Há mais de três décadas, costumava ser titular na lateral esquerda da defesa. Durante quase quatro anos, Carlos Mac Allister se destacou no Boca e esteve perto de ir à Copa do Mundo dos Estados Unidos em 1994. Após se aposentar, ele se dedicou à política; foi deputado nacional do PRO por La Pampa e secretário de Esportes durante a gestão de Mauricio Macri. Nesta quinta-feira, em declarações à rádio Rivadavia, o ‘Colo’, como é conhecido Mac Allister, criticou Juan Román Riquelme, o atual presidente do Boca. “Acho que o Boca vendeu todas as jóias e ficou com jogadores experientes. Parece-me que, de todos os mercados de transferência que Riquelme fez, este foi o melhorzinho. Mas os mercados de transferência anteriores foram muito ruins. Penso que Riquelme, sem dúvida, foi o melhor jogador da história do Boca, mas na história que conheço, de 1992 até agora, ele se revelou o pior presidente”, enfatizou Mac Allister em declarações ao La Oral Deportiva.
Como jogador, Riquelme ganhou tudo, foi decisivo, teve um papel importante. Mas como presidente, se vieram 40 jogadores (para o clube), nos primeiros 30 ele errou. E é muito forte para cinco ou seis pessoas (em referência ao Conselho de Futebol) que jogaram tanto futebol. Acho que vendemos os melhores jogadores, de 20 ou 21 anos, que poderiam contribuir muito para a instituição, que saíram com 10 ou 15 partidas em primeira divisão, e ficamos com jogadores experientes. Isso foi muito ruim para o clube. Agora, este mercado de transferência foi o melhor”, destacou o ex-lateral.
Mac Allister ressaltou que “os presidentes que entendem de gestão não sobem nos ônibus. As coisas são discutidas antes ou depois”, em referência a uma ocasião em que Riquelme, durante a gestão do técnico Sebastián Battaglia, interrompeu a saída dos jogadores do ônibus para falar com eles após o jogo. “Os dirigentes tomam decisões quando se abrem e fecham os mercados de transferência, é nesses momentos. Uma coisa é quando você é jogador de futebol, outra é ser dirigente. Me coube ser Secretário de Esportes da Nação, com 400 pessoas sob minha responsabilidade, e eu sabia que devia ter certas formas, certas práticas, tomar decisões, saber comunicar”, insistiu.
Na mesma conversa, Mac Allister disse que “estar preparado não significa ir à universidade. Você precisa saber se cercar de pessoas que sabem em sua área. Não deve ser teimoso, deve ser aberto, responsável, saber ouvir. Às vezes, você chega a um determinado lugar e não sabe absolutamente tudo, mas escuta quem está há 20 ou 30 anos, se cerca dos melhores e isso é fundamental para pensar em uma grande instituição”. “A realidade do Boca hoje é que ele ficou para trás, retrocedeu, porque o mundo avança rapidamente, e nós estamos no mesmo lugar há oito anos. Nesse meio tempo, o River inaugurou um novo estádio, um complexo, ganhou títulos internacionais. É a realidade. Precisamos mudar. Queremos voltar a ser o melhor clube do mundo no ranking da FIFA, como já fomos”, afirmou Mac Allister, de 56 anos, que é também pai de três jogadores, Alexis – campeão mundial no Catar -, Francis e Kevin. Alexis, antes de se mudar para a Europa – atualmente joga no Liverpool -, também jogou no Boca.
Carlos Mac Allister surgiu no Argentinos Juniors e em agosto de 1992 chegou ao Boca, onde foi campeão do Torneio Apertura daquele ano e também ganhou a Copa de Ouro Nicolás Leoz um ano depois. Deixou o clube quatro temporadas depois, meses antes da estreia de Riquelme na primeira divisão, no final de 1996. E, nesse contexto, ele lembrou: “Bilardo veio e me disse uma manhã que não contava comigo nos planos e à tarde fui e rescindi o contrato. Hoje digo o quão idiota fui, apesar de depois ter conseguido jogar no Racing e no Ferro. Porque Fabra esperou, ficou um ano e meio sem jogar, e aqui está, mais uma vez sendo titular”.