Milei, referente de Ayuso

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A presidente da Comunidade de Madrid, decidiu nesta sexta-feira apoiar em um ato solene na sede institucional da Puerta del Sol os ataques do presidente da Argentina, Javier Milei, ao presidente do Governo da Espanha e aos milhões de espanhóis que ele representa, incluindo aqueles que com seus votos formaram a maioria que sustenta o Executivo do PSOE e Sumar.

O extremista Milei, que implementou uma radical política de desmantelamento do Estado argentino com consequências sociais imprevisíveis, estava na Espanha para receber um prêmio de um think tank de promoção do liberalismo econômico anunciado em fevereiro. O recebimento oficial em Sol foi a única agenda política de Milei na Espanha e foi decidido na última semana. Milei havia solicitado uma reunião com o Rei. A Zarzuela não incluiu em sua agenda oficial, argumentando que a política externa é competência exclusiva do Governo, de acordo com a Constituição.

Milei incorporou aos seus ataques histriônicos sistêmicos ao Governo da Espanha e, em particular ao presidente, Pedro Sánchez, a quem ele acusa de corrupto com atitudes típicas de um ativista nas redes sociais, desrespeitando a dignidade do cargo de chefe de Estado. Ataques que ele repetiu, sem mencionar explicitamente, mas de forma clara, na sede do Governo de todos os madrilenhos. A repulsa do governo alemão aos insultos de Milei a Sánchez causou tensões que obrigaram a modificar e reduzir sua agenda naquele país. O respeito institucional tem seu peso nas relações internacionais.

A medalha em questão é concedida por iniciativa da presidente como “reconhecimento e respeito dos cidadãos” a representantes estrangeiros em visita oficial. A visita de Milei nesta sexta-feira não era oficial, o que torna ainda mais evidente que o verdadeiro caráter do ato não era institucional, mas sim uma mera provocação e uso partidário tanto da crise diplomática aberta entre os dois países como de uma figura claramente identificada com Vox.

Milei presenteou Ayuso com uma espécie de show privado, naturalmente televisionado, no qual ele falou sobre “justiça social” como “um monstro horrível e empobrecedor”, e desejou que os espanhóis “estejam despertando” diante do Governo. Com uma descrição da história econômica e política argentina que não se sustenta perante nenhum livro didático, ele atendeu às expectativas de sua anfitriã ao considerar o socialismo a causa de todos os males.

Além da representação, a homenagem ao presidente argentino não é politicamente inócua para o PP. A conclusão é que a presidente madrilenha desafia a competência exclusiva do Governo em política externa e vincula os populares ao extremismo de Milei. Mesmo que o PP a tenha deixado sozinha – Feijóo não compareceu ao evento, apesar de defendê-lo publicamente – Ayuso representa o PP e, como presidente, usa como exemplo um político com um estilo caótico, que está eliminando contrapesos de poder e iniciou um processo de privatizações em massa, fechamento de órgãos públicos e uma anistia fiscal. O discurso anarcocapitalista de Milei é completamente anacrônico na Europa, e especialmente em um país que valoriza como uma conquista histórica seus serviços públicos. Esse populismo furioso da motosserra não pode ser a inspiração de nenhum partido de direita europeu que aspire seriamente a governar.

Alex Barsa

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