Patrimônio portenho: a Justiça autorizou a retomada da demolição do último chalé original de Parque Chas

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A Justiça de Buenos Aires decidiu não acatar a medida cautelar solicitada para interromper a demolição do último chalé original do projeto do bairro Parque Chas. Desta forma, a medida precautelar que havia suspendido as obras na centenária casa foi revogada. Embora a decisão não seja definitiva, Jonatan Baldivieso, presidente do Observatório do Direito à Cidade, que havia solicitado a medida cautelar, afirmou que, ao ter sido rejeitada a precautelar, “não há mais ordem judicial que suspenda a demolição”. Do lado da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da cidade, alegaram que se a decisão da Justiça foi contra a medida cautelar, era porque “não havia impedimento para a demolição, pois não se trata de uma propriedade protegida”. Além disso, lembraram que o Conselho Consultivo de Assuntos Patrimoniais (CAAP) havia descartado a necessidade de proteger a residência e, portanto, “a permissão para a demolição foi concedida corretamente”.

A casa, abandonada há décadas, ergue-se na esquina da La Pampa com Ávalos como um vestígio da antiga Buenos Aires. Já sem telhado e com suas paredes corroídas pelo tempo, esta construção representa a última edificação original de Parque Chas a partir do projeto idealizado por Vicente Chas em 1925. O chalé, parcialmente destruído desde a suspensão da demolição, está cercado por painéis grafitados com mensagens dos moradores que pedem pela “Não Demolição”.

“Ficamos aliviados com a decisão e aguardamos para poder trabalhar com tranquilidade”, disse Federico Santocono, arquiteto responsável pelo projeto da nova construção no local. No entanto, os moradores do bairro não ficaram satisfeitos com a decisão.

A associação de moradores autoconvocados Somos Parque Chas, que apoiou a demanda do Observatório do Direito à Cidade para parar a demolição, lamentou profundamente a decisão, pois consideram que a Capital está perdendo seu “patrimônio histórico”. Apesar do CAAP ter descartado a inclusão da casa no catálogo de imóveis protegidos, os moradores afirmam que o chalé “tem sim valor histórico e sua perda é irreparável para a cidade”.

Abraço simbólico ao último chalé original de Parque Chas

“Estamos alertas há muitos anos junto com os moradores para proteger o patrimônio do bairro”, comentou Fernanda Cataldi, membro da associação e residente de Parque Chas. Cataldi explicou que a decisão do CAAP descartou a proteção do chalé com base exclusivamente em critérios arquitetônicos, enquanto os moradores pediam sua preservação apelando para seu valor histórico.

Em relação à nova construção projetada no terreno, Cataldi garantiu que continuarão lutando para manter elementos característicos do bairro, como o afastamento, o jardim da frente e os espaços verdes, que consideram símbolos da identidade da região. A demolição, que foi autorizada em 17 de dezembro do ano passado pela Direção Geral de Registro de Obras e Catastro, foi suspensa em 6 de janeiro, quando o Tribunal da Feria N°2 ordenou a suspensão de toda autorização ou permissão de demolição e/ou trabalhos construtivos no terreno e solicitou a apresentação das “ações administrativas ligadas à permissão de demolição” e “toda documentação relacionada ao imóvel e sua catalogação como bem protegido”. Agora, o mesmo tribunal levantou essa restrição. “A avaliação dos elementos reunidos até o momento, com a provisoriedade e o conhecimento sumário próprios da instância cautelar, não permite identificar as deficiências alegadas pela demandante para sustentar a pretensão cautelar em exame”, argumentou.

Até o fechamento desta nota, o estúdio de arquitetura responsável pelo projeto não havia retomado os trabalhos na obra, pois aguardavam ser oficialmente notificados. No entanto, destacaram que quando a nova construção estiver finalizada, ela não apenas embelezará o bairro, mas também “dar vida àquela esquina que esteve abandonada por décadas”. Além disso, explicaram que se trata de uma obra de pequena escala, com térreo e dois andares, que não afetará a harmonia do bairro.

Alex Barsa

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