Com uma simples aparição em um parque de diversões, o Papa Francisco encorajou aqueles que argumentam que ele é um especialista consumado na arte de falar sem abrir a boca. No Luna Park de Ostia, nos arredores de Roma, Francisco se encontrou com Geneviève Jeanningros, uma freira que vive e faz trabalho social com a comunidade dos feirantes locais. Juntos, eles compartilharam atividades com crianças e o pontífice agradeceu aos feirantes e trabalhadores circenses “por fazerem as pessoas sorrirem”.

Durante a calorosa tarde desta quarta-feira, Jorge Bergoglio viajou de Fiat 500 por uma hora do Vaticano até Ostia. No parque infantil, ele foi recebido com dois beijos e um abraço por Geneviève Jeanningros, religiosa da Congregação das Pequenas Irmãs de Jesus, que mora em uma caravana há 56 dos seus 81 anos. Segundo o portal Vatican News, todas as semanas a freira leva grupos de nômades, pessoas do circo e LGBT+ para a audiência geral com o Papa.

O Papa argentino e Jeanningros têm uma relação que dura quase duas décadas, iniciada pelo crime de Léonie Duquet. A tia materna de Jeanningros foi sequestrada em 1977, em uma operação da ditadura que teve 12 vítimas ligadas à Igreja da Santa Cruz, incluindo três fundadoras das Mães da Praça de Maio. Os restos mortais de Duquet foram identificados em 2005 e enterrados no jardim da Igreja da Santa Cruz.

Embora não tenha havido menção ao assunto em Ostia, o encontro do Papa com Jeanningros foi interpretado na Argentina como uma mensagem no contexto do escândalo causado pela visita de deputados oficialistas a repressores da ditadura, há três semanas. Tanto organismos de direitos humanos quanto líderes políticos de vários partidos repudiaram a visita aos repressores. Este foi um momento especial para curar tanto sofrimento e esclarecer questões no coração de Jeanningros, simbolizando a proximidade e a ternura do Papa na cura emocional de um período doloroso.