O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu homólogo argentino, Javier Milei, ainda não tiveram uma conversa, apesar de Milei já estar no governo há quase sete meses. Lula afirmou em entrevista ao UOL que não falou com o presidente da Argentina porque acredita que ele deve se desculpar com o Brasil e consigo mesmo, pois disse muitas tolices. Ambos estiveram juntos na reunião do G-7 na Itália este mês, onde trocaram apenas um cumprimento protocolar. Suja primeira reunião formal está marcada para os dias 7 e 8 de julho na cúpula do Mercosul em Asunción (Paraguai).

Por sua vez, Milei não pretende se desculpar, como solicitou Lula. O porta-voz argentino, Manuel Adorni, afirmou em coletiva de imprensa que o presidente não fez nada pelo qual precise se arrepender, pelo menos até o momento, reagindo de forma semelhante a outras situações em que foi solicitado um pedido de desculpas a Milei.

A relação entre Brasil e Argentina tem se deteriorado nas últimas semanas, com a fuga de dezenas de apoiadores de Bolsonaro para a Argentina após a tentativa de golpe em 2023. Lula, mesmo ciente da importância da relação bilateral, busca manter uma certa distância de Milei, que compartilha a aliança global de ultradireita presente em outros países.

Apesar das tensões, Lula declarou que é fundamental manter uma relação saudável entre os dois países e que não permitirá que um presidente seja responsável por criar conflitos entre Brasil e Argentina, destacando a importância dos povos argentino e brasileiro em relação aos presidentes.

Na última semana, a chanceler argentina entregou ao governo brasileiro uma lista de 60 fugitivos brasileiros que se refugiaram na Argentina, como resposta a uma consulta anterior sobre o paradeiro de 143 bolsonaristas procurados pela polícia brasileira por desrespeitarem as medidas cautelares. Lula afirmou que o assunto está sendo tratado da maneira mais diplomática possível e sugeriu que os fugitivos permaneçam presos na Argentina, caso não queiram retornar ao Brasil.