Em estado de graça anda o Racing. Como se até mesmo as bolas que nem mesmo ele se propõe saem, como aqueles dois cabeceios de Facundo Mura para virar o placar como visitante contra o San Lorenzo. Com essa vitória por 2 a 1, a Academia acumula sua quinta vitória consecutiva desde aquela histórica semifinal contra o Corinthians. E viajará para Assunção para jogar a final da Sul-Americana no próximo sábado a três pontos do Vélez, o líder do campeonato, e com uma boa posição na tabela anual, onde ficou em segundo lugar.
O Bajo Flores era a última parada antes de partir para o Paraguai, para jogar aquela final internacional que espera há 32 anos. Não havia uma melhor preparação para os de Costas, que mais uma vez reverteram um placar (como contra o Timão, Independiente Rivadavia de Mendoza e San Lorenzo) que é mais um impulso anímico para um elenco que está com a moral nas alturas.
Durante o primeiro tempo, o Racing mostrou toda a ansiedade e nervosismo que acumula antes da viagem. Quando conseguia colocar a bola no chão, conseguia complicar o San Lorenzo. Mas seus jogadores passaram boa parte do primeiro tempo protestando contra o árbitro Yael Falcón Pérez. Uma demonstração: nos primeiros 45 minutos, Santiago Quirós, Maximiliano Salas e Santiago Sosa terminaram amarelados. A segunda parte foi outra história.
O treinador, como sempre, também viveu o jogo com muita intensidade. Se tirava e colocava o casaco, mesmo que a tarde no Bajo Flores estivesse sempre nublada e ventosa. Na preparação, os antecedentes do treinador acadêmico neste estádio eram preocupantes: quatro jogos, quatro derrotas sem sequer marcar um gol (0-4 Clausura 1999, 0-1 Clausura 2000, 0-3 Clausura 2007 e 3-4 Apertura 2007). O gol inesperado de Facundo Mura acabou com essa maldição. E de que maneira.
O contraste parecia estar no banco de reservas do time da casa, onde tudo era gerenciado com a habitual tranquilidade que a figura de Miguel Ángel Russo gera. Claro que os antecedentes imediatos ajudavam: o Ciclón vinha para este jogo com três jogos sem derrota (1-0 contra Barracas Central, 1 a 1 contra Estudiantes e 1 a 0 contra Rosario Central). No entanto, quando veio o empate do Racing, o ânimo no estádio mudou. A raiva apareceu entre os torcedores locais. E o Racing aproveitou a oportunidade.
Se a lei do ex é uma daquelas regras do futebol que indica que um jogador tem muitas chances de marcar contra um time pelo qual já passou, para o Ciclón isso era triplo. Gastón Gómez, Gastón Campi e Alexis Cuello são jogadores formados na Academia, além de que Russo também teve passagem pelo meio celeste e branco de Avellaneda em 2010.
Uma jogada quase idêntica à que deu a vitória ao Racing quando o tempo já estava esgotado. Embora tenha merecido, o Racing virou o resultado com duas jogadas em que a sorte parecia estar do seu lado. E com um goleador inesperado como Mura. Mais um exemplo do final de ano que atravessa.