No coração da Patagônia, a província de Chubut possui duas joias do turismo rural: Trevelin e Gaiman, dois vilarejos de descendentes galeses enraizados na comunidade nacional que conseguiram este ano serem os melhores vilarejos turísticos do mundo.
A natureza intocada e a forte identidade cultural tornaram esses vilarejos dos cantos mais destacados do sul do país. Os dois vilarejos são unidos por comunidades de imigrantes galeses que chegaram à Argentina no século passado e adotaram essas terras como suas, antes de serem reconhecidas como Melhores Vilarejos Turísticos.
Trevelin, com seus dez mil habitantes, é guardião do Parque Nacional Los Alerces. É portal de entrada para lagos verdes e azuis, cachoeiras de águas cristalinas e um rio turquesa. Há cerejeiras em flor, campos de tulipanes e, em dezembro, florescerão as peônias.
Este vilarejo teve um crescimento exponencial desde que os campos de tulipanes foram abertos ao público pouco antes da pandemia: um arco-íris de flores coloridas que atrai turistas do mundo todo. Em 2022, as Nações Unidas concederam um upgrade ao vilarejo: reconhecimento para melhorar os serviços a fim de alcançar a máxima distinção de Melhores Vilarejos Turísticos.
O povo de Trevelin é muito unido e trabalha cooperativamente desde sempre. “Aqui todos nos conhecemos. Todos colaboramos. Não há outra maneira”, expressa Rosana Velázquez, proprietária do restaurante Rincón del Molino. “Quando é preciso colocar o vilarejo em destaque, coordenamos e nos apoiamos”, diz a mulher que é presidente da Câmara de Turismo de Trevelin.
O vilarejo galês da cordilheira comemora este novembro 139 anos. Foi fundado por um grupo de rifleros comandados pelo governador José Luis Fontana e pelo baqueano John Evans, que atravessaram toda a província de Chubut após chegar ao país vindo do Reino Unido.
Gaiman é um vilarejo com canais derivados do rio Chubut, fundado por pioneiros que chegaram ao vale depois do desembarque do Mimosa. Situado a oeste de Trelew e a 85 quilômetros de Puerto Madryn, assim como Trevelin, mantém vivas as tradições, a religião e a cultura galesa.
Os dois vilarejos estão unidos pela rodovia nacional 25, a cerca de 650 quilômetros. Mas mais do que isso, são dois vilarejos da Patagônia que mantêm viva a língua galesa. “A união é muito forte: por história e por tradição comum”, afirma Víctor Yañez, diretor regional do ministério do Turismo de Chubut. “A cultura galesa está viva em Gaiman. Cada outubro, é celebrado o Grosedd, uma cerimônia onde são proclamadas as pessoas responsáveis pela manutenção da cultura e das tradições. Depois, há uma espécie de festival: a dança das flores.”