O chefe de Governo da Cidade de Buenos Aires, Jorge Macri, formalizou esta manhã a posse do ex-policial Horacio Giménez como ministro de Segurança da Cidade. Ele fez isso com uma imagem que o mostra ao lado do novo funcionário e de seu antecessor, Waldo Wolff, que deixou seu cargo “para se dedicar à campanha”, conforme comunicado oficial.
O deslocamento de Wolff coincide com três eventos políticos de grande importância: as repetidas fugas de presos das delegacias da cidade, um endurecimento do perfil do gabinete e uma denúncia de espionagem que o ex-ministro realizou contra a libertária Pilar Ramírez, principal referência política na cidade da secretária geral da Presidência, Karina Milei, cinco dias atrás.
“É hora de policiais”, afirmou Macri sobre a entrada de Giménez, que promete mão dura em sua gestão. “Não temos dúvidas de que seu profundo conhecimento no assunto e seu compromisso com a ordem serão fundamentais para que Buenos Aires continue sendo uma cidade segura e organizada para todos os portenhos”, acrescentou.
Em um ano eleitoral, a política pública se mescla com as necessidades partidárias. O Pro, partido governante na cidade, se prepara para competir com os libertários em sua casa matriz e, para isso, decidiu remover o funcionário que era a face visível de um problema recorrente: desde o início da gestão, 87 presos fugiram, sendo que 29 deles foram recapturados. Essa situação tensionou ao extremo o vínculo com o governo nacional, principalmente com a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, uma das ministras com melhor imagem do gabinete.
Em outras palavras, o macrismo na Cidade mostra severidade contra o crime e se antecipa a uma batalha decisiva para sua sobrevivência. Em paralelo, a liderança do Pro se divide entre aqueles que apostam em fechar um acordo com Javier Milei a todo custo e aqueles que pretendem manter a identidade do espaço para conservar a autonomia. É provável que essa divergência eleitoral prevaleça no espaço de Mauricio Macri: enquanto na Cidade se preparam para ir à guerra contra os libertários, nas demais províncias esperam selar alianças.
Os arquitetos do “acordismo” no Pro diminuem o volume dos atritos com a Casa Rosada e observam com desconfiança uma estratégia partidária definida no calor das disputas com os libertários na Cidade. A saída de Waldo Wolff foi um gesto de distensão para resfriar a tensão com o governo?
Na administração da cidade, descartam essa hipótese, mas Jorge Macri tendeu uma ponte: chamou o oficialismo para enfrentar juntos a crise das fugas nas delegacias da cidade. “Isso se resolve entre todos”, afirmou. Destacou que o verdadeiro desafio é proteger os vizinhos: “Essa deve ser a prioridade, independentemente das cores políticas.”
Como parte da solução, confirmou que seu governo enviará um projeto para criar um sistema penitenciário próprio, que abrigue exclusivamente detentos sob a jurisdição da Justiça da cidade. “Com tudo o que for necessário para gerenciar essa problemática urgente”, prometeu.
A entrada de Giménez no gabinete busca mais do que oxigênio: visa desbloquear a relação com a ministra da Segurança e resolver um conflito que está minando a gestão de Jorge Macri. Um frente aberta que, se não for resolvida, pode se tornar um peso na corrida eleitoral.