Os trens mais luxuosos do mundo combinam paisagens incríveis com o mais alto conforto. Existem viagens que são feitas sem pressa: travessias onde o tempo se estica, a vista desliza lentamente pela janela e o encanto não é chegar, mas sim a maneira de ir. Os trens mais exclusivos do mundo oferecem exatamente isso: são hotéis cinco estrelas em movimento, cápsulas de conforto que percorrem paisagens sonhadas ao ritmo pausado de outra época. Da campina italiana ao deserto australiano e das Montanhas Rochosas canadenses ao luxo indiano, esses trens transformam o deslocamento em uma arte.
Descobrindo a Índia imperial
O Maharajas’ Express oferece quatro itinerários diferentes de entre 4 e 7 dias que conectam algumas das cidades mais fascinantes do norte e oeste da Índia. Ser passageiro do Maharajas’ Express é brincar de ser parte da realeza indiana e dos nobres que reinaram até a independência do país. Desde que começou a operar em 2010, este trem se consolidou como o mais luxuoso da Índia e também como um dos melhores do mundo, escolhido sete anos seguidos como “Melhor Trem de Luxo do Mundo” pelos World Travel Awards. Possui 23 vagões preparados para acomodar até 88 passageiros, e conta com quatro tipos de cabines: Deluxe, Junior Suite, Suite e a suntuosa Presidential Suite, que ocupa um vagão inteiro e possui sala de estar, duas suítes e dois banheiros.
Os vagões foram nomeados como pedras preciosas e semipreciosas, e cada categoria possui sua própria elegância. A experiência a bordo se completa com dois restaurantes: Rang Mahal, com um teto pintado à mão cheio de cores, e Mayur Mahal, inspirado no pavão, a ave nacional da Índia. Também há dois bares ideais para relaxar após um dia de excursões, o Rajah Club e o Safari Bar.
O trem oferece quatro itinerários diferentes de entre 4 e 7 dias que conectam algumas das cidade mais fascinantes do norte e oeste da Índia: Delhi, Agra, Jaipur, Udaipur e Varanasi são algumas delas. Em cada parada, os passageiros podem explorar fortes, palácios, templos milenares, mercados tradicionais e reservas naturais, sempre com o plus de viver propostas exclusivas, desde refeições privadas em palácios até espetáculos de danças típicas. A intenção é que o passageiro possa mergulhar na história e na essência vibrante da Índia.
Imerso na floresta canadense
Os janelões panorâmicos do teto ao chão do Rocky Mountaineer são uma de suas imagens mais conhecidas. É uma das imagens de trens mais reconhecidas e divulgadas nas redes sociais: com sua cúpula de vidro, o Rocky Mountaineer atravessa as florestas, lagos e picos nevados do Canadá permitindo que seus passageiros se deslumbrem a cada trecho. Seus janelões panorâmicos do chão ao teto até permitem ser testemunhas da vida privada da fauna mais selvagem da região.
Ao contrário de outros trens de luxo, este não possui cabines para dormir. Suas viagens são realizadas apenas durante o dia, quando o cenário é verdadeiramente apreciado, e as noites são passadas em hotéis de luxo nas diversas paradas. O serviço a bordo inclui um menu gourmet inspirado em ingredientes locais e vinhos da região, além de relatos e curiosidades sobre cada local visitado.
O trem tem várias rotas disponíveis. As mais famosas percorrem o coração das Montanhas Rochosas canadenses, ligando Vancouver a destinos como Jasper, Banff ou Lake Louise, atravessando passagens históricas como a Kicking Horse Pass ou os Túneis Espirais. Ao mesmo tempo, existe um itinerário nos Estados Unidos que liga Colorado e Utah, permitindo descobrir as paisagens desérticas e os cânions do oeste norte-americano.
Um dos percursos mais icônicos deste trem é aquele que atravessa as Montanhas Rochosas.
Em todos os casos, há duas categorias de serviço. O primeiro é GoldLeaf, com um vagão de dois andares, assentos reclináveis de luxo e terraço ao ar livre. O segundo é SilverLeaf, com janelões panorâmicos e um ambiente mais íntimo. O que está claro é que todos desfrutam de um hotel ambulante onde o privilégio não está apenas nos detalhes, mas principalmente na natureza exuberante.
Glamour vintage na Inglaterra
Os itinerários do British Pullman costumam ser escapadas de um dia a partir de Londres para cidades e cantos da Inglaterra como Oxford e Bath, além de castelos e catedrais. Mais do que uma viagem geográfica, a do British Pullman é uma viagem no tempo. Parte da coleção de trens Belmond, este trem busca reviver a era dourada das viagens pelo Reino Unido, com todo o glamour e elegância das décadas de 20 e 30.
Por isso, cada vagão é uma joia restaurada, com detalhes originais como painéis de madeira entalhada, luminárias de época, assentos estofados à mão e louça de porcelana. Sim, tudo foi pensado para que o passageiro se sinta dentro de um romance de Agatha Christie. De fato, alguns dos carros históricos fizeram parte do lendário Venice Simplon-Orient-Express.
Em geral, os itinerários são escapadas de um dia a partir de Londres para diferentes cantos pitorescos da Inglaterra: de cidades como Oxford, York e Bath a castelos, jardins, catedrais ou paisagens rurais. Também há saídas temáticas, como almoços de várias horas a bordo, viagens com “mistério de assassinato” incluído ou jantares assinados por chefs convidados.
