Angela León, ativista: “O surgimento do populismo e da extrema-direita tem um impacto sério na saúde global”

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Ángela León (Quito, Ecuador, 33 anos) observa com preocupação o crescimento dos “movimentos antidireitos em todo o mundo”. Ela poderia destacar muitos motivos pelos quais os rejeita, mas concentra-se em um: “O aumento dos populismos e da extrema-direita tem um impacto grave na saúde global”, adverte a diretora-executiva da Women4GlobalFund, uma organização que luta contra a desigualdade no acesso à saúde das mulheres e meninas.

Este resultado, de acordo com León, é uma consequência direta das políticas implementadas por esses regimes, que “investem em segurança enquanto desinvestem nos sistemas de proteção social”, analisa durante uma entrevista em Madri, onde acabou de participar de uma conferência organizada pela fundação Salud por Derecho para abordar os desafios sanitários a nível global. E “não é uma tendência isolada, mas está acontecendo em todo o mundo”, alerta.

No entanto, “é possível provar essa intenção de contaminar os outros?”, questiona León, que acredita que todos esses retrocessos associados à tuberculose, à AIDS ou a outras doenças sexualmente transmissíveis afetarão especialmente “as pessoas mais vulneráveis”.

À medida que organizações como a de León no Equador se esforçam para mobilizar a sociedade civil para frear a reforma do Código Penal, em outros países como o Peru “o debate parlamentar para aprovar um decreto que criminaliza as pessoas trans ocorreu tão rapidamente que ninguém pôde fazer nada”, protesta a defensora dos direitos humanos.

Mais de dois milhões e meio de pessoas morreram no mundo, a maioria no Sul Global, em consequência da tuberculose, da malária ou de doenças relacionadas com a AIDS em 2022, o último ano com dados consolidados. “São as três pandemias” que ainda enfrentamos no mundo, segundo León.

A falta de consenso mundial em saúde foi evidente, destaca a ativista, durante a Assembleia Mundial da OMS, realizada no final de maio em Genebra, onde os países membros da organização não foram capazes de um tratado de pandemias que estavam negociando há dois anos e meio e só conseguiram prorrogar a negociação por mais um ano. “Estou especialmente preocupada com a desigualdade, porque os países do Norte têm muito mais poder de negociação do que os países do Sul, que é precisamente onde os sistemas de saúde devem ser fortalecidos”, aponta a ativista.

E sem essa abordagem global, o mundo não está seguro. “As doenças não conhecem fronteiras e pode acontecer que um surto epidêmico em um local específico se torne uma nova pandemia no contexto atual de grande mobilidade humana”, explica León.

O grande desafio para a ativista é investir em prevenção, o que não só evitaria o surgimento de doenças, mas também resultaria em “uma grande economia ao não ter que enfrentar tratamentos futuros”. “É a parte fundamental no controle de doenças e raramente são dedicados fundos”, protesta a ativista.

Alex Barsa

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