Marcelo Gallardo, de coração aberto: o que pensa dos jogadores confortáveis, a “boa energia” que emana do elenco e “River é tudo”

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Marcelo Gallardo está contento. Com os sete jogadores que chegaram ao River neste mercado de transferências, que podem ser oito se nas próximas horas for confirmada a chegada de Lucas Esquivel do Brasil. Com a “boa energia” que se respira nos treinos. Com o elenco à disposição. Com a mentalidade com a qual alguns de seus jogadores voltaram das férias (citou Miguel Borja). E ele se anima com o que está por vir, que são seis competições, incluindo a Copa Libertadores e o Mundial de Clubes: “Tudo se deu para que o clube tenha a possibilidade de apostar nesse grande elenco para competir de maneira muito boa”, disse o treinador do River em uma coletiva de imprensa no River Camp, a primeira que ele dá este ano.

“Repatriamos jogadores com muito senso de pertencimento, aos quais conheço muito bem e estão em uma idade muito boa. Há boa energia para que isso se traduza em um bom funcionamento da equipe. E para que a competição interna eleve o desempenho de cada jogador”, projetou o treinador do River, que fez sua parte para convencer cada um dos sete reforços a vestir a camisa com a faixa vermelha. Ele é o gerente da “reconstrução”, como ele mesmo disse. “Sempre estive e estou comprometido com a chegada dos jogadores que vieram. Um marco de oficialização não me parece nada mal. É uma foto, não significa mais do que isso”, valorizou o treinador, figura habitual nas apresentações de cada um dos reforços ao lado do presidente, Jorge Brito. Gallardo enfatizou o trabalho dos dirigentes no mercado de transferências: “Trabalhamos muitas horas para ter os jogadores disponíveis o mais rápido possível. Há um trabalho muito importante para que isso acontecesse”, admitiu.

Gallardo não pensa em gerenciar os minutos dos jogadores, mas valoriza a “competição interna”. Ele mencionou mais de uma vez em sua fala para a imprensa, que durou quase uma hora. “Vamos tentar formar a melhor equipe possível com um grande elenco. O importante é que a equipe resolva as situações. Preciso que todas as linhas estejam bem formadas e com opções para que a equipe não seja prejudicada por lesões ou expulsões”, adiantou. E acrescentou: “Trata-se de competição interna. Estar em boa condição para defender ou ganhar um lugar. Estou satisfeito, sim. As equipes para mim têm uma qualidade muito marcada: não se definem por uma posição. Elas se definem como equipe com todas as linhas bem construídas”.

Também deixou uma mensagem clara para seus comandados: não quer saber de conformismos. Nem de dirigir jogadores que permanecem em um lugar por conveniência. “Regras claras. Caras feias, não. Não quero que estejam contentes porque não jogam: quero que se ficarem é para conquistar méritos. Não suporto os lugares nos quais alguém está por conforto. Quero que fiquem para lutar por um lugar e ganhar minutos. Quando as coisas são claras para mim, não há nenhum problema”, apontou. E disse que “quando as mensagens são claras, os jogadores as entendem e as assumem. Não é complicado gerenciar a hierarquia”.

A alegria, quase sempre indelével, sumiu de seu rosto apenas quando o questionaram sobre os poucos minutos que os jovens tiveram na preparação para o início do torneio [no sábado, às 21h30, em Vicente López, contra o Platense]. A pergunta o irritou: “Mastantuono está em pleno crescimento. Tem muito para evoluir. Estar no elenco principal com 17 anos é um privilégio. Não confundamos as pessoas. Tenho clareza de que os jogadores crescem de acordo com seu comportamento. Eu dei muitas oportunidades aos jogadores da base. Não confunda com a mensagem de que não presto atenção aos jogadores da base. Não é por aí. Sei que há momentos para determinados jogadores onde podem ter continuidade ou onde precisam continuar com seu desenvolvimento. Tento respeitar os processos”.

