A Polícia do Brasil suspeita que 60 bolsonaristas condenados e acusados de golpismo fugiram para a Argentina.

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Dezenas de brasileiros investigados na operação policial que investiga o assalto golpista em Brasília em 2023 estão descumprindo as medidas cautelares e estão foragidos. A Polícia Federal identificou cerca de 60 que nos últimos tempos fugiram para a vizinha Argentina com a intenção de evadir a justiça e se refugiar lá sob a proteção do presidente, Javier Milei, de extrema direita e principal aliado regional do bolsonarismo. A polícia está preparando a lista dos foragidos para entregá-la à justiça e iniciar os procedimentos para que o Governo solicite a extradição, conforme relatado nesta sexta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo sem mencionar nenhuma fonte. O Executivo argentino não comenta o assunto.

Não todos os foragidos estão inlocalizáveis. Alguns organizaram uma campanha de arrecadação de fundos nas redes sociais para se manter do outro lado da fronteira, segundo O Globo. O paradeiro de todos esses condenados e acusados está em foco depois que a Polícia Federal realizou uma ampla operação na quinta-feira para deter mais de 200 pessoas acusadas de descumprir as medidas cautelares. Essas restrições para evitar a fuga ou a destruição de provas são as mais diversas. Desde a retirada do passaporte e a proibição de sair do país, como no caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, até o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de falar com outros investigados ou suspensão das contas pessoais nas redes sociais.

Para o bolsonarismo, os foragidos são perseguidos políticos, não criminosos, e um Governo amigo como o argentino deveria acolhê-los como exilados e permitir que vivam livres. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, e outros parlamentares aliados ao líder da direita brasileira viajaram no final de maio a Buenos Aires para defender essa tese.

Uma investigação jornalística do portal UOL revelou recentemente a fuga de uma dezena de acusados com nome e sobrenome que conseguiram remover as tornozeleiras eletrônicas e cruzar a fronteira com a Argentina e o Uruguai. Agora a polícia eleva esse número para cerca de 60 pessoas.

A investigação policial e judicial sobre a violenta invasão de milhares de bolsonaristas nas sedes do Poder Judiciário, do Legislativo e da Presidência em 8 de janeiro de 2023, logo após Luiz Inácio Lula da Silva iniciar seu terceiro mandato, resultou em centenas de ações, detenções, prisões preventivas, acusações formais, processos, julgamentos e dezenas de condenações. No radar da polícia e do juiz do Supremo Tribunal que está a cargo do caso, Alexandre de Moraes, estão os autores materiais do assalto, mas também os autores intelectuais (incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado pela polícia de organizar a trama junto com vários generais), os organizadores e financiadores da logística e os comandantes das forças de segurança que descumpriram seu dever e permitiram que os manifestantes avançassem até o coração da democracia brasileira sem obstáculos e perpetrar um ataque violento que, segundo o juiz investigador, foi uma tentativa de golpe de Estado.

Os únicos que foram julgados até agora são os autores materiais do ataque aos três poderes, civis de todas as idades, das mais variadas profissões, profundamente envolvidos no universo bolsonarista e erroneamente convencidos de que Lula estava conspirando com o Supremo e a elite econômica para roubar a reeleição de Bolsonaro.

Alex Barsa

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