Quando o Racing encara uma partida como uma final, costuma estar à altura das circunstâncias. Isso foi demonstrado em 2024, quando foi campeão da Copa Sul-Americana, e em alguns dos jogos desta temporada: venceu o Boca com atitude e jogo, derrotou o Botafogo para ganhar a Recopa, dominou o Fortaleza no Brasil (vencendo por 3-0 e até sem fazer o máximo esforço) e venceu com autoridade as duas últimas partidas do campeonato nacional (4-1 sobre o Banfield e 2-0 sobre o Aldosivi), para subir na tabela e voltar à zona de classificação para os playoffs. Também estava dominando o clássico contra o Independiente no primeiro tempo, vencendo por 1-0 graças às defesas de Rodrigo Rey, até que no segundo tempo desistiu de atacar e acabou sofrendo o empate de Álvaro Angulo.
Neste clássico, o Racing mostrou tanto o potencial do perigo que pode representar para um adversário quanto a falta de ousadia ou apatia que sofreu em diferentes compromissos de 2025 e do ano passado. Essa dualidade foi um reflexo do Racing de Gustavo Costas: é visceral, passional, agressivo – e muitas vezes goleador – na vitória, mas também desconcertante, ingênuo e exasperante na derrota.
O sorriso do Racing veio com Bruno Zuculini, autor do gol no 1-0 sobre o Central Córdoba de Santiago del Estero, pelo Torneio de Abertura. Este Racing não passa despercebido na alegria ou na dor. Frente a exames de maior dificuldade, muitas vezes se saiu melhor do que diante de compromissos teoricamente mais acessíveis. Com essas flutuações, motivadas pela falta de substitutos do mesmo nível para os titulares habituais (agravada pelas lesões), um grau de concentração menor em alguns jogos menos atraentes e um calendário apertado, a Academia chegou ao confronto com o Central Córdoba sem margem para erro, apesar de estar um ponto à frente de seu adversário na disputa pelas vagas nos oitavos de final.
E no início, o Racing jogou como se fosse uma final. Saiu com total determinação para tentar marcar contra o visitante, que teve em Alan Aguerre um baluarte para manter o zero durante 44 minutos. Logo nos primeiros 60 segundos, Adrían Martínez chutou de forma desajeitada – quase na pequena área – e provocou o primeiro lamento de Costas, que corria junto com seus jogadores para pressionar o mais perto possível da área adversária. Com a bola e o território disponíveis, a partir dos 20 minutos a Academia começou a ter mais precisão e, consequentemente, chances claras de gol. Marco Di Césare avançou como um ponta e passou para Luciano Vietto, que serviu Bruno Zuculini, cujo chute foi defendido por Aguerre, que iniciou seu show de defesas.
O goleiro interveio em finalizações de Maravilla Martínez, Maximiliano Salas e – novamente – Zuculini. Além disso, Santiago Sosa – de cabeça – e Salas – com um chute ligeiramente alto – também estiveram perto do gol. Aos 43 minutos, Martínez teve seu grito de gol abafado, sendo pego em impedimento em uma jogada onde conseguiu vencer o goleiro, que um minuto depois não conseguiu defender o terceiro chute de Zuculini: Bruno, novamente em posição de 9, fez Aguerre brilhar após uma cabeçada, mas no rebote mandou um chute certeiro de direita, finalmente dando a vitória por 1-0 que o time merecia há muito tempo.
Com as alterações, o Central Córdoba se revitalizou, com o colombiano Luis Angulo desequilibrando, complicando Facundo Mura e desencorajando suas projeções. Além da mudança de postura do Central Córdoba, o Racing diminuiu a intensidade após o esforço na primeira etapa, o que se agravou com a saída de Zuculini e a entrada de Martín Barrios. Da voracidade, a Academia passou à espera e agonia, visto que aos 15 minutos Gabriel Rojas tocou a bola com a mão dentro da área, o VAR alertou e Hernán Mastrángelo revisou e marcou pênalti.
Quando a noite poderia complicar-se ao máximo, Gabriel Arias apareceu em toda a sua dimensão: se jogou para a esquerda e defendeu o chute de Leonardo Heredia. Assim, o goleiro multicampeão com a Academia quebrou uma sequência adversa, comemorando a defesa de um pênalti pela primeira vez desde julho de 2021 e mantendo a preciosa vantagem.
A dinâmica do jogo se manteve, com o Racing se defendendo. Ironicamente, o empate quase veio de um escanteio a favor da Academia, que executou mal essa ação (como ocorreu contra o Bucaramanga, na Copa Libertadores) concedendo um contra-ataque a Angulo, que encontrou Arias em seu caminho, decisivo. Do êxtase (quase) à agonia, a Academia venceu um duelo crucial, abrindo quatro pontos de vantagem sobre o Central Córdoba, consolidando-se na zona de playoffs e dependendo de si mesma para se classificar para os oitavos de final.