos primeiros quatro minutos e o fez errar seus oito arremessos de três nesse período. O time preparado por Gonzalo Pérez nunca reagiu à enxurrada que foi o Flamengo, se confundiu com algumas decisões arbitrais e percebeu que o placar desfavorável de 30 a 13 após 10 minutos era grande demais para seu desejo de conquistar o troféu que era – e continuará sendo – sua obsessão.

O que se seguiu no jogo ficou em segundo plano, embora a equipe argentina nunca tenha deixado de lutar. No início do segundo período, o Flamengo diminuiu o ritmo e o Boca jogou mais confortável, reduzindo a diferença para uma dúzia de pontos (30 a 18). Mas como tudo o que aconteceu dependeu do anfitrião, o Mengão se distanciou novamente, com arremessos de três pontos de Shaquille Johnson. No início do segundo tempo, confirmou que no intervalo não havia descorado, mas renovado a fúria para ficar com o troféu.

O máximo que o Boca chegou foi uma desvantagem de 11 pontos, na metade do terceiro quarto (55-44). Dois arremessos de três pontos consecutivos de José Vildoza e um bom momento de Sebastián Vega na ofensiva, além de boas atuações defensivas de Marcos Delía contra Borges, deram esperanças à equipe argentina de uma virada que teria sido tão heroica quanto histórica. O visitante teve oportunidades para se aproximar mais e semear dúvidas no Flamengo, mas não as aproveitou, e seu adversário emergiu com ótimas defesas, algo quase utópico para um time brasileiro mas possível porque no banco de reservas tem Sergio Hernández.

Franco Balbi, ex-base do Boca, é o capitão do Flamengo; o jogador levou a bola dos pés do pivô Andrés Ibargüen quando o colombiano ia pontuar e impulsionar uma recuperação do Boca.

O Flamengo, que se classificou para disputar a Copa Intercontinental, teve quatro jogadores com dois dígitos de pontos: Deodato, com 16; Johnson, com 15; Borges (15, mais 6 assistências e 4 rebotes), e Miranda, com 11 (mais 9 rebotes). Balbi, o capitão, marcou 7 pontos, 4 rebotes e 3 assistências, e Tayavek Gallizzi registrou 4 pontos e 2 rebotes. No perdedor, o melhor foi Martín Cuello, que no ano passado havia perdido como parte do Flamengo na final contra o Quimsa, e agora marcou 16 pontos.

Em relação a Boca, pouco pode ser recriminado. Do jogo, o time não reagiu no primeiro período em que seu adversário o dominou, pois tem material em abundância para suportar momentos difíceis. Mas o Mengão foi seu algoz no campeonato, vencendo três dos quatro confrontos, incluindo a final. Apesar de investir muito dinheiro no elenco para ser campeão de tudo – até agora na temporada ganhou a Supercopa e a Copa Super 20, tudo o que disputou e terminou -, volta a se sentar à mesa dos melhores clubes do continente, após ser eliminado na primeira fase da BCLA de 2023/2024. Não faz muito tempo que nem competia internacionalmente.

Boca não enfrentou apenas jogadores de destaque, mas também um treinador de alto nível internacional, bem-sucedido e um dos melhores da história do país, que havia passado pouco mais de cinco anos longe do centro das atenções, desde que levou a Argentina ao vice-campeonato mundial na China em 2019 e que, justamente diante de um dos muitos clubes em que dirigiu em seu país, voltou a se consagrar.

Na disputa pelo terceiro lugar, Franca, do Brasil, venceu o Instituto, de Córdoba, por 74 a 59, encerrando em quarto lugar no campeonato. No time vencedor, o argentino Facundo Corvalán marcou 12 pontos, e no Instituto o destaque foi Alex Negrete, autor de 18 pontos e 5 rebotes.

Ambos os clubes compartilharam o grupo D na primeira fase do torneio e se enfrentaram três vezes, sempre com vitórias brasileiras: 81 a 76, 91 a 83 e 83 a 68.

Alex Barsa

Apaixonado por tecnologia, inovações e viagens. Compartilho minhas experiências, dicas e roteiros para ajudar na sua viagem. Junte-se a mim e prepare-se para se encantar com paisagens deslumbrantes, cultura vibrante e culinária deliciosa!