Estavam procurando por um contêiner e o Marketplace surpreendeu-os com um ônibus antigo e fora de circulação. Assim, com o encontro casual de um anúncio, começou o Bondi Lodge, um original alojamento em Chacras de Coria que está recebendo turistas de todo o mundo há duas temporadas.

Entre plantas de lavanda, alecrim, orégano e jasmim leiteiro estão os três ônibus reciclados, um com capacidade para quatro pessoas e os outros dois para duas pessoas cada um.

O lodge está localizado em um terreno de mil metros quadrados no final de um beco comunitário, que os vizinhos concordaram em fechar com um portão. Entre plantas de lavanda, alecrim, orégano e jasmim leiteiro estão as três unidades que hoje compõem o complexo: a maior – a primeira que conseguiram – tem trinta metros quadrados e é para quatro pessoas, e as outras duas, localizadas ao seu lado, são um pouco menores e só podem receber duas pessoas.

“Quando os ônibus antigos chegaram, os vizinhos nos convocaram para uma reunião: pensaram que estávamos fazendo um cemitério e que iríamos desvalorizar suas casas”, lembra Jaime Montilla, sócio juntamente com seu primo, Fausto Omati.

Jaime Montilla, um dos empreendedores que apostou nessa forma original de hospedagem.

Chacarita era na verdade o bairro de Buenos Aires onde estavam duas das unidades (a outra estava em um depósito da empresa Andesmar), que depois de meses de um cuidadoso trabalho conseguiram reformar com comodidades inimagináveis: chuveiro potente de água quente, melhor do que o de qualquer hotel, wifi, camas e poltronas confortáveis, móveis de qualidade e uma utilização inteligente de cada espaço. Grande parte dos assentos dos ônibus foi utilizada para as áreas comuns ou o espaço do jardim e churrasqueira que cada unidade possui.

“Trabalhar com um contêiner é muito mais fácil, é uma folha em branco. Mas o ônibus tem suas janelas, sua estrutura, foi difícil todo o trabalho de adaptação, muito artesanal e sob medida”, conta Montilla. Em determinado momento da obra, perceberam que precisavam fixar os ônibus no chão e tiveram que chamar guindastes para erguê-los e colocar uma placa de cimento embaixo.

Enquanto gerenciavam a obra, contrataram um paisagista para o jardim. Em sintonia com o conceito, propuseram plantar espécies de baixo recurso hídrico, que não necessitassem de irrigação por meses. Apenas 15% é gramado.

O primeiro a ser inaugurado foi o maior, que possui uma cozinha e sala de jantar ao entrar, um pequeno quarto, um banheiro completo e um quarto principal com cama de casal. É equipado com materiais nobres, muita luz e uma cozinha completa para não precisar sair para comer fora. Mas se os hóspedes preferirem sair, Jaime se encarregou de montar um guia cuidadoso com as melhores opções da região.

Prosseguiram com uma unidade que também foi compartimentada: o quarto é separado da sala de estar pelo banheiro. Na terceira e última, por sua vez, decidiram experimentar um formato loft, que proporciona mais amplitude; apenas o banheiro possui seu espaço separado.

O complexo faz muito sucesso nas redes e é cobiçado por estrangeiros. Em seus outros alojamentos, a maioria dos hóspedes são argentinos e chilenos, mas no Bondi Lodge também se hospedaram europeus, alemães, franceses, famílias com crianças, grandes casais, o público é diversificado. Todos chegam em busca de uma hospedagem diferente.

Poucos meses após a abertura, veio do Paraguai a influenciadora Drea León (@bydrealeon), que viaja pelo mundo em busca de hospedagens exóticas e glampings. Seu vídeo do Bondi Lodge se tornou viral e teve mais de 5 milhões de visualizações: no mesmo dia conseguiram 65 mil novos seguidores e muitas consultas. Os preços por noite variam de 60 a 80 dólares.

“Não sabemos se vamos expandir o lodge. Por agora, nosso objetivo é trabalhar na experiência. Temos muitas ideias, para que seja como um Disney do ônibus. Estamos felizes por termos encontrado um conceito: transformamos o que é considerado sucata ou inútil em algo legal, diferente”.