Como segue o Boca, entre o adeus a Miguel Russo e a exigência de olhar para frente

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Na Bombonera, enquanto os torcedores e o clube se despedem de Miguel Russo com profunda tristeza, qualquer ideia sobre o que está por vir parece distante, incerta e inoportuna. A tristeza invade a todos: jogadores, dirigentes e, obviamente, a comissão técnica. No entanto, mesmo ainda carregando o peso da dor, o Boca terá que começar a olhar para o futuro, mesmo que não seja fácil se abstrair do contexto. O jogo contra o Barracas Central que seria disputado neste sábado foi suspenso, com a data a ser confirmada, mas a equipe terá que enfrentar as últimas rodadas do Clausura em meio a um contexto excepcional: emocionalmente abalado, o elenco voltará aos treinos neste sábado sem o treinador que formou esse grupo de jogadores e novamente com Claudio Úbeda à frente, pelo menos até dezembro. Durante este período, o Boca buscará, além de lutar pelo título, garantir sua classificação para as copas e se preparar para o clássico contra o River, no dia 9 de novembro.

Nos últimos meses, o Boca respeitou ao máximo o desejo de Russo: trabalhar até o último dia. Permitiu que o técnico decidisse, de acordo com seu estado de saúde e o conselho médico, em quais momentos poderia estar presente e em quais não. Conforme o desfecho se tornou inevitável, e para lhe dar tranquilidade, Juan Román Riquelme decidiu que Úbeda, seu auxiliar mais próximo, o substituiria em sua ausência, aconteça o que acontecer, mesmo que a equipe não obtivesse bons resultados. O elenco do Boca, com Úbeda no comando, voltará aos treinamentos neste sábado.

A medida foi tomada após o empate em 2 a 2 com o Central Córdoba, último jogo de Miguel Russo no banco, e também foi comunicada aos líderes do elenco, que compreenderam a delicada situação do treinador e se comprometeram a manter a equipe unida e em harmonia, apoiando as decisões da comissão técnica. Inclusive, se ofereceram para visitar o técnico em sua residência, mas diante da recusa da família, que preferiu não expor Russo, enviaram uma saudação gravada.

O contrato do treinador do Boca expirava em 31 de dezembro de 2026, pois ele havia assumido no meio deste ano, na véspera do Mundial de Clubes, e a AFA não permite registrar contratos com duração inferior a 12 meses. A curto prazo, Úbeda continuará no comando da equipe até o final do Clausura, a menos que ele decida o contrário. Junto com Riquelme, Juvenal Rodríguez – o outro assistente- e Gonzalo Belloso, foram as pessoas do mundo do futebol que estiveram mais próximas de Russo durante sua internação e uma das mais afetadas por sua partida, então também não será fácil ocupar o lugar de quem foi seu “mestre, amigo e irmão”, como ele mesmo definiu em uma emocionante postagem no Instagram. Inicialmente, o ex-defensor completará estas cinco rodadas restantes e, eventualmente, os play-offs, seguindo a linha de trabalho que Russo lhe havia designado.

A exigência esportiva está em segundo plano hoje. O Boca, que vem de anos sem conquistas – seu último troféu foi a Supercopa Argentina, no início de 2023, com aquele triplete de Darío Benedetto-, ainda está atravessando a tristeza pela morte de Russo. No entanto, quando a bola voltar a rolar, a pressão será sentida novamente, além da valorização que Úbeda conquistou nos torcedores por sua lealdade e cuidado para com Russo, tanto como técnico quanto como pessoa. A incerteza sobre Úbeda se concentra principalmente na confiança que ele pode gerar dentro do elenco. Embora ele conduza os treinos em Ezeiza há semanas, até com a presença de Russo, há uma grande diferença entre ser assistente de um técnico consagrado, que supervisiona e mantém a última palavra, e se colocar diante do grupo como treinador principal.

Por enquanto, o Boca tenta se reorganizar e assimilar um golpe inédito em sua história. A morte de Russo é um fato sem precedentes: é o primeiro treinador do clube a falecer no exercício do cargo. É uma situação para a qual ninguém está realmente preparado, embora a direção, com o maior sigilo possível, já tenha começado a preparar o cenário para uma transição ordenada, necessária, porém dolorosa. Enquanto isso, na quarta-feira, a equipe teve duas baixas: Cavani, com um novo problema muscular, e Alan Velasco, que sofreu uma lesão ligamentar após uma colisão com Tomás Belmonte. Pequenos contratempos que tornam a situação ainda mais complexa.

O Boca voltará a jogar no fim de semana do Dia das Mães, ocasião em que será prestada uma homenagem emocionante a Russo antes da partida contra o Belgrano. Em seguida, ocorrerá uma pausa para as eleições e para o encerramento da fase regular do Clausura, com o Estudiantes em La Plata e os confrontos contra o River e o Tigre na Bombonera. O jogo pendente com o Barracas poderia ser reprogramado para sexta-feira, 17 de outubro. A aposta é que Úbeda consiga levar a equipe o mais longe possível no campeonato. Uma vez finalizado, serão avaliados os próximos passos, em função dos resultados, do apoio do torcedor e da decisão do próprio treinador.

Neste momento, uma opção é que o clube adicione um novo auxiliar de campo para Úbeda, que continuará trabalhando ao lado de Rodríguez – seu braço direito -, Adrián Gerónimo e Cristian Aquino como preparadores físicos, e Cristian Muñoz como treinador de goleiros. Neste caso, poderia ser incorporado alguém da estrutura do futebol juvenil, como Blas Giunta, Roberto Pompei, Mauro Navas, Claudio Morel Rodríguez, Silvio Rudman e Pablo Ledesma.

Se Úbeda não continuar no final do ano, e com o Conselho de Futebol dissolvido no início de agosto em meio à sequência de 12 jogos sem vitória, a decisão sobre o próximo treinador recairá, agora mais do que nunca, sobre Juan Román Riquelme. Ali, os mesmos nomes de sempre aparecerão: Pekerman, Martino, Milito, Mohamed, e novamente Almirón. Por enquanto, o foco está em Russo: assimilar sua despedida e recuperar a glória em homenagem ao seu legado.

Alex Barsa

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