O sol da tarde incide lateralmente sobre as pedras cinzentas. Alguns escaladores sobem lentamente os 20 metros da parede nacional de alpinismo, enquanto outros abaixo garantem as cordas com movimentos precisos. O som seco dos mosquetões ressoa, o esforço contido em cada passo. É dentro do Centro Nacional de Alto Rendimento Desportivo (Cenard), na avenida Lugones, onde a parede revestida de rocha natural se assemelha a um fragmento de montanha trazido para a planície portenha. Enquanto o ritmo da escalada não para, um grupo de sócios do Centro Andino Buenos Aires conversa sobre o futuro incerto dessa estrutura que faz parte da história do alpinismo argentino há mais de quatro décadas.

A parede nacional de alpinismo tem 20 metros de altura e 2400 metros quadrados escaláveis. Entre os presentes na conversa estão Enrique Garabetyan, Gustavo Damonte, Ariel Mallat, Julia Marincovich e Pablo Artigue, membros da diretoria do clube. A conversa transcorre enquanto outros escaladores sobem e descem a parede como se cada subida fosse uma forma de manter a existência daquele espaço ameaçado. Construída em 1982 com fundos da antiga Secretaria de Esportes da Nação, a parede está localizada no bairro de Nuñez e é administrada pelo Centro Andino Buenos Aires. Possui mais de 2400 metros quadrados escaláveis.

O conflito teve início em 2018, quando o governo local propôs um projeto urbanístico que afetaria a palestra. Após manifestações, o projeto foi modificado, mas em 2024 surgiu um novo plano que prevê a ocupação da área onde a parede está localizada. Os escaladores lutam para preservar esse patrimônio histórico e esportivo da cidade.

A situação culminou em uma ação judicial e a comunidade escaladora espera a resolução desse impasse. Enquanto isso, continuam treinando e resistindo para manter o muro que formou gerações de escaladores ao longo dos anos.