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É difícil não soar apocalíptico ao fazer um balanço dos danos que o clima está causando na América Latina e no Caribe. Nos últimos 12 meses, período em que repetimos tantas vezes a frase “o dia, o mês, o ano mais quente desde que existem registros”, essa região passou por vários fenômenos extremos que colocaram países, cidades e comunidades diante de crises inéditas. Desde a seca amazônica, que isolou comunidades inteiras, até a fúria do furacão Otis, que atingiu Acapulco, no México, após se fortalecer rapidamente e causar grandes perdas econômicas em todo o mundo.
Ambos deixaram um rastro de destruição considerável e, conforme alertaram os especialistas, são apenas um prenúncio do que está por vir: eventos extremos como esses serão cada vez mais frequentes se a temperatura global continuar a aumentar. América Latina e Caribe, uma região com grande biodiversidade e importantes sumidouros de carbono, como a Amazônia, enfrentam uma grande contradição: mesmo sendo responsável por menos de 10% das emissões poluentes globais, seus países estão entre os mais afetados pelo aquecimento global.
Um dos efeitos mais visíveis está na água. Alguns gráficos e mapas mostram os desafios que a América Latina enfrenta, uma região que detém 30% dos recursos hídricos do planeta, mas onde grande parte da população não tem acesso à água potável ou tem sua vida ameaçada por fenômenos relacionados à água.
Tanto na Cidade do México, que tem enfrentado a ameaça iminente do “dia zero” sem água, quanto em Bogotá, que passa por uma crise hídrica, os desafios são evidentes. Enquanto algumas regiões sofrem com fortes secas, outras são atingidas por enchentes sem precedentes, como no sul do Brasil, onde quase 580.000 pessoas foram deslocadas devido às inundações.Além disso, estima-se que até 365 ilhas do Caribe desaparecerão até 2050 devido ao aumento do nível do mar, fenômeno associado ao derretimento das geleiras.
Portanto, é urgente adotar medidas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas para garantir não apenas a sobrevivência das populações afetadas, mas também a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais para as futuras gerações.