Morreu Miguel Russo: como impactou no Boca, outros clubes e na AFA a notícia que ninguém queria ouvir

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A Reserva do Boca estava jogando na quarta-feira sua partida com o Belgrano no terreno do clube xeneize em Ezeiza quando, aos 38 minutos do primeiro tempo, algumas indicações entre os árbitros e os rostos dos treinadores davam sinais que não coincidiam com o jogo. De repente, a notícia da morte de Miguel Russo se espalhou e, em meio a um clima que já não era o melhor por conta das informações nas horas anteriores, o árbitro principal advertiu os jogadores de ambas as equipes e suspendeu o encontro, entre olhares cheios de dor e um aplauso das proximidades quase como uma homenagem. Na verdade, para o Boca, desde a manhã o ambiente estava funesto. O treino da equipe profissional estava longe do normal, impactados porque parecia difícil mudar o destino. Antes do 5 a 0 sobre o Newell’s no domingo na Bombonera, que deu o último sorriso futebolístico a Russo, os líderes haviam solicitado visitá-lo em casa, onde o treinador estava em sua internação ambulatorial. A família não quis. Do clube também haviam recomendado que não fossem “porque o veriam muito mal”, algo que levou a que na quarta-feira já tivessem emitido um comunicado advertindo sobre o estado de saúde muito delicado do treinador. No final, gravaram um vídeo. Por outro lado, Juan Román Riquelme o visitou no fim de semana. O presidente foi visto abalado após aquele encontro. Alguns afirmam que a foto que ele tirou com Russo da última vez que o treinador esteve no terreno foi porque pressentia que poderia ser a última. Nesse tempo em que deixou de ir ao clube, pelos exames e internações, o departamento médico da equipe e da entidade em geral, liderado por Guillermo Bortman, também o visitou e fez parte do acompanhamento final. Na quarta-feira, o ânimo dos jogadores do Boca dizia muito sobre o que estavam vivendo, enquanto Claudio Úbeda, o assistente principal de Miguel, dirigia os treinamentos. Nesta quinta-feira não haverá treino. Será um dia livre para que possam se despedir na Bombonera. Além disso, a suspensão da partida com o Barracas Central, que estava prevista para sábado, pela 12ª rodada do torneio Clausura, foi confirmada. Desde a direção do Guapo já haviam ligado oferecendo a possibilidade de adiar o encontro. Assim que a notícia do falecimento de Russo foi divulgada, desde o Barracas se colocaram à disposição e adiantaram: “O clube compreenderá e acatará tudo o que o povo boquense decidir”. A Liga Profissional confirmou a suspensão minutos mais tarde. E até dedicou um vídeo em homenagem a Miguel, com o som ambiente da torcida xeneize. “Miguel deixa uma marca indelével em nossa instituição e será sempre um exemplo de alegria, calor e esforço. Acompanhamos sua família e seus entes queridos neste momento de dor. Até sempre, querido Miguel!”, postou a entidade azul e ouro, com uma foto do treinador muito sorridente. Russo dirigiu em Mar del Plata contra o Aldosivi. No dia seguinte, ele foi internado, voltou em Arroyito no 1 a 1 com o Rosario Central e por último liderou no 2 a 2 na Bombonera com o Central Córdoba. Úbeda esteve à frente nos confrontos com o Defensa y Justicia e com o Newell’s. Será que continuará? Em princípio, especula-se que o fará até dezembro, embora o contrato vigente da comissão técnica seja até o final de 2026. Existem condicionantes: o clássico com o River está chegando, em 9 de novembro, e será necessário ver se a equipe se classifica para a Libertadores. Mesmo que vá bem, é incerto se Úbeda quer ficar, respeitando o contrato vigente, ou se irá embora por uma questão ética. Russo pensa, Úbeda anota: a dinâmica de uma comissão técnica que não sabe se terá continuidade no Boca após a morte do DT. Nesta quinta-feira, das 10h às 22h e na sexta, das 10h às 12h, Russo será velado no hall do clube, na Brandsen 805. O Boca havia proposto a ideia à família do treinador, mas inicialmente eles avaliavam não fazê-lo. No final, a proposta de Román foi aceita. A área já está cercada com grades no acesso daquela rua e os primeiros torcedores começaram a chegar com flores, terços, fotos, bandeiras e uma infinidade de oferendas. A comoção ultrapassa o mundo Boca. Durante o treino da seleção argentina em Miami, onde está concentrado Leandro Paredes, o técnico Lionel Scaloni reuniu a todos ao saber da situação e fizeram um minuto de silêncio. Desde a AFA e o próprio presidente da entidade, Claudio “Chiqui” Tapia, expressaram seu impacto. “Miguel Ángel Russo se foi e, com ele, uma forma de viver o futebol. Mas eu não falo apenas do treinador, falo do homem. Sua grandeza estava nos gestos, na humildade, no respeito com que caminhava pelo mundo, mesmo tendo ganhado tanto”, escreveu em suas redes sociais. Após o treino, Paredes também usou suas contas para expressar seus sentimentos. “Obrigado por defender nossas cores com tanta paixão, obrigado por lutar até o último dia para estar presente acompanhando sua equipe. Você nos deixa muitas memórias e ensinamentos. Até sempre, Miguel”, foram as palavras escolhidas pelo meio-campista que retornou ao Boca após o Mundial de Clubes. Foram as redes o primeiro canto de onde surgiram as vozes da lembrança indelével. E outros times se juntaram. O Rosario Central, clube no qual Russo foi campeão como treinador e no qual conquistou promoções em dois ciclos, manifestou seu pesar com uma mensagem curta e sentida: “Um Guerreiro da vida. Um Guerreiro do Central”. “Filho pródigo e glória futebolística de nossa instituição”, refletiu o Estudiantes de La Plata. “Você viverá para toda a eternidade em cada coração que pulsa por Lanús”, acrescentou outro dos lugares onde deixou sua marca. Assim como Vélez, San Lorenzo, do qual saiu repentinamente em maio passado para ir ao Boca, e uma grande quantidade de jogadores com os quais compartilhou equipe ou treinou. Até o River. Na verdade, todos amavam Miguelo.

Alex Barsa

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