A juíza Karina Andrade se defendeu das críticas: “Nunca milité na La Cámpora”

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A juíza Karina Andrade voltou a falar neste sábado em meio às críticas daqueles que se opõem à sua decisão de liberar 114 presos durante a marcha dos aposentados. A magistrada portenha se defendeu das acusações de ser kirchnerista – afirmou que nunca militou na La Cámpora – e adicionou outro motivo à sua decisão de conceder a liberdade aos detidos: a falta de espaço nas delegacias da cidade de Buenos Aires. Segundo seu posicionamento, isso teria impedido alojar as dezenas de pessoas que ficaram detidas pela polícia na quarta-feira, do lado de fora do Congresso Nacional.

“Jamais me filiei à La Cámpora. Sou filiada ao sindicato Sitraju [Sindicato dos Trabalhadores Judiciais da Cidade de Buenos Aires] e à Mafucaba [Associação de Magistrados e Funcionários do Poder Judiciário da Cidade], como todos os funcionários do Poder Judiciário, porque não há incompatibilidade”, afirmou Andrade, denegrida nos últimos dias pelo governo nacional – que pediu sua incompetência no caso – e também pela administração de Jorge Macri, que retomou as críticas contra ela.

Além disso, a juíza contou que quando atuava como secretária no tribunal federal, participava apenas da “coletividade de Mulheres Trabalhadoras de Comodoro Py” porque estava “vinculada” às regras daquela instância judicial. “Os juízes e juízas estão sujeitos ao escrutínio público, por isso estou dando a minha voz. Mas o que fiz é o que deveria fazer como juíza, jurei cumprir a Constituição Nacional, os tratados de Direitos Humanos. Me formei nas salas da UBA com os melhores mestres e mestras e a maior responsabilidade de um juiz é garantir que a Constituição Nacional que repousa na sua mesa permaneça inalterada diante dos ventos políticos, isso é importante para mim”, afirmou.

Houve 124 detidos durante os incidentes no Congresso, sendo 94 da Polícia da Cidade e 10 das federais. Andrade, que está sob a jurisdição do Tribunal Penal, Contravencional e de Faltas da Capital, explicou que prioritizou os direitos e que as forças de segurança não lhe forneceram, e consequentemente à promotoria, as informações básicas sobre as detenções.

A situação das delegacias da cidade tem sido um tema de debate acalorado entre a administração nacional e a da cidade, o que resultou em fortes críticas entre o chefe do governo e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Principalmente após diversos episódios de fuga de presos que, segundo a cidade, pertenciam ao tribunal federal. “Não era um detalhe trivial naquela noite… Sabíamos que as primeiras pessoas estavam sendo transferidas para o presídio de Madariaga, mas das demais, nada. Não me informavam nada e os juízes da cidade sabem muito bem as condições das delegacias, trabalhamos nisso o tempo todo. Estão superlotadas, a Polícia da Cidade tem que assumir funções penitenciárias quando não deveria. Há uma emergência, não há lugar nem condições para abrigar essa quantidade de pessoas, onde elas passariam a noite?”, questionou Andrade.

Convencida de que precisava dar uma “resposta rápida” à suspensão das detenções solicitadas pelas defesas dos presos, Andrade afirmou que sua medida inicial não impede que o Ministério Público continue com a investigação e pondere os antecedentes dessas pessoas, que não foram considerados antes de sua libertação. “Ninguém diz que os antecedentes não serão levados em conta, a questão a decidir era quando,” se justificou. Ademais, afirmou que a procuradoria irá verificar se houve ou não detenções ilegais durante o operativo liderado por Bullrich.

“Se como juíza não posso controlar a legalidade da detenção com dados mínimos, devo suspendê-la e a investigação continuará. Era uma situação de urgência, em um contexto de priorização de direitos”, enfatizou Andrade. A juíza destacou que considerou também o fato de ser um grupo de pessoas envolvido na manifestação, que faz parte de um direito constitucional – idosos – e que, como juíza, tinha o dever de proteção especial. “Minha decisão deveria valorizar as pessoas que precisavam de uma resposta rápida, a situação e os direitos que eu deveria preservar primeiro e os que viriam depois,” concluiu.

Alex Barsa

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