Ser judeu é mais do que apenas uma questão de religião. Ser judeu é uma herança, uma tradição que passa de geração em geração. É uma maneira de ler a história, de lembrar dos milênios de vicissitudes que o povo judeu enfrentou. É lembrar dos filósofos, músicos, sastres e operários judeus que contribuíram para a humanidade. Ser judeu é lembrar com orgulho da resistência e da valentia do povo judeu ao longo dos séculos, mesmo sem um Estado, reis ou dinheiro.
É triste ver como a palavra “judeu” ainda é usada pejorativamente em algumas situações, perpetuando estereótipos preconceituosos. É lamentável também ver como o Estado de Israel, fundado como resposta ao Holocausto, hoje em dia perpetua violências que acabam alimentando o antissemitismo.
Ser judeu não é sinônimo de apoiar as políticas do governo de Israel. Muitos judeus e israelenses discordam das ações do governo atual, assim como muitos americanos não apoiavam a guerra do Vietnã. É importante não cair na armadilha de associar automaticamente judaísmo e israelismo.
É hora de abandonar as teorias conspiratórias sobre “lobbies judaicos” poderosos e sinistros e encarar a realidade geopolítica de forma mais complexa. O apoio dos Estados Unidos a Israel está mais relacionado a interesses estratégicos do que a supostas influências judaicas. É importante separar as ações de um governo ultranacionalista como o de Netanyahu das tradições e valores de milhões de judeus ao redor do mundo.
Ser judeu é mais do que uma etiqueta, é uma identidade histórica e cultural. E é justamente essa diversidade e complexidade que deve ser celebrada e compreendida, para evitar generalizações e preconceitos injustos.