A exclusiva ilha que recebe até 500 turistas e se preserva como paraíso natural.

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A 360 km do continente, encontra-se o Parque Nacional Marinho que faz os próprios brasileiros sonharem. O sonho de muitos é mergulhar nessas águas, nadar com tartarugas, ver golfinhos saltando, explorar a Baía do Sancho e o morro Dois Irmãos. No entanto, são poucos os que conseguiram ir a esse arquipélago de 21 ilhas que emerge solitário em uma porção do Atlântico, quase tão perto da Costa do Marfim como de São Paulo, com poucas conexões de Recife e Natal (aproximadamente uma hora de voo), preços altos e algumas restrições na infraestrutura e no conforto.

Saiba desde o início: obter o mesmo conforto em Fernando de Noronha do que no continente custa muito mais caro. Mas a recompensa é mais do que suficiente. No mar turquesa, encontra-se o perfil do morro Dois Irmãos, uma imagem icônica da ilha. Noronha é inacessível para muitos e real para poucos: apenas 500 turistas podem permanecer na ilha ao mesmo tempo, nem um a mais. E a cada dia respirando o seu excepcional ar do mar, é necessário pagar uma taxa de preservação ambiental de 101 reais, que aumenta a cada dia a mais. Esta medida impede que hordas de visitantes cheguem e superpovoem a ilha. Como 70% do arquipélago é Parque Nacional Marinho (PARNAMAR), é necessário obedecer a rigorosas leis ambientais, ou o preço do pecado pode ser muito alto.

O luxo em questão é um ecossistema equilibrado: picos e baías, peixes que não se assustam com a presença humana, mabuyas – lagartixas que parecem pintadas, caranguejos enormes e mais de 15 variedades de corais. As aves também fazem parte da festa. Algumas são endêmicas, como as viuvinhas, que brincam entre flamboyants, mulungus e amendoeiras. Até a fauna temida tem boa reputação aqui. Enquanto em Recife as praias estão cheias de placas que alertam sobre Perigo Tubarão, em Noronha os tubarões são dóceis e permitem que sejam fotografados ao lado de crianças com óculos de mergulho. O mesmo acontece com arraias e uma longa lista de seres marinhos que são muito mais amigáveis do que se pensaria. Talvez porque ninguém os perturba.

Na ilha não existem resorts de cinco estrelas, campos de golfe, muito menos shoppings. As pousadas são casas particulares reformadas, muito simples, categorizadas com um, dois ou três golfinhos. São atendidas por poucas pessoas e chamam os hóspedes pelo nome. Na melhor das hipóteses, algumas têm piscina, restaurante e ar condicionado. As mais rústicas não custam menos de 300 dólares por noite.

Outro detalhe: o wi-fi é muito lento. É necessário ter paciência oriental para esperar uma página carregar. Mas quem quer olhar para uma tela antes de se banhar no mar? Quem prefere postar uma foto no Instagram antes de avistar uma tartaruga verde ou de pente?

De um lado está o Brasil, do outro, a África. As praias que estão sobre “o mar de dentro” são dez e há duas baías. Para uma delas – a Baía dos Golfinhos – não se pode entrar. Mas é possível avistar dezenas de golfinhos rotadores de seu mirante. Saltam sobre seu eixo toda vez que o sol nasce.

A praia do Sancho é a mais desejada do arquipélago: oferece uma das vistas mais espetaculares com seu mar azul turquesa aos pés de um penhasco. Antes, chegava-se caminhando por entre uma vegetação densa, gratuitamente. Desde que faz parte do Parque Nacional Marinho, é necessário pagar uma taxa de entrada de 373 reais (189 reais para brasileiros) por pessoa e caminhar por passarelas até a beira do penhasco. Depois, descer por uma escada de metal extremamente íngreme que se esconde em um buraco escuro até chegar ao chão. Esta praia foi votada como uma das melhores do mundo por vários anos consecutivos na plataforma de viajantes TripAdvisor.

A bahia é um ponto de parada para excursões de barco. Pelas mesmas passarelas, chega-se à vista panorâmica da bahia dos Porcos. De seu mirante, aprecia-se a silhueta perfeita dos dois enormes penhascos escuros e simétricos do morro Dois Irmãos.

Para surfar, há a Cacimba do Padre. Suas ondas são tão grandes que só de vê-las causa arrepios. É chamada de Havaí brasileira. O Forte do Boldró é o local para assistir ao pôr do sol. A chave é chegar meia hora antes e sentar na primeira fila, com uma caipirinha na mão.

Outra praia clássica é a do Cachorro. Pequena, de ondas tranquilas, tem uma piscina natural em seu penhasco. É chamada assim porque do mar emerge uma pedra em forma de cachorro.

As praias do “mar de fora” são um pouco mais agitadas: rochosas, de acesso restrito, mais ventosas e com um mar azul profundo. A praia do Leão é o santuário natural das tartarugas, onde enterram seus ovos entre dezembro e março.

A baía do Sueste é familiar e tem o único manguezal da ilha. Mas o destaque é Atalaia; por sua beleza única, é a mais vigiada, o arquétipo da exclusividade noronhesa: apenas 30 pessoas podem visitá-la. Possui areia cercada por rochas vulcânicas e piscinas naturais onde os peixes ficam presos até a maré subir novamente. Na beira, funcionários do ICMBio (Instituto Chico Mendes) lembram que é possível nadar por 20 minutos e têm a capacidade de chamar a atenção com um apito para os banhistas que desobedecerem. Outros “nãos” de Atalaia: usar nadadeiras, tocar em qualquer coisa com as mãos e ficar em pé. Apenas é permitido flutuar.

Para mergulhar, este é o destino mais procurado do Brasil. Segundo especialistas, o maior desafio é alcançar o Corveta V17, afundada a 63 metros. Os iniciantes, por sua vez, também têm a oportunidade de uma estreia espetacular. Após o curso básico, teórico e prático, têm um encontro próximo no mar de dentro com ouriços, estrelas do mar, peixes violeta, listrados, laranjas, negros e azuis fluorescentes, algas multicoloridas. O fundo marinho de Noronha é como sua superfície: um documentário em alta definição.

Alex Barsa

Apaixonado por tecnologia, inovações e viagens. Compartilho minhas experiências, dicas e roteiros para ajudar na sua viagem. Junte-se a mim e prepare-se para se encantar com paisagens deslumbrantes, cultura vibrante e culinária deliciosa!