Na Costa: resgata a história da vila à beira-mar que foi fundada por seu tataravô

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O Museu e Fototeca Reta é uma das paixões de Lucas Chillemi. “Martín Reta doou suas terras com um objetivo turístico. Nada foi feito de forma leviana: ele cuidou da medição das terras e foi um projeto a longo prazo, como ninguém faz mais as coisas”, diz Lucas Chillemi ao falar de seu tataravô, fundador de Reta, a cidade balneária ao sul da Costa argentina. “Naquela época, quando as pessoas sonhavam com algo, elas faziam do início ao fim. Reta planejou onde cada rua iria, onde a escola iria, onde as praças iriam… Ele montou um projeto”, comenta esse jovem do campo que também é fotógrafo. Os barcos de pesca eram levados por cavalos até o mar.

Criado tanto na Capital Federal quanto nos campos da família, Lucas se orgulha de suas origens e se entusiasma ao contar a história. “Filho dos espanhóis Martín Reta e Máxima Goldaraz, Martín Reta nasceu em Buenos Aires em 26 de agosto de 1877. No segundo censo nacional, de 1895, toda a família estava radicada nessas terras. E sua doação não foi um projeto individual, mas sim em família. Porque também doaram seus filhos, Martín (que não teve descendência) e Etelvina, mãe de minha avó, María Etelvina Hernández Montero, que doou outra parte, 15 anos atrás, para a construção da estrada”, destaca Lucas. Isso explica, entre outras coisas, por que Reta se chama Reta e não Martín Reta. Tudo foi um projeto familiar e coletivo.

Como membro do Museu e Fototeca Reta, Lucas passou todos os verões na cidade e se apaixonou por sua história. “A história sempre chegou até mim nas conversas familiares. Além disso, estamos falando de uma cidade jovem, com 95 anos. Minha avó, que está viva, era neta de Martín Reta. Embora ela não tenha chegado a conhecê-lo, tudo permanece muito vivo em minha casa. Além disso, sou o acumulador do clã. Gosto de reconstruir para ver um pouco quem sou e de onde venho”, resume Lucas.

A história da cidade começa com o registro das terras, em 28 de novembro de 1929, assinado por Valentín Vergara, governador da província de Buenos Aires. Pouco depois de doá-las, Reta e um sócio – Claudio Rodríguez Otero – impulsionaram a construção do Hotel Playa. Entre os pastos e as dunas, o hotel tinha 35 quartos, salão de jogos, leitura e baile, além de um caminho direto para a praia, onde as dunas foram fixadas com tamariscos, unha de gato e eucaliptos. Funcionou de 1929 a 1938 e foi um verdadeiro sucesso. Após a demolição do segundo andar, reabriu remodelado em 1945, sob administração da família Almeida e com um novo nome: Hotel Oceano. Permaneceu em funcionamento até 1960, quando fechou para sempre. Hoje parte do prédio é preservado, como o Corralón La Rusa, dedicado à venda de materiais de construção e ferragens.

“O pessoal vinha da Capital Federal, de La Plata e Tres Arroyos. Há fotografias de veranistas com os últimos modelos de carros. Quem não tinha veículo, precisava pegar três trens, entre Constitución e Copetonas. De lá, vinham de carro ou caminhonete, seguindo uma trilha”, lembra Lucas sobre o que acontecia muito antes da chegada do asfalto, em 2011. Ele afirma que um leilão da década de 40, no Luna Park, foi fundamental para posicionar Reta como destino. Com preços muito acessíveis, alguns compravam dois ou três lotes como investimento. Isso impulsionou a chegada de turistas que continuam vindo, geração após geração. Sobre eles, Lucas conta: “São veranistas fanáticos por este lugar há cerca de 40 anos. Eles vinham com seus filhos e agora vêm com seus netos. Conheço mais de um que tatuou Reta no braço”.

Alex Barsa

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