O presidente do Boca Juniors, Juan Román Riquelme, respondeu na quarta-feira à tarde aos insultos racistas do jornalista Gabriel Anello, que o havia chamado de “negro”, “marrom” e “ignorante”. “Aos negros chama-se negros e aos marrons chama-se marrons”, disse o apresentador da Rádio Mitre. Em declarações ao canal C5N, o dirigente máximo do Xeneize reagiu: “Eu encaro tudo isso de uma maneira muito simples. Para mim, há coisas que são muito importantes. Ser respeitoso, por exemplo. Posso concordar ou não com algo, mas sempre trato as pessoas com respeito, isso é o que me meus pais me ensinaram”. “Estou orgulhoso de dizer que sou de Don Torcuato, que sou argentino, que amo meu país. Tenho a pele de cor normal. Tenho respeito por todos. Tive a sorte de ser jogador de futebol do time da minha vida. Isso me deu muita felicidade, carinho das pessoas. Mas também que me veem como mau”, afirmou Riquelme. Em seguida, acrescentou: “Me veem como mau porque eu não fiz acordos com ninguém. Se eu tivesse feito, com certeza todos diriam que sou o melhor jogador do futebol argentino. Não fazer acordos me faz feliz”. Riquelme anunciou que o clube iniciará ações legais contra Anello e contou o que sua filha mais nova, Lola, disse ao ouvir as declarações do jornalista na terça-feira à noite. “Minha filha falou comigo sobre o assunto. Ela me disse que havia áudios de um homem muito nervoso falando sobre mim. ‘Ah, que bom’, eu respondi, e ela disse: ‘Se ficarmos com isso, nunca vão parar. A única coisa que quero te dizer é que trabalhe tranquilo e que és o negro mais bonito do mundo'”, revelou entre risos. “Eu só posso odiar alguém que conheço. Mas essa pessoa [Gabriel Anello] eu não conheço. Sei que é jornalista. Nada mais. Há limites. Temos mil defeitos, mas não somos criminosos”, completou. Em outra parte da entrevista, ele disse que recebe constantes ataques da imprensa – mencionou um “canal esportivo internacional” que só emite comentários negativos sobre sua gestão no Boca – e esclareceu: “Eu não vivo de fofocas. No caso deste jornalista, os advogados farão o que tiverem que fazer. Nós continuaremos trabalhando e cuidando do nosso clube. Para isso fomos eleitos. Nada mais”. O confronto midiático ocorre em um momento em que o presidente xeneize é questionado pela situação esportiva do Boca. Embora a equipe esteja nas oitavas de final do torneio Apertura, não conseguiu entrar na fase de grupos da Copa Libertadores, perdeu o superclássico para o River (2-1, no Monumental) e, após essa derrota, Riquelme demitiu o treinador Fernando Gago. Além disso, há a demora na contratação de um técnico estável, uma vez que a equipe continuará sob comando de Mariano Herrón, aparentemente pelo que resta do campeonato local. A indefinição incomoda os torcedores, especialmente pela proximidade do Mundial de Clubes, no qual o Boca estreará contra o Benfica, de Portugal, em 16 de junho. Riquelme não se esqueceu dos torcedores do Boca, aos quais deixou uma mensagem: “O carinho, o respeito, nunca mudarão. Sinto o mesmo que eles. Ficamos zangados quando perdemos. Ficamos felizes quando ganhamos. São maldades, sei de onde vêm. Me deixa feliz que nos últimos anos as pessoas estejam percebendo de onde vêm. Abriram os olhos”. O tema político cercou a conversa diversas vezes. “Ter vencido as eleições incomodou bastante, não podem usar o clube para fazer política. Hoje é a primeira vez que isso está tão claro”, afirmou Riquelme. Na terça-feira à noite, no programa “O que resta do dia”, na Rádio Mitre, o jornalista opinou: “Já acabou isso de que a discriminação vai para a Justiça, já acabou isso de que o INADI e todas essas besteiras acabaram. Aos negros chama-se negros, aos marrons chama-se marrons e aos ignorantes chama-se ignorantes. Tudo isso é um monte de [Juan Román] Riquelme. Me mandem ao INADI, à Justiça, ao que quiserem”. “Eu tenho uma cultura de que os ignorantes e burros, aqueles que não vão à escola como Riquelme, são uns negros ignorantes. O INADI não existe mais. Vocês camporistas, kirchneristas, que destruíram este país, intimidavam as pessoas com essas coisas. Comigo não vão. Não sou um dos idiotas que vocês estão acostumados a tratar. Eu tenho coragem, tenho ovos”, acrescentou em seguida. E sentenciou: “Riquelme, Mansilla 2668. Nos socos na porta. Não essa coisa de ‘vou te mandar um advogado’. Me mande os advogados que você quiser. Não há problema algum. Não sou anti Boca. Meu pai é torcedor do Boca, meu filho é torcedor do Boca, minha esposa é torcedora do Boca. Eu sou anti Riquelme. Eu respeito o Boca. A quem eu não respeito é ao negro Riquelme. Simples assim. Simples assim, ao verdureiro, ao ignorante, ao burro”. O rancor começou, segundo Anello, depois que após várias críticas, Riquelme teria tentado fazer com que o jornalista perdesse o emprego. “Desde que Riquelme pediu minha cabeça, vou fazer todo o possível para descobrir todas as suas mentiras e negócios escusos. Tenho respeito por todas as cores, é preciso ser respeitoso com todos. Meu problema é pessoal com Riquelme. E fique tranquilo que todas as provas irão para a Justiça”.
Riquelme respondeu aos insultos racistas de Gabriel Anello: “Me tocou uma cor de pele normal”
- Post publicado:8 de maio de 2025
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Alex Barsa
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