A elegância clássica deste trem se destaca especialmente nos serviços de comida.
O serviço é impecável, como a tradição britânica indica, e cada detalhe – desde a papelaria até os uniformes da equipe – é projetado para manter viva a fantasia de estar viajando em outra época. Eles oferecem menus gourmet, coquetéis, champagne e uma ambientação de elegância clássica. Uma verdadeira homenagem à arte de viajar sem pressa, celebrando o melhor espírito inglês.
Viagem ao coração selvagem da Austrália
The Ghan atravessa a Austrália de um extremo ao outro, percorrendo uma distância de 2900 quilômetros entre Darwin e Adelaide. Não é fácil percorrer a Austrália, um país grande como um continente, mas The Ghan pode ser uma ótima forma de fazê-lo. Seu percurso atravessa o território de ponta a ponta: são mais de 2900 quilômetros entre Darwin, no norte tropical, e Adelaide, no sul costeiro, passando pelo deserto, pelas Montanhas MacDonnell, por povoados remotos e paisagens que parecem de outro planeta. A viagem completa leva três noites e quatro dias, embora também exista a opção de fazê-la em trechos mais curtos.
O nome homenageia os camelos afegãos que, no século XIX, exploraram essas terras remotas. Por isso mesmo, viajar neste trem é mergulhar na alma do país: desertos vermelhos, planícies infinitas, gargantas íngremes e céus profundamente estrelados. Tudo pode ser visto do conforto de vagões elegantes e sofisticados, com cabines privadas, amplas e com vistas panorâmicas. As cabines são projetadas para o descanso absoluto, com opções Gold e Platinum, com banheiro privativo e atendimento personalizado. E a confortável poltrona que permitiu ver a paisagem durante o dia se transforma em cama conforme a noite cai. Além disso, em 2026 incorporarão as suítes Aurora Australis, ainda mais luxuosas do que as que já existem, com cama Queen size e três vezes o tamanho da cabine Platinum.
Durante a noite, uma cama ampla para dois. Durante o dia, um sofá perfeito para ver a paisagem.
Já a gastronomia não fica para trás, celebrando os sabores locais, com carnes exóticas como crocodilo, canguru, barramundi e vinhos da região. As excursões incluídas permitem descer para explorar alguns dos lugares mais impactantes do percurso: os desfiladeiros de Katherine, entre penhascos e cachoeiras; a cidade de Alice Springs como porta de entrada para o Outback, a região desértica do interior da Austrália; ou Coober Pedy, a excêntrica cidade subterrânea dos mineiros de opala.
A proposta gourmet celebra os sabores locais, como crocodilo, canguru, barramundi ou vinhos da região.
Desde sua primeira viagem em 1929, The Ghan é um ícone australiano. Sua travessia combina luxo, história, natureza selvagem e a sensação de estar atravessando um dos territórios mais desafiadores do planeta.
Ao ritmo dos anos 60 italianos
La Dolce Vita é o novo projeto ferroviário da marca Orient Express, e acaba de fazer sua primeira viagem inaugural. Na Itália, existem mais de 16.000 quilômetros de trilhos. E é sobre esses trilhos – que atravessam paisagens, cidades e regiões de uma beleza cativante – que renasce o glamour das viagens de trem com La Dolce Vita, o novo projeto ferroviário da marca Orient Express, propriedade do grupo hoteleiro Accor.
Inspirado no espírito livre e sofisticado dos anos 60, este não é apenas um trem de luxo; é mais uma declaração de estilo. O design de seus vagões combina detalhes vintage com um espírito muito italiano: madeiras nobres, veludos, tapetes com padrões geométricos e uma paleta de cores que homenageiam os entardeceres do Mediterrâneo.
O vagão de jantar parece saído de um filme. Cada menu é inspirado nos sabores locais das regiões que atravessa.
O trem, que acaba de realizar sua viagem inaugural em 4 de abril, percorrerá diversas rotas por toda a Itália, conectando ícones turísticos como Roma, Veneza, Sicília ou a Costa Amalfitana, mas também fazendo paradas em lugares menos explorados, como Matera ou os Alpes do Sul. A experiência é pensada para viajar sem pressa, aproveitando a paisagem e as paradas cuidadosamente selecionadas. Como não poderia deixar de ser na Itália, a gastronomia desempenha um papel de destaque: cada menu é inspirado nos sabores locais das regiões que atravessa, com produtos sazonais e vinhos de pequenos produtores.
Elegância clássica, tecnologia moderna e a deslumbrante paisagem da campina italiana se combinam nos camarotes.
As cabines, todas com banheiro privativo, combinam elegância clássica e tecnologia moderna. Elas contam com as opções Deluxe, de 7 m2, paredes de espelho e um sofá-cama que se transforma em uma cama de casal à noite; e as suítes, de 11 m2 e que além da cama oferecem um sofá e uma mesa com dois poltronas individuais.
Os espaços comuns, como o bar ou o restaurante, convidam a viver a dolce vita em sua máxima expressão: um brinde, um aperitivo, uma conversa sem pressa enquanto o trem avança em direção à próxima paisagem.