Os primeiros dias de Miguel Russo no comando do Boca Juniors transcorrem entre conversas, planejamento e um olhar atento para os reforços. O treinador retornou ao clube com um desafio enorme pela frente: preparar a equipe para o Mundial de Clubes, onde a exigência será máxima desde o início. A viagem para os Estados Unidos, programada para este domingo, será o pontapé inicial de um novo ciclo, com treinos agendados em Miami enquanto aguardam a estreia oficial, em 16 de junho, contra o Benfica. Serão dias de trabalho, de ajustes e também de contratações, porque a ideia da diretoria é clara: acelerar as negociações e garantir que os novos rostos estejam a bordo do avião. O Boca começa a se estruturar. E o relógio já está correndo.
Os dois primeiros passageiros já têm as malas quase prontas. Porque nestas horas, o Boca fechou com seu primeiro reforço e avançou firme para o segundo. Embora a prioridade de Miguel Russo fosse somar nomes no meio e no ataque, a equipe, finalmente, começará a se construir de trás para frente. São dois defensores: um zagueiro e um lateral. Um deles vinha sendo observado há tempos pela diretoria – teria chegado além do treinador da época -, e o outro surge como um pedido direto do técnico, que o incluiu no topo de sua lista de desejos: Marco Pellegrino e Malcom Braida.
Russo quer obrigatoriamente um volante e pelo menos um atacante de lado. Pellegrino, ex-Platense, Salernitana e Independiente, com 60 jogos na primeira divisão sem marcar gols, será o primeiro reforço nesta nova fase.
Além de sua chegada, o Boca permanece atento a outro zagueiro: Ayrton Costa ainda não tem garantida sua participação no Mundial de Clubes devido a problemas com seu visto, e o contrato de Marcos Rojo vence no final do ano sem sinais claros de renovação. Nesse contexto, surge a chance de Gastón Hernández, do San Lorenzo, mas sua cláusula é alta: 10 milhões a serem desembolsados em uma única parcela. O Boca ofereceu quatro e não planeja se estender muito mais. Outro nome na lista é o de Ignacio Vázquez, campeão com o Platense, embora hoje esteja distante na consideração do Conselho de Futebol do clube xeneize.
Braida solicitou que o Boca e o San Lorenzo negociassem, embora, se não houver acordo, analisa a possibilidade de acionar a cláusula.
O próximo grande alvo se chama Leandro Paredes. O meio-campista da seleção argentina, que não estará presente nesta quinta-feira contra o Chile por acumulação de cartões amarelos, treina em Ezeiza enquanto aguarda o jogo de terça-feira contra a Colômbia. Aproveitando sua estadia no país, o Boca voltou à carga. Em março, o jogador incluiu uma cláusula em seu contrato com a Roma que permite seu retorno ao Boca se o clube argentino pagar 3,5 milhões de euros. No entanto, depois disso, deverá acertar o contrato pessoal, e aí estaria o ponto de atrito. Como a Roma não participará do Mundial de Clubes, Paredes terá férias até julho e, no dia 24 deste mês – mesmo dia em que o Boca enfrentará o Auckland City no encerramento do Grupo C – jogará uma partida beneficente em Caseros.
A intenção do Boca é que ele se junte à delegação diretamente nos Estados Unidos. O regulamento da FIFA permite a inscrição de reforços entre 1 e 10 de junho, prazo final para apresentar a lista definitiva de 26 a 35 jogadores. Em seguida, haverá outra janela de 27 de junho a 3 de julho, entre a fase de grupos e as quartas de final. Caso Paredes não chegue, os alvos em seu lugar são Aníbal Moreno (Palmeiras) e Fausto Vera (Corinthians), embora o sonho ainda seja o jogador da Seleção.
No ataque, Russo busca velocidade. Quer pontas rápidos, capazes de abastecer os atacantes. Exequiel Zeballos agrada, Brian Aguirre é uma incógnita a ser avaliada, mas a ideia é somar mais opções. Como se espera que o Boca libere vagas de estrangeiros com a dupla cidadania de Miguel Merentiel e Williams Alarcón, a mira está nos jogadores colombianos: Jáminton Campaz, campeão com Russo no Central em 2023, Marino Hinestroza (Atlético Nacional) e Jhon Córdoba (Millonarios) são alguns dos que estão sob consideração. Também interessa Lucas Villalba, do Nacional de Montevidéu. No entanto, quem está mais próximo é Walter Mazzantti, que conta com o aval da diretoria e da comissão técnica de Russo. O ex-Atlanta tem contrato com o Huracán até dezembro de 2023 e seu passe (partilhado igualmente entre o Globo e Huachipato, do Chile) está avaliado entre três e quatro milhões de dólares, embora o Boca tente reduzir o valor com dinheiro e possíveis jogadores como parte do pagamento.
O plano já está em andamento. Com Miguel Russo no comando, o Boca começa a moldar sua versão de 2025 com os olhos postos no grande objetivo do ano. O Mundial de Clubes está à espera. E o Boca quer chegar preparado, com um elenco completo que lhe permita competir de igual para igual com os melhores do mundo.