O Luna Park é o estádio mais emblemático de Buenos Aires. No Luna foram realizadas as lutas de boxe mais icônicas do país. No Luna, os argentinos choraram a morte do cantor de tangos Carlos Gardel. Foi lá que o astro do futebol Diego Armando Maradona celebrou seu casamento e onde o ex-presidente Juan Domingo Perón e sua futura esposa, Eva Duarte, Evita, se conheceram. Esta quarta-feira, o Luna foi palco de outro ato inédito: o presidente argentino protagonizou um show temático com sua banda de amigos. Cerca de 5.000 pessoas viram Javier Milei cantar ao vivo e muitas permaneceram por mais duas horas para ouvir a aula de teoria econômica que ele ministrou, entre aplausos, críticas ao aborto legal e cantos contra o presidente espanhol, Pedro Sánchez, e a ex-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner. O mandatário ultra repetiu sua defesa veemente das ideias do livre mercado e instou seus seguidores a difundi-las para vencer a batalha cultural contra a esquerda: “Se não nos envolvermos na briga, a esquerda nos vai vencer”.
A ideia original de Milei era lançar seu último livro, Capitalismo, socialismo e a armadilha neoclássica, na Feira do Livro de Buenos Aires, o maior evento cultural da Argentina. O presidente cancelou o evento ao considerar que os organizadores tentaram sabotá-lo em resposta à recusa do governo em colocar estandes oficiais. “Quero agradecer à Fundação da Feira do Livro, que com a tentativa de boicote nos presenteou com esta festa”, disse Milei com ironia, “Obrigado kirchneristas!”, acrescentou, identificando os organizadores da feira com a ala mais dura da oposição argentina.
Durante seu discurso, Milei criticou duramente o socialismo e atacou “os inimigos que querem derrubar este governo”. Ele elogiou as virtudes do livre mercado, mas também incluiu outros temas da agenda de extrema-direita, como a rejeição frontal à interrupção voluntária da gravidez. O final do evento foi uma conversa entre Milei, Adorni e o deputado José Luis Espert. Eles se despediram entre papel prateado e gritos de “Viva a liberdade, caramba” ao som de Se viene el estallido, da Bersuit Vergarabat.
