Com a cabeça erguida: os jovens que encheram de orgulho todo o Racing com futebol e coragem

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As lágrimas após o encerramento do jogo serão, no futuro, apenas uma anedota dentro de uma história incrível que os jovens do Racing poderão contar. Os garotos, integrantes de uma seleção da sexta e sétima divisão da Academia, escreveram em sua jornada com sonhos de se tornarem profissionais uma página inesquecível no Mundial de Clubes juvenil, onde perderam por 1 a 0 na final para o Barcelona. Com bom futebol e coragem, respeitando absolutamente o escudo, os adversários e também os colegas e equipe técnica, os meninos das categorias de 2008 e 2009 honraram as cores celeste e branca na partida decisiva do torneio internacional. Entraram em campo com o apoio de um grupo de torcedores acadêmicos que cantaram incessantemente durante todo o jogo, disputado na cidade espanhola de Córdoba. Pisaram no gramado também com o apoio à distância dos meninos e meninas das divisões de base da Academia, que assistiram à partida em uma tela gigante no complexo Tita Mattiussi, berço de talentos exportados pelo clube de Avellaneda. Além disso, contaram com saudações muito especiais: diferentes jogadores e ex-jogadores que foram formados no centro de treinamento albiceleste fizeram parte de um vídeo exibido à equipe antes de irem para o estádio. Os campeões do mundo Rodrigo De Paul e Lautaro Martínez estavam entre aqueles que enviaram seu apoio aos garotos, assim como um dos grandes ídolos e campeões do clube: Lisandro López. O sentimento de pertencimento e a motivação se reforçaram entre todos. Os garotos que disputaram a final foram apoiados por profissionais que, anos atrás, tiveram os mesmos sonhos que eles. E no complexo, sentados na grama de um dos campos daquele espaço incentivado pelos torcedores em tempos de crise, meninos e meninas acompanhavam a partida com nervosismo, esperança e o desejo, também, de um dia representarem o Racing em um torneio dessa grandeza. Em plena tarde argentina, os torcedores também tentavam observar à distância o confronto entre os garotos do Tita Mattiussi e os formados em La Masía, a renomada escola que abrigou – entre outros fenômenos – o grande Lionel Messi. Matías Martínez, o treinador que também se formou e jogou no clube, escolheu o time titular composto por Nicolás Monges; Juan Quiroz, Thiago Gómez, Joaquín Dobal, Jeremías Arias; Mateo Melluso, Bautista Pérez, Erik Florentín; Ezequiel Fischer, Aquiles Mansilla e Ezequiel Pérez, cuja atuação foi muito destacada e elevou o espírito do futebol argentino. Também fizeram parte da aventura Benicio Romero, Lucas Álvarez, Santiago Bárcena, Ramiro Zotelo, Valentino Ahumada, Alex Balbuena, Enzo Ibarras, Luca Rodríguez e Benjamín Borowik, artilheiro que, por problemas físicos, não pôde estar disponível contra o Real Madrid – nas semifinais – e contra o Barcelona. A equipe, que venceu o Sevilla (2-1), Corinthians (1-0), Pogba Academy (4-1), Betis (5-4) e Real Madrid (2-1), contou ainda com o preparador físico Juan Corbo, Alejandro Cruz (treinador de goleiros), Esteban Fernández (médico), Alejandro Rudiw (fisioterapeuta) e Juan Militich (roupeiro). A delegação teve como líder Miguel Gomis, o coordenador de 80 anos que antes e depois da final estava visivelmente emocionado. “No Racing, temos algo especial: os jogadores assumem afetivamente um compromisso diferente por como lidamos com eles. Fazemos com que se sintam bem, venham com vontade de treinar. Os técnicos não os repreendem após os treinos, para que não levem uma má sensação para casa. No dia seguinte, no entanto, eles são recebidos e corrigimos o erro que houve. Não é o mais importante, mas ajuda a fortalecer o senso de pertencimento”, refletiu – na La Red – o descobridor de talentos, entre outros, Diego Milito. Para muitos dos garotos, o Mundial representou também uma nova oportunidade. Monges (2009) era o goleiro reserva na liga, mas atuou e se destacou nesta competição. Benicio Romero (2008), com passagem pela seleção argentina juvenil, foi o primeiro a apoiá-lo. Durante a competição, em uma chamada de vídeo com a equipe, Sebastián Saja, diretor esportivo e ex-goleiro do clube, destacou uma atitude do reserva: “Te vi gritando o gol, indomável, e isso é um exemplo de colocar o grupo à frente de tudo. Também fui reserva nos juvenis e a chave é continuar trabalhando duro”. Erik Florentín, o camisa 10 da Academia, foi outro jogador que cativou os torcedores. Com seus toques de pura magia, o nativo de Villa Fiorito foi um dos mais seguidos nas redes sociais, onde seu brinde com uma camisa com a inscrição “diretamente de Villa Fiorito” se tornou viral. O talentoso meio-campista ofensivo faz parte do clube desde as categorias de base e subiu gradualmente em campo, já que em seu início era lateral direito. Mundial de Clubes Juvenil 2025: Racing Club vs. BarcelonaMundial de Clubes”Há jogadores muito bons. E no Mundial não estavam Matías Acevedo, Mateo Martínez e Tello”, ressaltou o jornalista Martín Jiménez Guerra, criador do El Método Racing, dedicado à jornada das categorias infantis e juvenis do clube, que conhece vários dos agora finalistas desde que eram muito jovens. Quiroz, outro titular da equipe acadêmica, também faz parte da vida do clube desde os times infantis. Aquiles Mansilla, autor do gol que classificou para a partida final, ficou com o prêmio de artilheiro do Mundial, com quatro gols, enquanto um dos destaques foi Bautista Pérez, meio-campista central como seu pai, ex-jogador formado na Academia. Jeremías Arias, cujas incursões pela esquerda foram um clássico durante todo o torneio, gerou a chance mais clara no primeiro tempo, quando um rebote de seu chute resultou em uma intervenção incrível do goleiro do Barcelona que Aquiles não conseguiu capitalizar. O gol de Artem Rybac, a 12 minutos do final do jogo, quebrou a igualdade de um confronto no qual o Racing se destacou na etapa inicial. O cansaço e a classe com que os rivais formados em La Masía resolveram a partida conspiraram para que a história terminasse com uma derrota por 1 a 0. Até a última bola, a Academia tentou. Com orgulho, caráter e bom futebol. Como queria Tita, a torcedora mais importante da história da instituição, cuja memória nunca morre.

Alex Barsa

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