Fuga: uma vila de apenas algumas quadras que surpreende com arquitetura centenária estilo catalão

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Dentro de apenas duas ou três manzanas, os visitantes podem percorrer as construções erguidas ao longo das vias de uma ferrovia que já não circula por ali: a Esquina Catalã com seus comércios, as casas inversas, o antigo hotel Mayol e os museus. Além disso, a igreja que está nos arredores.

Essa localidade “mayolera”, como a descrevem seus habitantes, foi fundada em 1907, quando foi criada a estação ferroviária para o transporte de cargas e passageiros, nas terras adquiridas em 1865 pelo estancieiro catalão Felipe Mayol, para desenvolver uma colônia agrícola. Casado com a argentina María Luisa Cramer, destacou-se na família a gestão de seus filhos Jorge e Arsinda, encarregados de urbanizar o povoado, ao qual imprimiram um estilo europeu.

Jorge Mayol especializou-se em engenharia civil na França e uma das relevantes criações que dirigiu nessa cidade bonarense foi o imponente hotel Mayol, onde os trabalhadores rurais se instalavam em tempos de colheita. Atualmente, é um dos estabelecimentos preferidos dos mayoleros para celebrar suas festas tradicionais.

Também construiu as chamadas casas inversas, um bloco de três residências de dois andares com um amplo pátio de uso comum. Foram assim nomeadas porque, ao cederem uma parte desse pátio para desenhar a rua pela qual passariam os fios elétricos, os fundos passaram a ser as fachadas.

Cada uma dessas fachadas conserva características de diferentes regiões da Catalunha, com atraentes sacadas e amplos portões. Em uma dessas casas mora Carolina Goicoechea, seu marido Javier Campo e seus filhos pequenos. Convicta de que sua cidade natal tinha “muito potencial”, juntamente com seu parceiro e colega Ezequiel Lanza (os três especializados em Turismo), impulsionaram em 2012 um plano de desenvolvimento turístico e recreativo.

A essa iniciativa, que visava oferecer diversos serviços aos visitantes, como restaurantes e a hospedaria El Roble, acrescentaram mais tarde o centro de recepção turística ao qual Ezequiel apelidou de Espardenya, que em catalão significa alpargatas, “por relacioná-lo de alguma maneira com o andar percorrendo a cidade, característico do turismo rural”, explica.

Para Carolina, San Mayol “tem características identitárias genuínas que podem atrair visitantes exigentes. Por isso continuamos trabalhando para criar uma estrutura que consolide essa cultura em nossa comunidade”.

Parte dessa identidade é configurada por outro bloco de casas localizado na esquina catalã, também de dois andares, que foram construídas por Arsinda e seu marido catalão, Francisco Masferrer, também protagonistas ativos na história da cidade.

“A família tinha muita afinidade com experiências compartilhadas na Catalunha e na França” e todas essas narrativas acompanham a intimidade da arquitetura compartilhada com os visitantes, entre os quais costumam chegar alguns catalães quando vêm visitar os destinos turísticos da Argentina”, comenta Ezequiel.

Uma proeminente estátua de São Mayeule – originário da abadia francesa de Cluny – localizada no interior da igreja, remete à festa do padroeiro que a comunidade mayolera celebra a cada 11 de maio, com a presença de descendentes de seus fundadores, e marca sua ligação com o santo que dá nome ao lugar.

Ledesma menciona que, nessa cidade “eminentemente rural, há empreendedores que possuem hortas, viveiros e elaboram doces, licores, bolos e alfajores, entre outros produtos e artesanatos que os visitantes podem apreciar e adquirir durante a feira aberta que acontece aos domingos e feriados.

Todas as suas construções singulares permanecem de pé e os mayoleros abrem suas portas aos visitantes com orgulho. “Basta bater palmas. Não usamos campainhas e nossas ruas, que são de terra, não têm nomes”, destaca Carolina e usa como exemplo que para chegar a San Mayol “você entra em Tres Arroyos por uma estrada que também não é asfaltada”.

Essa cidade, que apresenta um cenário “digno de ser conhecido e que não se encontra em outra cidade da província, porque tem sua própria marca”, como destaca Ledesma, conta com uma creche, uma escola primária, uma biblioteca e um clube social e esportivo. Não possui transporte público e os moradores usam carros ou caminhonetes “que em muitos casos são não apenas de mobilidade, mas ferramentas de trabalho”, destaca Carolina.

“Muitos dos habitantes – um pouco mais de cinquenta atualmente – moram em San Mayol desde a infância; outros se estabeleceram ao formar uma família com alguém da região e nos últimos tempos famílias de outras cidades de Buenos Aires chegaram em busca de paz”, destaca o diretor de Turismo.

Alex Barsa

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