O meio-campista espanhol Ander Herrera foi apresentado como reforço do Boca para a temporada de 2025. Acompanhado pelo presidente do clube, Juan Román Riquelme, o ex-jogador do Athletic de Bilbao, que também vestiu as camisas do Manchester United e Paris Saint Germain, entre outros, deu suas primeiras impressões sobre o mundo xeneize. “Estava muito ansioso para realizar este sonho. O aspecto contratual foi o de menos. O que eu queria era jogar no Boca e poder dizer, quando terminar minha carreira, que joguei no Boca. É incomparável”, elogiou o basco, nascido há 35 anos em Bilbao.
Ao ser questionado sobre o motivo de sua chegada ao time agora, Herrera respondeu: “Tenho uma carreira longa. Chega um momento em que se pensa que o final não está tão longe. Um se sente bem fisicamente, mas as oportunidades não podem ser deixadas de lado. Uma vez que realizei alguns sonhos (…), surgiu a possibilidade de jogar no clube que para mim é o maior da América do Sul e um dos maiores do mundo”. O jogador, que estreou com a camisa azul e ouro na goleada de 5 a 0 sobre o Argentino de Monte Maíz (Córdoba), pela Copa Argentina, tenta ir passo a passo. “O aspecto ambiental, na Bombonera, com a camisa, claro que passa pela minha cabeça. Tento ir dia a dia, hora a hora. Estou muito ansioso para poder jogar na Bombonera, algo que imaginei muitas vezes. Pensava que não iria acontecer, mas… aqui estou!”, disse o espanhol. E aprofundou: “A sensação de entrar na Bombonera com a camisa do Boca e poder desfrutar dessas recepções é algo que está no pensamento, na imaginação. Meu pai teve a sorte de trabalhar por muito tempo no futebol e pôde vir visitar a Bombonera e me disse que não há nada comparável. Ele disse que é algo único como a Bombonera sempre tremeu, disse que é algo único”.
Herrera também compartilhou que falou com seu amigo Leandro Paredes (coincidiu com ele no PSG) e que o meio-campista da Roma deu boas referências: “Me parabenizou e falou muito bem do clube, da torcida e do que é esta instituição”. E compartilhou suas sensações sobre a Copa Libertadores, que ele classificou como a “Champions da América do Sul”: “Desperta muita paixão. Recentemente o Boca disputou uma final. No momento temos os playoffs e em minha mente está aquele primeiro jogo e, antes disso, a estreia no campeonato. Eu não gosto de colocar objetivos muito distantes, porque acho que se perde o foco no mais próximo. É um sonho jogar a Libertadores. Os clubes brasileiros têm dominado, mas sempre há surpresas. [Devemos] Encarar com o máximo respeito e focar no primeiro jogo”.
O meio-campista também reservou um tempo para falar de nomes próprios. E destacou a juventude (e o talento) de Camilo Rey Domenech, com quem jogou contra o Argentino de Monte Maíz. “Acho que há muitos jogadores talentosos. Está claro que Camilo é um garoto especial. Devemos cuidar dos mais jovens assim como gostei que cuidassem de mim. Nós que temos a exigência somos nós: Rojo, Cavani, Battaglia, Javi García, Advíncula, Fabra. Jogadores com mais experiência. Devemos permitir que esses garotos aproveitem. Que eles estejam mais distantes dessa exigência e dos holofotes. Surpreender… nenhum, porque os conheço. Zeballos, Aguirre… Alan Velasco é um garoto muito especial pelo que vi. Esses garotos podem dar muitas coisas ao Boca. Isso é uma questão de todos”, afirmou.
Sobre o estilo de jogo que Fernando Gago, o treinador, tentará imprimir à equipe, Herrera afirmou que “é uma sorte” que os meio-campistas estejam bastante em contato com a bola: “Vamos ser uma equipe que propõe. Sei que o futebol argentino é aguerrido. Os adversários cuidam especialmente do aspecto defensivo. Deve ser algo meu e de meus colegas encontrar os espaços. É verdade que é preciso pensar antes de receber. Percebo isso. Deve-se ter o passe pensado. Mas estou encantado de jogar neste clube. De ter a exigência de jogar bem e vencer partidas. Cada jogo será um mundo”.
Questionado sobre os superclássicos contra o River, Herrera preferiu desconversar e focar na estreia do próximo domingo na Bombonera, contra o Argentinos Juniors. “O primeiro superclássico é no estádio do River. Mas não gosto de estabelecer objetivos além do Argentinos. O jogo contra o River é importante, são três pontos assim como o jogo contra o Argentinos. Máximo respeito pelo adversário do domingo, que é um clube que revela muito talento. Sem ir mais longe, nosso presidente”. E, questionado sobre o Mundial de Clubes, o meio-campista insistiu com o Argentinos Juniors: “Entendo que os jornalistas sempre vão em momentos. Permita-me como jogador e com a experiência, que não há Copa Libertadores nem Mundial de Clubes sem o Argentinos Juniors. Peço desculpas por não te dar o título”.
Também disse que não se considera um líder nem uma referência no vestiário. “Acabei de chegar. Os líderes são Cavani, Marcos, Romero, Advíncula… Jogadores que estão há muito mais tempo. Tenho que aprender com eles. Em campo tenho uma forma de agir, que é falar. De ser um líder há uma longa distância. Gosto de ajudar quando estou em campo, mas a palavra referência ou líder é tratada com muito respeito e é outra história”, assegurou. E negou que precise “readaptar” seu jogo para se destacar no futebol argentino: “O futebol é futebol em todo o mundo, com pequenas nuances. Joga-se 11 contra 11 tentando marcar gols no gol adversário. Com certas nuances, mas claro que tenho que levar em consideração… Meu jogo me levou a realizar o sonho de jogar no Boca. Não seria inteligente mudá-lo. Adaptar algumas coisas, sim. Acredito que meu jogo é o que me levou a ter a carreira que tive. O futebol na Argentina é futebol. Assim como nos outros países onde joguei”, completou.