Ayuso defende Milei em meio à polêmica com Sánchez: “Ele foi difamado e a democracia não foi respeitada”

  • Tempo de leitura:4 minutos de leitura

Pouco tempo depois que milhares de argentinos se reuniram em Buenos Aires para protestar contra o presidente da Espanha, Pedro Sánchez – “Sánchez, companheiro, vá se lascar” -, a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, defende o líder do país sul-americano, Javier Milei, no conflito diplomático aberto entre Argentina e Espanha. A cena ocorre na Assembleia de Madrid. O momento, na manhã desta quinta-feira. E o principal argumento é um aviso: se a esquerda ataca Milei, diz Ayuso, não é porque ele se referiu à esposa de Sánchez como “corrupta” ou o definiu como um “socialista arrogante”, mas porque o PSOE, Sumar e Podemos estão tentando replicar na Espanha a mesma “deriva peronista” que aconteceu antes na Argentina. Assim, após quatro dias de silêncio forçado, a baronesa lembra que o ministro dos Transportes, Óscar Puente, foi quem iniciou as críticas cruzadas (sugerindo que Milei poderia ter consumido “substâncias”), e explode: “Eles o difamaram e não respeitaram a democracia!”.

Tudo acontece como nos melhores thrillers, com um lento in crescendo. Primeiro, Ayuso repreende Rocío Monasterio, do Vox, por ter contado com Marine Le Pen e representantes de Donald Trump em um evento no último fim de semana, no qual também participou Milei. Na ocasião, no entanto, a líder do PP não faz referência ao presidente argentino.

Depois, Juan Lobato, do PSOE, traz o assunto à tona – “o problema é que ele é do mesmo tipo de direita que Milei e Trump. Não acha que se parece um pouco com Macron, Merkel, Von der Leyen?”, pergunta -, mas Ayuso mal entra na discussão. Sua resposta: “Você vai dizer alguma coisa ao senhor Puente quando nos chama de loucos, bêbados ou insulta o presidente da Argentina? Claro que não”.

É preciso esperar até a vez de Manuela Bergerot, porta-voz do Mais Madrid, para que a presidente da Comunidade de Madrid comece a revelar suas cartas. Porque a intervenção da líder da oposição é como um pano vermelho diante de um touro bravo. Ayuso escuta e responde no mesmo tom duro.

Os próximos minutos, nos quais Ayuso responde a Bergerot e também ao porta-voz do PP, Carlos Díaz-Pache, são quase um monólogo sobre Milei.

“Querem empobrecer a população como fizeram na Argentina, que era o país mais rico do mundo e que, por suas políticas, hoje é pobre”, acusa a presidente à esquerda. “Por vocês, pelo peronismo, socialismo, subsídio”, diagnostica. “São vocês que causaram Milei a ser presidente, então o que fizeram de errado se ele é tão ruim, porque está fazendo exatamente o oposto do caminho que nos leva na Espanha”, ironiza.

“São vocês que não respeitaram o presidente argentino ou a vontade do povo da Argentina que o elegeu livremente nas urnas, é isso que os incomoda, pois promoveram o clientelismo, a insegurança, a impunidade, o ataque às instituições, ao Poder Judiciário, à deriva peronista à qual levaram a Argentina é o que pretendem na Espanha e é por isso que atacam tanto este presidente, o difamaram e não respeitaram, insisto, a democracia”.

Ayuso também aproveita o plenário para acusar a esquerda de premiar o terrorismo do Hamas com o reconhecimento do Estado da Palestina, anunciado na terça-feira pelo presidente Sánchez. “Pretendem que as democracias façam com o Hamas o mesmo que fizeram com a ETA”, diz a presidente regional. “Você mata, que eu te darei uma comunidade autônoma. Você mata, que eu te darei um Estado”, acrescenta. Em seguida, Ayuso se retira. Falou-se da Argentina. Da Palestina. De Israel. Do Governo da Espanha. De Madrid, durante a sessão de controle à sua presidente, nada.

Inscreva-se aqui em nossa newsletter sobre Madrid, que é publicada todas as terças e sextas-feiras.

Alex Barsa

Apaixonado por tecnologia, inovações e viagens. Compartilho minhas experiências, dicas e roteiros para ajudar na sua viagem. Junte-se a mim e prepare-se para se encantar com paisagens deslumbrantes, cultura vibrante e culinária deliciosa!