A Bienal do Chaco, o desconhecido Mundial da escultura que se celebra no norte da Argentina

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A cidade argentina de Resistencia, localizada no norte da Argentina, é o museu de esculturas ao ar livre mais desconhecido do mundo. Quase 700 obras contemporâneas feitas de diversos materiais fazem parte do cenário urbano da capital provincial do Chaco e do coração de seus habitantes. A Bienal do Chaco foi inaugurada em 1988 na praça central da cidade e cresceu até se tornar uma festa popular e uma referência obrigatória nessa disciplina artística. A última edição teve cerca de um milhão de visitantes, mas a distância de 1.000 quilômetros que separa Resistencia de Buenos Aires manteve a Bienal como um segredo guardado pelos habitantes locais e pelos amantes da arte por décadas.

Uma réplica do David de Michelangelo, inaugurada em março, dá as boas-vindas ao parque de 14 hectares onde este evento cultural gratuito é realizado pela Fundação Urunday. O metal foi o protagonista do concurso internacional, que foi descrito como o “Mundial da escultura” pelo presidente da Fundação. Os dez artistas selecionados, entre 157 inscrições de 55 países, receberam um prêmio de 5.000 dólares por participar e deixar sua obra na cidade. Os artistas trabalharam durante sete dias diante do público, criando peças únicas a partir de duas unidades de chapa laminada fornecidas a cada um, além de barras de ferro, dobradiças, pinos, buchas, parafusos e chapas com desenhos.

A escultora letona Solveiga Vasiljeva foi a grande vencedora do campeonato, conquistando o primeiro prêmio do júri, além do prêmio dado pelos colegas escultores. Com 70 anos, Vasiljeva é a primeira mulher a vencer na Bienal. Sua obra, “Tempo”, reflete as diferentes dimensões desse enigma através do que se assemelha a um giroscópio galáctico.

O segundo lugar ficou com o chileno Alejandro Mardones Guillen por “Multiplicidade”, uma escultura polissêmica. Já o terceiro lugar foi para o espanhol Carlos Iglesias Faura, com a obra “Habitus Antihabitus”, que representa o abraço simbólico entre a tradição e o progresso.

A cada edição, os escultores se tornam celebridades em Resistencia, atraindo a atenção do público e dos frequentadores da Bienal. Esta iniciativa cultural, que começou com um pequeno concurso de esculturas há 36 anos, se transformou em um grande evento com a participação de artistas de todo o mundo e a presença de visitantes em massa. Essa vitrine cultural se tornou um ponto de destaque na cidade, atraindo turistas e injetando vida na economia local.

A dura realidade econômica que afeta a Argentina em 2024 tem um impacto ainda mais forte na província de Chaco, onde mais da metade da população vive na pobreza. No entanto, a Bienal se destaca como um evento que movimenta a cidade de Resistencia e traz benefícios para diversos setores, como hotéis, restaurantes e operadores turísticos.

Fabriciano Gómez, o idealizador da Bienal, é lembrado com carinho pelo trabalho que realizou e pelo legado que deixou para a comunidade após sua morte. Seu sonho se tornou realidade, transformando a Bienal do Chaco em um evento cultural de renome internacional. Os habitantes de Resistencia cuidam das esculturas espalhadas pela cidade, demonstrando orgulho e apreço pelo patrimônio cultural local.

Após o encerramento da Bienal, as novas esculturas se juntarão ao crescente museu ao ar livre de Resistencia, enriquecendo ainda mais o cenário artístico e cultural da cidade.

Alex Barsa

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