Se o empate sem gols com o Argentinos não fosse motivo suficiente de preocupação, Fernando Gago somou mais três dores de cabeça nesta segunda-feira: Ander Herrera, reforço vindo da Europa para comandar o meio-campo, está com dores lombares e está descartado para a partida de quarta-feira contra o Unión, enquanto Marcos Rojo e Luis Advíncula estão com várias lesões físicas e têm um pé fora da viagem a Santa Fé.
Apesar do treinador ter opções de peso para substituir suas ausências (destacam-se as entradas de Rodrigo Battaglia, Ayrton Costa e Lucas Blondel), o problema vai muito além dessas três baixas temporárias: o Boca tem a média de idade mais alta entre os 30 clubes da primeira divisão (27,67), e seus jogadores experientes parecem não estar preparados para suportar o ritmo da competição. Por questões físicas, de comportamento ou baixo desempenho, a maioria dos jogadores com mais de 30 anos que chegaram ao Boca pela mão de Juan Román Riquelme trouxeram mais problemas do que soluções.
Com a chegada de Agustín Marchesin, Ander Herrera e Rodrigo Battaglia, o Boca passou a ter 13 jogadores com mais de 30 anos. A lista é liderada por Edinson Cavani, Sergio Romero e Javier García com 37 anos, seguidos por Herrera com 35, Marcos Rojo, Luis Advíncula e Cristian Lema com 34, Rodrigo Battaglia e Frank Fabra com 33, Juan Ramírez com 32, e Nicolás Figal e Lucas Janson com 30. E poderia ser acrescentado Leandro Paredes, que fará 31 anos no meio do ano e está em negociação com o Conselho de Futebol para selar seu retorno ao clube que o viu nascer.
Os outros grandes clubes? O River está em segundo lugar (27,61), também com vários jogadores experientes sob observação. E atrás estão Racing (25,8), Independiente (24,67) e San Lorenzo (23,05). Outros clubes mais velhos são o Deportivo Riestra (27,56) e San Martín de San Juan (27,05), enquanto o Vélez, último campeão da Copa da Liga, tem a quinta equipe mais jovem (24,5) atrás de San Lorenzo e Aldosivi (23,28), Banfield (23,76) e Talleres (24,47).
Com exceção de Sergio Romero e Guillermo Fernández, que conseguiram certa continuidade apesar de suas constantes oscilações no futebol, os outros jogadores de experiência passaram sem glória pelo clube e acabaram saindo livres ou por empréstimo, quase sempre pela porta dos fundos. O dado é contundente: quase metade dos reforços da era Riquelme tinha pelo menos 28 anos quando assinaram contrato, e apenas 12% tinham menos de 23 anos: Ezequiel Baullaude (22), Kevin Zenón (22), Brian Aguirre (21), Ignacio Miramón (21) e Alan Velasco (22).
Com pouco valor de revenda, nenhum dos 46 reforços conseguiu ser transferido para outro clube. E muitos deles foram rapidamente esquecidos, como Facundo Roncaglia (35), Diego González (32) e Bruno Valdez (30). Outros, como Rojo e Romero, tiveram altos e baixos, e, perseguidos por lesões, passaram longos meses afastados dos gramados, embora o caso de Gary Medel tenha ido além do bizarro: chegou com 37 anos, disputou 11 jogos (sete como titular) e, após não ser considerado por Gago, e receber seis cartões amarelos e um vermelho, rescindiu seu contrato por mútuo acordo.
A estreia na Bombonera contra o Argentinos deixou para o Boca mais três jogadores lesionados: Herrera, que foi titular nos dois primeiros jogos de 2025, saiu com gestos de dor e não fará parte dos convocados para o jogo desta quarta-feira. Vinha jogando pouco no Bilbao e a ideia de Gago é levá-lo devagar levando em conta sua falta de ritmo e sua adaptação ao futebol argentino.
Rojo, por sua vez, tem uma inflamação no tendão de Aquiles esquerdo e o treinador o tirou por precaução. “Poderia continuar jogando, mas preferi não arriscar para que terminasse bem a partida e somasse a quantidade de minutos que queríamos que jogasse. Não pensava em que completaria os 90, mas que jogasse 60 ou 70 minutos. Vi ele bem durante a semana e queríamos que jogasse, mas não houve lesão, apenas um desconforto que vinha o incomodando”, explicou o treinador, consciente das limitações do capitão.
Advíncula, por sua vez, sentiu um desconforto após um lance no segundo tempo (onde evitou um chute perigoso de Santiago Rodríguez, com todo o Boca se lançando ao ataque) e nesta terça-feira de manhã será decidido se estará presente ou não contra a equipe de Kily González.
Além disso, Gago continua sem poder contar com Nicolás Figal (30), que passou por uma artroscopia no tornozelo esquerdo e ficará fora até meados de abril; e Cristian Lema (34), que teve uma lesão no mesmo tornozelo que lhe custou três meses de recuperação.
O calendário do Boca, para piorar, não dará trégua ao longo de todo o semestre. Além do Torneio de Abertura e da Copa Argentina, o Boca terá que disputar duas fases de repescagem para avançar para a fase de grupos da Copa Libertadores. Serão, no total, nove jogos em 30 dias. E, se avançar, mais quatro jogos até a paralisação pela data FIFA nas últimas semanas de março. Uma sequência muito difícil de enfrentar com jogadores em idade avançada.
Boca, também, sofreu lesões em seus jogadores mais jovens. Ignacio Miramón, de 21 anos, e Tomás Belmonte, de 26, não fizeram parte da lista na estreia contra o Argentinos Juniors por diferentes lesões musculares. E também não havia sido convocado para o jogo contra o Argentino de Monte Maíz Edinson Cavani, outro que costuma ser tratado com cautela e foi poupado pelo treinador para a estreia no Apertura.
Com Marchesin no gol, Advíncula, Battaglia, Rojo e Fabra na defesa, Ander Herrera no meio-campo e Cavani no ataque, o 11 ideal do Boca teria uma média de idade de 30 anos. Um número alto que não trouxe, até o momento, os resultados esperados.