Gallardo mencionou Gonzalo Montiel, Sebastián Driussi e Enzo Pérez. Ele falou sobre as chegadas de cada um deles e como se encontram tanto física quanto futebolisticamente. E também elogiou o colombiano Miguel Borja, que terminou a temporada passada no banco de reservas. “Ele é avaliado como o goleador que é. E o que acontece se não fizer gols. Ele se destacou por marcar gols. Seus números são incríveis. Depois vem o jogo e a evolução do jogador. Ele está muito focado. Gosto de como ele veio preparado mentalmente. Sabia que não seria suficiente com o que havia feito no ano passado. É ótimo que isso aconteça”, disse sobre o colombiano número 9.

Ao ser questionado sobre Montiel, o treinador do River apontou: “Há jogadores com os quais passamos e nos sentimos muito identificados. Gonzalo é um deles. Ele é um símbolo de representação muito importante não apenas para o River, mas para o futebol argentino. Ele cobrou o último pênalti na final que deu o título à seleção. Claramente é uma mensagem de identificação e humildade. Esses jogadores nos representam. Ele e outros que chegaram têm isso. É ótimo para nossa equipe e para o futebol argentino. É um caso simbólico”.

Enzo Pérez, em um treino do River; voltou do Estudiantes para ser um dos líderes do vestiáriox/ @RiverPlateQuanto a Enzo Pérez, por outro lado, contou por que o foi buscar. “Eu não faço caridade. Primeiro, por sua atualidade: jogou 48-49 jogos no ano passado. É muita coisa. Em segundo lugar, porque o conheço e sei o que ele pode me dar. Terceiro, a ascendência que ele tem no mundo do River. Confio. Vai competir como todos. Sua atualidade foi o primeiro sinal de que ele poderia vir e competir com qualquer um”.

E assim como Pérez vinha jogando, Driussi encerrou sua temporada na MLS no final de outubro e depois treinou por conta própria. Gallardo o vê jogando “por todo o ataque”, mas adiantou que vão gerenciar os treinos para não cometer erros e antecipar sua estreia: “Ele está sem atividade há três meses. Ele precisa chegar em sua melhor forma física e futebolística e isso levará um pouco mais tempo do que outros. Assim como Montiel, que não vinha jogando com frequência. Ele estava acostumado com outra metodologia. É preciso fazer essa mudança de chip. É preciso passar por todos os processos para quando estiverem, fizerem com naturalidade e não forçados. Se fizermos forçados, podemos cometer algum tipo de erro”.

Em meio a uma conversa que abordou múltiplos temas, Gallardo destacou a “mudança de energia”. Contou as dificuldades que enfrentou em 2024 -“um ano difícil pessoalmente” pela morte de seu pai- e assegurou que 2025 será diferente. Seu envolvimento nas negociações para fazer com que Lucas Martínez Quarta, Montiel e Driussi decidissem voltar é prova de como o treinador está vivendo esta etapa. E o Muñeco falou de sentimentos. Do que significa o River. Ele vê a repatriação desses jogadores como “uma conquista”. “Não é fácil voltar à Argentina. Tenho que convencer com o meu sentimento. Estou aqui porque gosto e porque amo o meu país. Sinto que o River é tudo. Se não sentisse isso, como conseguiria convencer os jogadores a virem? Não conseguiria”, afirmou. E acrescentou: “Me sinto com energia para ficar por muito tempo. Quando falo, digo a eles para virem porque vamos fazer algo bom. Mas não posso convencê-los se não sentir. Não sairia. O clube dá todas as possibilidades para eles virem. O jogador se entusiasma porque vê o que está acontecendo há algum tempo: é normal ver 80 mil pessoas no estádio. Não é normal em nenhum lugar do mundo. Está tudo ligado a isso”, postulou.

A versão original do texto foi revisada e adaptada para atender aos requisitos solicitados.

Alex Barsa

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