A demissão de Martín Demichelis, após não conseguir a classificação com os Rayados de Monterrey para os playoffs do torneio Clausura do México, interrompeu a possibilidade de um esperado encontro com Marcelo Gallardo no Mundial de Clubes. O confronto entre River e Monterrey, previsto para o dia 21 de junho em Los Angeles, reuniria os dois treinadores que ocuparam o banco do clube argentino por mais de uma década. Havia um certo interesse pela relação fria entre os dois, sem chegar a ser conflituosa. Na época, Gallardo não teria ficado satisfeito com a transição para cobrir seu cargo desde o momento em que anunciou que não continuaria, em outubro de 2022.
A urgente necessidade do Rayados de contratar um treinador levanta a possibilidade de outro duelo com fortes reminiscências do River Plate: Gallardo contra Matías Almeyda, ex-companheiros no River e também nas seleções argentinas que disputaram as Copas do Mundo de 1998 e 2002. Almeyda encerrou sua carreira como jogador no River, após o rebaixamento em 2011, sem poder jogar a última partida da Promoção contra o Belgrano. A pedido do então presidente, Daniel Passarella, ele se tornou imediatamente treinador e liderou o time na campanha de ascensão.
Gallardo e Almeyda, em uma imagem de 2010, quando compartilharam o elenco do RiverCezaro De Luca – EFEO.
Pelado Almeyda se despediu na terça-feira do AEK de Atenas, onde em duas temporadas conquistou a Superliga e a Copa da Grécia, dois feitos significativos em uma competição local geralmente dominada pelo Olympiacos e Panathinaikos. Sua saída foi feita em bons termos, com agradecimentos mútuos. Em uma longa postagem em sua conta do Instagram, Almeyda publicou: “Só me resta agradecer a cada uma das pessoas que fazem parte deste clube, especialmente aqueles que vocês não conhecem e, no entanto, desempenham um papel fundamental no funcionamento do clube. Aos torcedores que me apoiaram, nos bons momentos e nos não tão bons. Aos rivais por demonstrar tanto respeito e aos jogadores que dão tudo de si, eles são os verdadeiros protagonistas. Obrigado ao futebol por me apresentar este maravilhoso país que me abriu as portas e me deu grandes amigos. Agradeço com o coração cada momento vivido, minha história continuará”.
Em seu comunicado oficial sobre a desvinculação de Almeyda, o clube também teceu palavras de reconhecimento: “A família do AEK e o líder administrativo do clube, Sr. Marios Iliopoulos, querem agradecer a Matías Almeyda e seus companheiros por tudo que ofereceram ao nosso time. Desejamos a eles o melhor em suas carreiras”. Entre as várias mensagens recebidas em sua publicação, está a do ex-jogador Neri Cardozo, que jogou oito anos no Rayados: “Você é o treinador para o Monterrey, Matías”.
Assim que sua saída foi anunciada, Almeyda se tornou um forte candidato para os Rayados, que já tiveram conversas com Domènec Torrent, ex-auxiliar de Pep Guardiola e com passagem pelo San Luis. Seu conhecimento do futebol mexicano e sua filosofia de jogo são valorizados, muito ligados ao estilo de posse de Guardiola.
Mas Almeyda subiu rapidamente nas preferências dos dirigentes do clube regiomontano pelo bom trabalho que fez no México quando treinou o Chivas de Guadalajara, por quase três anos, entre 2015 e 2018, conquistando cinco títulos (quatro nacionais e a Concachampions da Concacaf). Essas credenciais o colocam um degrau acima de outros candidatos, entre os quais também está Hernán Crespo, com quem ainda não iniciaram contatos.
Os Rayados terão que superar alguns obstáculos para convencer Almeyda e chegar a um acordo. Um deles é uma oferta milionária dos Emirados Árabes Unidos pelo ex-volante. E o outro é de caráter sentimental: devido ao forte sentimento que tem pelo Chivas, provavelmente descartaria treinar outro clube mexicano. Quando saiu em 2018, declarou: “Por todo o carinho que tenho pelo Chivas, não me vejo em outro banco treinando no México”. O desenrolar das horas esclarecerá a situação.
